ESPIRAIS DENTRO DE ESPIRAIS
Não se deve supor que estes estados de consciência comecem no princípio dos Períodos a que pertencem, nem que durem até o final. Havendo sempre recapitulação, devem existir correspondentes estados de consciência em escala ascendente. A Revolução de Saturno de qualquer período, a permanência no Globo A e a primeira Época de qualquer Globo são uma repetição dos estados de desenvolvimento do Período de Saturno. A revolução Solar, a permanência no Globo B e a segunda Época de qualquer Globo são recapitulações dos estados de desenvolvimento do Período Solar, e assim sucessivamente, durante todo o caminho. Portanto, a consciência, que deve ser o resultado especial e peculiar de qualquer Período, não começa a desenvolver-se até que se tenham efetuado todas as Recapitulações. A consciência de vigília do Período Terrestre não começou até a quarta revolução, quando a onda de vida havia chegado ao quarto globo (D) e estava na quarta ou Época Atlante, nesse Globo.
A consciência no Período de Júpiter só começará a desenvolver-se na quinta revolução, quando o quinto globo (E) tenha sido alcançado e quando comece a quinta Época desse globo.
Da mesma forma, a consciência de Vênus só começará na sexta revolução, quando se tenha alcançado a sexta Época e o sexto globo. E a ora especial de Vulcano ficará limitada ao último globo e época, um pouco antes do fim do Dia de Manifestação.
O tempo de evolução através de cada um desses Períodos varia grandemente. Quanto mais submersos na matéria estão os Espíritos Virginais, tanto mais lentos são os progressos e mais numerosos são os graus e estados de desenvolvimento. Passado o nadir da existência material, conforme a onda de vida ascende para condições ou estados mais sutis, o progresso gradualmente se acelera. O Período Solar tem maior duração que o Período de Saturno e o Período Lunar maior duração que o Solar. A Metade Marciana (ou primeira metade) do Período Terrestre é a metade mais extensa de todos os períodos. Depois o tempo encurta, de modo que a Metade Mercurial e as últimas três revoluções e meia do Período Terrestre ocuparão menos tempo que a Metade Marciana; O Período de Júpiter será mais curto que o Lunar; o Período de Vênus mais curto que o Período Solar, e o Período de Vulcano será o menos extenso de todos.
Os estados de consciência dos diferentes períodos são os seguintes:
Período |
Consciência Correspondente |
Saturno |
Inconsciência, correspondente ao transe profundo |
Solar |
Inconsciência, correspondente ao sono sem sonhos |
Lunar |
Consciência pictória, correspondente ao sono com sonhos |
Terrestre |
Consciência de vigília, objetiva |
Júpiter |
Consciência própria e de imagens conscientes |
Vênus |
Consciência objetiva, auto-consciente, criadora |
Vulcano |
A mais elevada Consciência Espiritual |
Tendo examinado de modo geral os estados de consciência que se desenvolverão nos três Períodos e meio restantes, estudaremos agora os meios de consegui-los.
ALQUIMIA E CRESCIMENTO DA ALMA
O corpo denso começou a desenvolver-se no Período de Saturno, passou através de várias transformações no Período Solar e Lunar e alcançará seu maior grau de desenvolvimento no Período Terrestre.
O corpo vital germinou na segunda revolução do Período Solar, foi reconstruído nos Períodos Lunar e Terrestre e alcançará a perfeição no Período de Júpiter, o seu quarto grau, assim como o Período Terrestre é o quarto estado para o corpo denso.
O corpo de desejos teve início no Período Lunar, foi reconstruído no Período Terrestre, será novamente modificado no Período de Júpiter e alcançará a perfeição no Período de Vênus.
A mente nasceu no Período Terrestre, será modificada nos Período de Júpiter e Vênus e alcançará a perfeição no Período de Vulcano.
Examinando-se o diagrama 8, vê-se que o globo inferior do Período de Júpiter está situado na Região Etérica. Seria impossível empregar um veículo denso-físico ali, porque o corpo vital pode ser usado na Região Etérica. Mas, não se imagine que, transcorrido tanto tempo para completar e aperfeiçoar o corpo denso, desde o começo do Período de Saturno até o final do Período Terrestre, o homem abandone completamente esse veículo para funcionar em veículo "mais elevado".
A Natureza nada desperdiça. No Período de Júpiter, as forças do corpo denso, por adição, completarão as do corpo vital. Este veículo possuirá, além das próprias faculdades, os poderes do corpo denso. Será um instrumento muito mais útil para expressão do tríplice espírito do que limitado somente às próprias forças do veículo.
O Globo D do Período de Vênus está situado no Mundo do Desejo (veja-se o diagrama 8). Lá, nem o corpo vital nem o denso podem ser empregados como instrumentos de consciência. As essências dos corpos vital e denso aperfeiçoados serão incorporados e completarão o corpo de desejos, o que o converterá num veículo de qualidades transcendentais, maravilhosamente adaptado, sensibilíssimo ao menor impulso do espírito interno, tão superior às nossas presentes limitações que escapa à nossa mais elevada concepção.
Todavia, a eficiência dessa esplêndido veículo será transcendida no Período de Vulcano, quando a essência do Corpo de Desejos aperfeiçoada e a dos veículos vital e denso se agregarem ao corpo mental. Este se converterá na mais elevada expressão dos veículos humanos, contendo em si a quinta-essência do melhor que neles havia. Se o veículo do Período de Vênus está tão além da nossa compreensão atual, quanto mais estará o veículo posto ao serviço dos divinos seres do Período de Vulcano!
Durante a Involução, as Hierarquias Criadoras ajudaram o homem a despertar à atividade o tríplice espírito, o Ego, para construir o tríplice corpo e adquirir a ligação da mente. No sétimo dia, empregando a linguagem da Bíblia, Deus descansa. Agora, o homem deve trabalhar por sua própria salvação. O tríplice espírito deve completar a obra do plano iniciado pelos Deuses.
O Espírito-Humano, despertado durante a Involução no Período Lunar, será o mais proeminente dos três aspectos do espírito na evolução do Período de Júpiter, o período correspondente ao Lunar no arco ascendente da espiral. O Espírito de Vida, cuja atividade começou no Período Solar, manifestará principalmente sua atividade no correspondente Período de Vênus. As influências particulares do Espírito Divino serão as mais fortes no Período de Vulcano, porque foi vivificado no correspondente Período de Saturno.
Os três aspectos do espírito estão em atividade durante a evolução, mas a atividade principal de cada aspecto será desenvolvida nesses períodos particulares. A obra que ali executarão será seu trabalho especial.
Quando o tríplice espírito tenha desenvolvido o tríplice corpo e obtenha o domínio deles por meio do foco mental, começa a desenvolver a tríplice alma, trabalhando dentro. A maior ou menor alma que o homem tenha depende da quantidade de trabalho feito pelo espírito em seus corpos. Isto foi explicado no capítulo que descreve a experiência "post-mortem".
A parte do corpo de desejos trabalhada pelo Ego fica transmutada em Alma Emocional e, por fim, é assimilada pelo Espírito Humano, cujo veículo especial é o corpo de desejos.
A parte do corpo vital trabalhada pelo Espírito de Vida converte-se em Alma Intelectual que edifica o Espírito de Vida, porque este aspecto do tríplice espírito tem sua contraparte no corpo vital.
A parte do corpo denso que tenha sido trabalhada pelo Espírito Divino chama-se Alma Consciente e, por fim, submerge-se no Espírito Divino, porque o corpo denso é a sua emanação material.
A Alma Consciente cresce pela ação, pelos impactos externos e pela experiência.
A Alma Emocional cresce pelos sentimentos e emoções gerados pelas ações e pela experiência.
A Alma Intelectual é um mediador entre as outras duas e cresce pelo exercício da memória, que liga as experiências passadas às presentes e os sentimentos por elas engendrados. Origina a simpatia e a antipatia, que não têm existência independente da memória. Sentimentos que resultassem somente das experiências seriam evanescentes.
Durante a Involução o espírito progrediu através da formação e aperfeiçoamento dos corpos, mas a Evolução depende do crescimento da alma, isto é, da transformação dos corpos em alma. A alma é, por assim dizer, a quinta-essência, o poder ou força dos corpos. Quando um corpo foi completamente construído e alcançou a perfeição através dos diversos estados e períodos, na forma já descrita, a alma é extraída dele e absorvida pelo aspecto do espírito que gerou o corpo. Assim:
A Alma Consciente será absorvida pelo Espírito Divino na sétima revolução do Período de Júpiter.
A Alma Intelectual será absorvida pelo Espírito de Vida na sexta revolução do Período de Vênus.
A Alma Emocional será absorvida pelo Espírito Humano na quinta revolução do Período de Vulcano.
A PALAVRA CRIADORA
A mente é o instrumento mais importante que o espírito possui, um instrumento especial na obra da criação. A laringe espiritualizada e perfeita falará a Palavra Criadora, mas a mente aperfeiçoada decidirá quanto à forma particular e volume de vibração. A Imaginação será a faculdade espiritualizada que dirigirá a criação.
Atualmente, existe forte tendência para considerar a faculdade da imaginação de modo superficial, quando, em realidade, é um dos fatores mais importantes da nossa civilização. Sem a Imaginação seríamos ainda selvagens. Pela imaginação desenhamos as casas, modelamos as roupas e meios de transporte. Se os inventores desses melhoramentos não tivessem possuído mente nem imaginação capaz de formar imagens mentais, ditos melhoramentos nunca se teriam convertido em realidades concretas. No atual tempo de materialismo quase não se faz esforço algum para apreciar a imaginação, e ninguém sente mais os efeitos desta atitude do que os inventores. Geralmente, são considerados "malucos", ele que têm sido os agentes fundamentais da subjugação do Mundo Físico e da transformação do meio social no que ele é hoje em dia. Qualquer aperfeiçoamento, tanto no físico como o espiritual, deve ser, primeiramente, imaginado como uma possibilidade de converter-se em coisa real.
Se o estudante examina o diagrama 1, compreenderá isto claramente. O desenho exprime a comparação entre as funções dos diferentes veículos humanos e as partes de um estereoscópio. A mente corresponde à lente, o foco. Por meio dela as idéias produzidas pela imaginação do espírito projetam-se no mundo material. Primeiramente são pensamentos-forma, mas quando o desejo de realizar as possibilidades imaginadas, põe o homem em ação no Mundo Físico, convertem-se no que chamamos "realidades" concretas.
Atualmente, a mente não está enfocada de maneira a dar uma imagem certa e clara daquilo que o espírito imagina. Está mesmo desfocada, o que produz quadros confusos e imprecisos. Daí, a necessidade da experimentação, que demonstra os defeitos da primeira concepção e produz novas imaginações e idéias, até que a imagem produzida pelo espírito em substância mental seja reproduzida em substância física.
Atualmente só podemos formar imagens mentais que tenham relação com a Forma, porque a mente humana começou seu desenvolvimento neste Período Terrestre, e está no estado ou forma "mineral". Por esse motivo, nossos labores estão limitados às formas, aos minerais. Podemos imaginar maneiras ou meios de trabalhar com as formas minerais dos três reinos inferiores, mas nada ou muito pouco podemos fazer com os corpos viventes. Somos capazes de enxertar um ramo numa árvore, ou uma parte viva de um animal ou homem em outras partes vivas, mas isto não é trabalhar com a vida; é com a forma. Modificaremos as condições da forma mas a vida que a habita permanece. Criar vida está além do poder do homem. Esta impossibilidade será mantida até que a mente se torne uma coisa viva.
No Período de Júpiter, a mente será até certo ponto vivificada. O homem poderá imaginar formas que viverão e crescerão como as plantas.
No Período de Vênus, quando a mente tenha adquirido "Sentimento", poderá criar coisas com vida, sensíveis e com capacidade de crescer.
Quando alcance a perfeição, ao final do Período de Vulcano, poderá imaginar a criação de seres que viverão, crescerão, sentirão e pensarão. A evolução da onda de vida que atualmente forma a humanidade começou no Período de Saturno. Os Senhores da Mente eram, então, humanos. Trabalharam sobre o homem que, nesse Período, era mineral. Agora, nada tem a fazer com os reinos inferiores, estão relacionados somente com o desenvolvimento humano.
A existência mineral dos animais atuais começou no Período Solar. Nesse tempo, os Arcanjos eram humanos. Agora, os Arcanjos são os dirigentes e guias da evolução animal. Não têm nada a fazer com os minerais nem com as plantas.
A existência dos atuais vegetais começou no Período Lunar. Os Anjos eram humanos, pelo que no presente, estão relacionados especialmente com a vida que ocupa o reino vegetal. Guiam-na para atingir o estado humano mas não têm jurisdição alguma sobre os minerais.
A humanidade atual terá a seu cargo a evolução da onda de vida que começou no Período Terrestre e que, agora, anima os minerais. Atualmente estamos trabalhando com eles por meio da imaginação, dando-lhes formas, fazendo com eles barcos, pontes, trilhos, máquinas, casas, etc.
No Período de Júpiter guiaremos a evolução do reino vegetal. O que atualmente é mineral terá então uma existência análoga à das plantas. Deveremos trabalhar neles assim como, no presente, os Anjos estão fazendo com as plantas. Nossa faculdade imaginativa estará tão desenvolvida que, por seu intermédio, teremos a capacidade não só de criar formas como também de insuflar-lhes vitalidade.
A atual onda de vida mineral alcançará, no Período de Vênus, um novo grau. Dirigiremos os animais desse Período, como fazem atualmente os Arcanjos com os presentes animais, dando-lhes vitalidade e formas sensíveis; por último, no Período de Vulcano, será nosso privilégio dar-lhes uma mente germinal, como os Senhores da Mente fizeram conosco. Os minerais de hoje serão a humanidade do Período de Vulcano, e o homem terá passado através de estados análogos aos percorridos pelos Anjos e Arcanjos. Será alcançado um ponto evolutivo um pouco superior ao dos atuais Senhores da Mente. Recorde-se, que em nenhuma parte se repete uma condição igual. Na espiral evolutiva há sempre aperfeiçoamento progressivo.
O Espírito Divino absorverá o Espírito Humano ao finalizar o Período de Júpiter e o Espírito de Vida, ao finalizar o Período de Vênus. A mente aperfeiçoada, encerrando tudo quanto foi adquirido nos sete Períodos, será absorvida pelo Espírito Divino ao finalizar o Período de Vulcano. (Não há contradição alguma nesta afirmação, com referência à afirmação feita em outro lugar, de que a Alma Emocional será absorvida pelo Espírito Humano na quinta revolução do Período de Vulcano, porque este último estará então dentro do Espírito Divino).
Seguir-se-á um largo intervalo de atividade subjetiva durante o qual os espíritos virginais absorverão todos os frutos do Período septenário de Manifestação. Passado esse intervalo, submergir-se-ão em Deus, de Quem vieram, para, ao alvorecer de outro Grande Dia, reemergirem como seus Gloriosos Colaboradores. Durante a passada evolução as possibilidades latentes foram transmutadas em poderes dinâmicos. Tendo adquirido Poder de Alma e Mente Criadora, frutos de sua peregrinação através da matéria, terão avançado da impotência à Onipotência, da ignorância à Onisciência.
Capítulo XVII
MÉTODO PARA ADQUIRIR O CONHECIMENTO DIRETO
Os Primeiros Passos
Chegou o momento de indicarmos os meios de cada indivíduo poder investigar, por si, todos os fatos estudados anteriormente. Como se disse ao princípio, a ninguém são concedidos "dons" especiais. Todos podem adquirir as verdades relacionadas com a peregrinação da alma, a evolução passada e o destino futuro do mundo, sem depender da veracidade de outrem. Há um método de adquirir essa faculdade inestimável, capacitando o investigador para perscrutar esses domínios suprafísicos. Se tal método for seguido persistentemente, pode desenvolver os poderes de um Deus.
Uma simples ilustração indicará os primeiros passos do conhecimento. O melhor mecânico nada poderia fazer sem as ferramentas de seu ofício. Além disso, todo bom trabalhador caracteriza-se por ser muito cuidadoso com as ferramentas que usa, pois sabe que o trabalho depende tanto do conhecimento do ofício como das ferramentas que emprega.
O Ego tem vários instrumentos: um corpo denso, um corpo vital, um corpo de desejos e uma mente. Estes são as suas ferramentas. De sua qualidade e estado depende o trabalho que possa realizar na aquisição da experiência. Se os instrumentos forem débeis e sem flexibilidade, haverá muito pouco crescimento espiritual e a vida será quase perdida pelo menos no que diz respeito ao espírito.
Geralmente, considera-se o "êxito" de uma vida pela conta-corrente do banco, pela posição social adquirida ou pela felicidade resultante de um bom ambiente ou de uma vida sem cuidados.
Quando se encara a vida dessa maneira, ficam esquecidas as coisas principais, as de existência permanente. A pessoa está cega pelo fugaz e ilusório. A conta do banco parece-lhe um êxito real, esquecendo que para o Ego, ao abandonar o corpo, nada vale o ouro ou qualquer tesouro terrestre, podendo ainda acontecer que tenha de responder pelos meios que empregou para acumular seu tesouro, sofrendo terrivelmente ao ver os demais gastá-lo. Esquece também que toda posição social perde-se desde o momento que é cortado o cordão prateado, podendo ser que os adulados sejam depois escarnecidos.
Quem tenha fé na vida pode sentir-se estremecer ante o pensamento de dedicar uma única hora em refletir sobre a morte. Todavia, o que só pertença a esta vida é vaidade. De valor real é tão-só o que podemos levar para além do umbral da morte, como tesouro do espírito.
Poderão parecer preciosas as plantas e suas flores protegidas pela caixa de vidro de uma estufa. Contudo, se forem retiradas da estufa que as conserva em boa temperatura, gelar-se-ão e morrerão, enquanto as plantas que crescem sob a chuva e o sol, sob a calma e a tormenta, sobreviverão mesmo no inverno e florescerão cada ano.
Do ponto de vista da alma, a felicidade e o ambiente confortáveis são, de modo geral, circunstâncias desfavoráveis. O mimado cãozinho de luxo está sujeito a enfermidades que o cão sem casa sen dono não conhece. A vida do segundo é muito dura, porém obtém experiências que o mantém alerta e cheio de recursos. Sua vida é rica em experiências e recolhe uma grande colheita, enquanto que o cão mimado perde seu tempo numa espantosa monotonia.
Com o ser humano acontece algo semelhante. Será muito duro lutar com a pobreza e com a fome, porém, do ponto de vista da alma, é infinitamente preferível a uma vida de grande luxo. Quando a fortuna é um meio para pensar filantropicamente, para ajudar os demais homens a aperfeiçoar-se, pode constituir uma grande bênção para o seu possuidor. Mas quando é utilizada com propósitos egoístas e opressivos não pode ser considerada senão como terrível desgraça.
O Ego está aqui para adquirir experiência por intermédio de seus instrumentos. Essas ferramentas, que recebe em cada nascimento são boas, más ou de pouco proveito, de acordo com o que, para a sua construção, aprendeu nas experiências passadas. Se desejamos fazer algo vantajoso, temos de trabalhar com elas tais como são.
Quando despertamos da letargia corrente e desejamos progredir, surge, naturalmente, a pergunta: Que devo fazer?
Sem boas ferramentas o mecânico não pode executar nenhum trabalho perfeito. Semelhantemente, os instrumentos do Ego devem ser purificados e afinados. Uma vez isto feito, podemos começar a trabalhar para realizar nosso propósito. À medida que esses maravilhosos instrumentos são usados no trabalho, eles mesmos melhoram com o uso apropriado, e tornam-se mais e mais eficientes na obra em que nos ajudam. O objetivo desse trabalho é a união com o Eu superior.
Há três graus no trabalho da conquista da natureza inferior. Sucedem-se uns aos outros mas, em certo sentido, vão juntos. No estado atual, o primeiro recebe maior atenção, menos o segundo e menos ainda o terceiro. Quando o primeiro passo tenha sido dado completamente prestar-se-á maior atenção, obviamente aos outros dois.
Para a realização desses três graus, que podem ser vistos no mundo externo, onde os grandes Guias da humanidade os colocaram, há três ajudas.
A primeira ajuda é a Religião de Raça, com a qual a humanidade pôde dominar seu corpo de desejos, preparando-o para a união com o Espírito Santo.
A plena operação dessa ajuda pode ser vista no Dia de Pentecostes. O Espírito Santo é o Deus de Raça e todos os idiomas são expressões dele. Esta é a razão por que os apóstolos, quando estavam plenamente unidos e submergidos no Espírito Santo, falavam diferentes línguas e podiam convencer os seus ouvintes. Seus corpos de desejos tinham sido purificados de modo a produzir a desejada união. Isto é um vislumbre daquilo que o discípulo alcançará algum dia: poder falar todos os idiomas. Como exemplo histórico moderno podemos citar o Conde de Saint Germain (uma das últimas encarnações de Christian Rosenkreuz, o fundador da nossa sagrada Ordem) que falava todos os idiomas. Todos aqueles a quem dirige a palavra acreditavam que ele fosse de sua própria nacionalidade. Ele também realizou a união com o Espírito Santo.
Na Época Hiperbórea, antes do homem possuir o corpo de desejos, havia um único modo de comunicação. Quando os corpos de desejos se purificarem suficientemente, todos os homens poderão compreender-se uns aos outros. Então a diferenciação separatista das raças terá desaparecido.
A segunda ajuda, que a humanidade tem atualmente, é a Religião do Filho: a Religião Cristã, cuja finalidade é a união com Cristo, pela purificação e governo do corpo vital.
Paulo refere-se a esses estados quando diz: "até que o Cristo nasça dentro de vós" e exorta seus seguidores a desembaraçarem-se de todos os empecilhos, como os atletas numa corrida.
O princípio fundamental para construir o corpo vital é a repetição. As experiências repetidas agindo nele criam a memória. Desejando prestar-nos uma ajuda, indicaram-nos certos exercícios que atuam inconscientemente. A oração, como exemplo, é um meio de produzir pensamentos delicados e puros que agem sobre o corpo vital. Por isso os Guias recomendavam que "orassem sem cessar". Os críticos têm perguntado ironicamente e com frequência porque será necessário estar sempre a orar. Se Deus é Onisciente, dizem, deve conhecer todas as nossas necessidades e, se não é, as orações provavelmente, não chegarão até Ele. Aliás, se não for Onipotente também não poderá, sequer, responder às orações. Pensando de modo análogo, até muitos cristãos têm acreditado que será mau estar importunando a Deus continuamente com orações.
Tais idéias estão baseadas numa má compreensão. Deus, verdadeiramente é Onisciente, não necessita que ninguém lhe recorde nossas necessidades. Mas se, como devemos, Lhe dirigimos orações, somos nós mesmos que nos elevamos para Ele ao prepararmos e purificarmos os nossos corpos vitais. Se orarmos como devemos, aí está a grande questão. Geralmente, interessam-nos muito mais as coisas temporais do que elevarmo-nos espiritualmente. As igrejas celebram reuniões especiais para pedir chuva ou para pedir o triunfo do exército ou armada sobre o inimigo.
São orações ao Deus de Raça, o Deus que participa das batalhas do seu povo, que aumenta seus rebanhos, enche os seus depósitos, cuida, enfim, de suas necessidades materiais. Tais orações nem sempre purificam. Surgem do corpo de desejos, e podem resumir-se assim: "Senhor, agora estou guardando todos os teus mandamentos da melhor maneira que posso; espero que, em troca, tu farás a tua parte".
Cristo deu à humanidade uma oração que, tal como Ele mesmo, é a única e universal. Há nela sete orações distintas e separadas, uma para cada um dos sete princípios do homem: o tríplice corpo, o tríplice espírito e o elo de ligação, a mente. Cada oração está particularmente adaptada para promover no homem o progresso da parte a que é dirigida.
As orações relativas ao tríplice corpo têm o propósito de espiritualizar aqueles veículos e deles extrair a tríplice alma.
As orações relativas ao tríplice espírito preparam-no para receber a essência extraída: a tríplice alma.
A oração pela mente tem por fim conservá-la do modo melhor como laço de união entre a natureza superior e a inferior.
A terceira ajuda a ser dada à humanidade será a Religião do Pai. Vagamente podemos compreender o que será. Somente podemos dizer que seu Ideal será superior à Fraternidade e que, por seu intermédio, o corpo denso será espiritualizado.
As Religiões do Espírito Santo, ou seja, as Religiões de Raça, tiveram por objetivo a elevação da raça humana por meio do sentimento de união limitado a um grupo: família, tribo ou nação.
O propósito da Religião do Filho, o Cristo, é elevar ainda mais a humanidade, para formar uma Fraternidade Universal, composta de indivíduos separados.
O ideal da Religião do Pai será a eliminação de toda separatividade, submergindo-se todos no Uno, de modo a não haver mais nem "eu" nem "tu" e a serem todos unos em realidade. Isto não acontecerá enquanto habitamos a Terra física, mas sim num futuro estado em que compreenderemos a nossa unidade com tudo, tendo cada um acesso a todos os conhecimentos adquiridos por todos os indivíduos separados. Assim como, num diamante, uma só faceta tem acesso a toda luz que se filtra por todas as demais facetas, sendo una com elas, ainda que limitada por linhas que lhe dão certa individualidade, sem separatividade, assim também o espírito individual reterá a memória de suas experiência particulares, dando também aos demais os frutos de sua existência individual.
Por meio destes passos e estados a humanidade é guiada inconscientemente.
Nas idades passadas, o Espírito de Raça reinava exclusivamente. O homem era limitado por um governo patriarcal e paternal, e nele não tomava parte alguma. Agora, em todo o mundo, vemos inequívocos sinais da queda desses antigos governos. O sistema de castas, que constitui o poder da Inglaterra na Índia, está sendo posto abaixo. Ali, em vez de continuar separado em pequenos grupos, o povo está se unindo e pede ao opressor que se retire e que o deixe viver livremente sob um governo do povo, para o povo e pelo povo. A Rússia, transtornada por lutas internas, pretende derrubar o governo autocrático ditador. A Turquia despertou e já deu um grande passo para a liberdade. Aqui, em nosso país, onde supõem que gozamos plena liberdade, estamos como os demais lutando por ela e não estamos ainda satisfeitos. Vamos aprendendo que há outras opressões, além das monarquias autocráticas. Vemos que ainda nos resta alcançar a liberdade industrial. Encontramo-nos esmagados sob os monopólios e o insano sistema de competição. Encaminhamo-nos para a cooperação que, atualmente, está sendo posta em prática pelos próprios monopólios, dentro dos próprios limites, para seu benefício exclusivo. Desejamos ardentemente uma sociedade na qual "todo homem se sentará debaixo da sua parreira e sob a sua figueira, e nada o amedrontará".
Portanto, todos os sistemas paternais de governo estão mudando no mundo inteiro. As nações, como tais, já tiveram a sua vida. Estão agora trabalhando pela Fraternidade Universal, de acordo com os desígnios dos Guias invisíveis. Certamente, estes não são os menos poderosos na precipitação dos acontecimentos, ainda que não se assentem oficialmente nos conselhos das nações.
Os meios descritos são meios lentos de purificação dos diferentes corpos da humanidade. O aspirante ao conhecimento superior, para alcançar esses fins, trabalha conscientemente e emprega métodos bem definidos, de acordo com sua constituição.
MÉTODOS OCIDENTAIS PARA OS POVOS OCIDENTAIS
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