Quando investigamos o significado de qualquer mito, lenda ou símbolo de valor oculto, é absolutamente necessário entendermos que, assim como todo objeto do mundo tridimensional deve ser examinado de todos os ângulos para dele obtermos uma compreensão completa, igualmente todos os símbolos têm também certo número de aspectos. Cada ponto de vista revela uma fase diferente das demais, e todas merecem igual consideração.
Visto em toda sua plenitude, este maravilhoso símbolo contém a chave da evolução passada do homem, sua presente constituição e desenvolvimento futuro, mais o método de sua obtenção. Quando ele se apresenta com uma só rosa no centro, simboliza o espírito irradiando de si mesmo os quatro veículos: os corpos denso, vital, de desejos e a mente significando que o espírito entrou em seus instrumentos, convertendo-se em Espírito Humano interno. Mas houve um tempo em que essa condição ainda não havia sido alcançada, um tempo em que o tríplice espírito pairava acima dos seus Veículos, incapaz de neles entrar. Então a cruz erguia-se sem a rosa, simbolizando as condições prevalecente no começo da terça parte da Época Atlante. Houve também um tempo em que faltava o madeiro superior da cruz. A constituição humana era pois, representada pela Tau (T), isto na Época Lemúrica, quando o homem só dispunha dos corpos denso vital e de desejos e carecia de mente. O que predominava então era a natureza animal. O homem seguia os seus desejos sem reserva. Anteriormente ainda, na Época Hiperbórea, só possuía os corpos denso e vital, faltando o de desejos. Então o homem em formação era análogo às plantas: casto e sem desejos. Nesse tempo sua constituição não podia ser representada por uma cruz. Era simbolizada por uma coluna reta, um pilar ( I ).
Este símbolo foi considerado fálico, indicando a libertinagem do povo que o venerava. Por certo é um emblema de geração, mas geração não é absolutamente sinônimo de degradação. Longe disso. O pilar é o madeiro inferior da cruz, símbolo do homem em formação, quando era análogo às plantas. A planta é inconsciente de toda paixão, desejo, e inocente do mal. Gera e perpetua sua espécie de modo tão puro, tão casto, que propriamente compreendida é um exemplo para a decaída e luxuriosa humanidade, a qual deveria venerá-la como um ideal. Aliás, o símbolo foi dado às raças primitivas com esse objetivo. O Falo e o Yona, empregados nos Templos de Mistério da Grécia, foram dados pelos Hierofantes com esse espírito. No frontispício do templo colocavam-se as enigmáticas palavras: "Homem, conhece a ti mesmo". Este lema, bem compreendido, é análogo ao da Rosacruz, pois mostra as razões da queda do homem no desejo, na paixão e no pecado, e dá a chave de sua liberação do mesmo modo que as rosas sobre a cruz indicam o caminho da libertação.
A planta é inocente, porém não virtuosa. Não tem desejos nem livre escolha. O homem tem ambas as coisas. Pode seguir seus desejos ou não, conforme queira, para aprender a dominar-se.
Enquanto foi como as plantas, um hermafrodita, ele podia gerar por si, sem cooperação de outrem; mas ainda que fosse tão inocente e tão casto como as plantas era também como elas, inconsciente e inerte. Para poder avançar, necessitava que os desejos o estimulassem e uma mente o guiasse. Por isso, a metade de sua força criadora foi retida com o propósito de construir um cérebro e uma laringe. Naquele tempo o homem tinha a forma arrendondada. Era curvado para dentro, semelhante a um embrião, e a laringe atual era então uma parte do órgão criador, aderindo à cabeça quando o corpo tomou a forma ereta. A relação entre as duas metades pode-se ver ainda hoje na mudança de voz do rapaz, expressão do pólo positivo da força geradora, ao alcançar a puberdade. A mesma força que constrói outro corpo, quando se exterioriza, constrói o cérebro quando retida. Compreende-se isso claramente ao sabermos que o excesso sexual conduz à loucura. O pensador profundo sente pouquíssima inclinação para as práticas amorosas, de modo que emprega toda sua força geradora na criação de pensamentos, ao invés de desperdiçá-la na gratificação dos sentidos.
Quando o homem começou a reter a metade de sua força criadora para o fim já mencionado, sua consciência foi dirigida para dentro, para construir órgãos. Ele podia ver esses órgãos, e empregou a mesma força criadora, então sob a direção das Hierarquias Criadoras, para planejar e executar os projetos dos órgãos, assim como agora a emprega no mundo externo para construir aeroplanos, casas, automóveis, telefones, etc.. Naquele tempo o homem era inconsciente de como a metade daquela força criadora se exteriorizava na geração de outro corpo.
A geração efetuava-se sob a direção dos Anjos, que em certas épocas do ano, agrupavam os humanos aptos em grandes templos, onde se realizava o ato criador. O homem era inconsciente desse fato. Seus olhos ainda não tinham sido abertos, e embora fosse necessária a colaboração de uma parceira, que tivesse a outra metade ou o outro pólo da força criadora indispensável à geração, cuja metade ele retinha para construir órgãos internos, em princípio não conhecia sua esposa. Na vida ordinária o homem estava encerrado dentro de si, pelo menos no que tangia ao Mundo Físico. Isto, porém, começou a mudar quando foi posto em Intimo contato, como acontece no ato gerador. Então, por um momento, o espírito rasgou o véu da carne, e Adão conheceu sua esposa. Deixou de conhecer-se a si mesmo quando sua consciência concentrou-se mais e mais no mundo externo, perdendo ele sua percepção interna, a qual não poderá ser readquirida plenamente enquanto necessitar da cooperação de outro ser para criar, e não tenha alcançado o desenvolvimento que lhe permita utilizar de novo e voluntariamente toda sua força criadora. Então voltará a conhecer-se a si mesmo, como no tempo em que atravessava o estágio análogo ao vegetal, mas com esta importantíssima diferença: usará sua faculdade criadora conscientemente, e não será restringido a empregá-la só na procriação de sua espécie mas poderá criar o que quiser. Outrossim, não usará os seus atuais órgãos de geração: a laringe, dirigida pelo espírito, falará a palavra criadora através do mecanismo coordenador do cérebro. Assim, os dois órgãos, formados pela metade da força criadora, serão os meios pelos quais o homem se converterá finalmente em um criador independente e auto-consciente.
Mesmo presentemente o homem já modela a matéria pela voz e pelo pensamento ao mesmo tempo, como vimos nas experiências científicas em que os pensamentos criaram imagens em placas fotográficas, e noutras em que a voz humana criou figuras geométricas na areia, etc.. Em proporção direta ao altruísmo que demonstre, o homem poderá exteriorizar a força criadora que retiver. Isto lhe dará maior poder mental e capacita-lo-á a utilizar-se de tal poder na elevação dos demais, ao invés de intentar degradá-los e sujeitá-los à sua vontade. Aprendendo a dominar-se, cessará de tentar dominar aos outros, salvo quando o fizer temporariamente para o bem deles, jamais para fins egoísticos. Somente aquele que se domina está qualificado para orientar aos demais e, quando necessário, é competente para julgá-los no modo que melhor lhes convenha.
Vemos, portanto, que a seu devido tempo o atual modo passional de geração será substituído por um método mais puro e mais eficiente que o atual. Isto também está simbolizado pela Rosacruz, em que a rosa se situa no centro, entre os quatro braços. O madeiro mais comprido representa o corpo; os dois horizontais, os dois braços; e o madeiro curto superior representa a cabeça. A rosa está colocada no lugar da laringe.
Como qualquer outra flor, a rosa é o órgão gerador da planta. Seu caule verde leva o sangue vegetal, incolor e sem paixão. A rosa vermelho-sangue mostra a paixão que inunda o sangue da raça humana, embora na rosa propriamente dita o fluido vital não seja sensual, mas sim casto e puro. Ela é, por conseguinte, excelente símbolo dos órgãos geradores em seu estado puríssimo e santo, estado que o homem alcançará quando haja purificado e limpo seu sangue de todo desejo, quando se tenha tornado casto e puro, análogo a Cristo.
Por isso os Rosacruzes esperam ardentemente o dia em que as rosas floresçam na cruz da humanidade; por isso os Irmãos Maiores saúdam a alma aspirante com as palavras de saudação Rosacruz: "Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz"; e por isso esta saudação é usada nas reuniões dos Núcleos da Fraternidade pelo dirigente, ocasião em que os estudantes, probacionistas e discípulos presentes respondem à saudação dizendo: "E na vossa também".
Ao falar de sua purificação (1ª Epist. 3-9), João diz que aquele que nasce de Deus não pode pecar porque guarda dentro de si a sua semente. Para progredir é absolutamente necessário que o aspirante seja casto. Todavia, deve-se ter bem presente que a castidade absoluta não é exigida enquanto o homem não tenha alcançado o ponto em que esteja apto para as grandes iniciações, e que a perpetuação da raça é um dever que temos para com o todo. Se estamos aptos mental, moral, física e financeiramente, podemos executar o ato da geração, não para gratificar a sensualidade, mas como um santo sacrifício oferecido no altar da humanidade. Tampouco deve ser realizado austeramente, em repulsiva disposição mental, mas sim numa feliz entrega de si mesmo, pelo privilégio de oferecer a algum amigo que esteja desejando renascer, um corpo e ambiente apropriados ao seu desenvolvimento. Desse modo estaremos também ajudando-o a cultivar o florescimento das rosas em sua cruz.
EXERCÍCIOS MATINAIS E NOTURNOS
EFETUADOS PELO ASPIRANTE ROSACRUZ
O EXERCÍCIO NOTURNO
O exercício noturno, Retrospecção, é mais valioso do que qualquer outro método para adiantar o aspirante no caminho da realização. Seu efeito é tão profundo que capacita a quem o pratica a aprender presentemente, não apenas as lições desta vida, mas também lições que normalmente estar-lhe-iam reservadas para vidas futuras.
Após deitar-se, à noite, relaxe o corpo. Em seguida comece a rever as cenas do dia em ordem inversa, iniciando com os acontecimentos da noite, passando às ocorrências da tarde, e depois às da manhã. Procure rever as cenas com a maior fidelidade possível: reproduza diante do seu olhar mental tudo o que aconteceu em cada cena, sob revisão, com o propósito de julgar suas ações, de certificar-se se suas palavras transmitiram o significado pretendido ou se deram uma falsa impressão, ou se exagerou ou atenuou as experiências relatadas aos outros. Reveja sua atitude moral em relação a cada cena. Durante as refeições, comeu para viver, ou viveu para comer, para agradar ao paladar? Julgue-se a si mesmo, censure-se onde houver culpa, e louve-se onde houver, mérito.
Algumas pessoas não conseguem permanecer acordadas até o fim do exercício. Em tais casos é permitido sentar-se no leito, até ser possível seguir-se o método regular.
O valor da retrospecção é enorme - ultrapassa a imaginação. Em primeiro lugar, efetuamos o trabalho de restauração da harmonia conscientemente, e em menor tempo do que é necessário ao corpo de desejos para realizá-lo durante o sono. Fica, assim, uma maior parte da noite disponível para o trabalho externo, o que não seria possível de outra maneira. Em segundo lugar, vivemos o nosso purgatório e o primeiro céu todas as noites, introduzindo assim no Espírito, como sentimento correto, a essência das experiências diárias. Por conseguinte escapamos do purgatório após a morte e também economizamos o tempo de permanência no primeiro céu. Por último, mas não menos importante, tendo extraído diariamente a essência das experiências que dão crescimento anímico, e tendo-as amalgamado ao espírito, passamos a vivenciar realmente uma atitude mental e a nos desenvolver por linhas que ordinariamente nos estariam reservadas para vidas futuras. Pela fiel execução deste exercício apagamos, dia após dia, as ocorrências indesejáveis da nossa memória subconsciente, de modo que nossos pecados são apagados, nossas auras começam a brilhar com o ouro espiritual extraído por retrospecção das experiências diárias, e desse modo atraímos a atenção do Mestre.
Os puros verão a Deus, disse Cristo, e o Mestre abrirá prontamente os nossos olhos quando estivermos prontos para entrar no "Saguão do Saber", o Mundo do Desejo, onde adquirimos nossas primeiras experiências de vida consciente sem o corpo denso.
O EXERCÍCIO MATINAL
Concentração, o segundo exercício, deve ser realizado pela manhã, imediatamente depois que o aspirante desperta. Não se deve levantar para abrir janelas nem fazer nenhum ato desnecessário. Se a posição do corpo é confortável, deve relaxar imediatamente e começar a concentrar-se. Isto é muito importante, pois no momento de despertar, o espírito acaba de retornar do Mundo do Desejo, e nessa ocasião é mais fácil retomar o contato consciente com esse mundo do que em qualquer outro momento do dia.
Lembremos que durante o sono as correntes do corpo de desejos fluem, e que seus vórtices giram e se movimentam com enorme velocidade. Mas logo que penetra no corpo denso, suas correntes e vórtices são quase paralisados pela matéria densa e pelas correntes nervosas do corpo vital que transmitem as mensagens do e para o cérebro. O objetivo deste exercício é manter o corpo denso no mesmo grau de inércia e insensibilidade que experimenta durante o sono, embora o espírito no interior esteja perfeitamente desperto, alerta e consciente. Estabelecemos deste modo a condição necessária para os centros de percepção do corpo de desejos poderem começar a girar dentro do corpo denso.
Concentração é uma palavra que confunde a muitos, e que só tem significado para poucos. Por isso tentaremos esclarecer o seu significado. O dicionário dá várias definições, todas aplicáveis à nossa idéia. Uma delas é: "fazer convergir para um centro". Outra definição, esta aplicável à química, é: "reduzir à máxima pureza e intensidade, removendo os constituintes sem valor". Aplicadas ao nosso problema, uma das definições acima nos diz que se fizermos convergir os nossos pensamentos para um centro, para um ponto, aumentamos o seu vigor, sob o mesmo principio pelo qual o poder dos raios solares aumenta quando focalizados num ponto através de uma lente de aumento. Eliminando na ocasião todos os outros assuntos de nossa mente, a força total do nosso pensamento fica disponível para ser usada em atingir o objetivo, ou para resolver o problema sobre o qual nos concentramos. Podemos, pois, ficar tão absorvidos em nosso tema que se um canhão fosse disparado acima de nossa cabeça não o ouviríamos. Há pessoas que ficam tão perdidas na leitura de um livro que se esquecem de tudo o mais. O aspirante à visão espiritual deve adquirir a faculdade de se tornar igualmente tão absorvido na idéia sobre a qual se concentra que possa excluir o mundo dos sentidos da sua consciência, e assim dar toda a sua atenção ao mundo espiritual. Quando aprender a fazer isso, verá o lado espiritual de um objeto ou de uma idéia, iluminado pela luz espiritual, e assim obterá um conhecimento da natureza interna das coisas como jamais foi sonhado por um homem mundano.
Atingido esse ponto de abstração, os centros de percepção do corpo de desejos começam a girar lentamente dentro do corpo denso, tomando portanto seus próprios lugares. Com o tempo isto se tornará cada vez mais definido, necessitando cada vez menos esforço para pô-los em movimento.
O assunto da concentração pode ser qualquer ideal sublime e elevado, mas deve ser preferentemente de tal natureza que faça com que o aspirante se afaste das coisas comuns dos sentidos, além do tempo e do espaço, e para isso não há melhor fórmula do que os cinco primeiros versículos do Evangelho de São João. Tomando-os como assunto de concentração, sentença por sentença, todas as manhãs, com o tempo proporcionarão ao aspirante uma maravilhosa percepção do princípio do nosso Universo e do método da criação - uma compreensão muito além da que se poderia obter através dos livros.
Depois de algum tempo, quando o aspirante tenha aprendido a manter diante de si por uns cinco minutos ininterruptos o assunto em que se concentra, deve tentar abandonar abruptamente esse assunto, deixando a mente em branco. Não deve pensar em nada mais, esperando simplesmente que alguma coisa preencha o vazio. No devido tempo, a visão de cenas do mundo do desejo preencherá o espaço vazio. Depois que o aspirante tenha se acostumado a tal, poderá mandar que isto ou aquilo apareça diante de si. O que for aparecerá, e então ele poderá investigá-lo à sua vontade.
O importante, contudo, é que seguindo estas instruções, o aspirante está se purificando; sua aura começará a brilhar e inevitavelmente atrairá a atenção do Mestre, o qual enviará alguém para ajudá-lo, onde necessário, a dar outro passo no caminho do progresso. Ainda que passem meses ou anos sem que apareçam resultados visíveis, estejamos certos de que nenhum esforço é feito em vão. Os Grandes Mestres vêem e apreciam os nossos esforços. Eles estão exatamente tão ansiosos para terem a nossa ajuda quanto nós o estamos para servir. Podem também ver as razões da inconveniência de servirmos à humanidade nesta vida. Mas algum dia as condições inibidoras terão passado e seremos admitidos à luz, onde poderemos ver por nós mesmos.
Diz uma antiga lenda que a procura de um tesouro deve ser feita no sossego da noite e em perfeito silêncio. Pronunciar uma só palavra enquanto o tesouro não estiver completamente escavado causaria, inevitavelmente, o seu desaparecimento. E uma parábola mística que se refere à procura da iluminação espiritual. Se bisbilhotarmos ou contarmos aos outros as experiências de nossas horas de concentração perdê-las-emos. Elas não podem suportar a transmissão oral, por isso dissolver-se-ão em nada. Precisamos, pela meditação, extrair delas o pleno conhecimento das leis cósmicas ocultas. Portanto, a experiência própria não deve ser comentada, haja visto que ela é apenas o invólucro que esconde a semente que contém. A lei é de valor universal quando patente de imediato, porque pode explicar os fatos e ensinar-nos como aproveitar oportunidades de determinadas condições, e a evitar outras. A critério do seu descobridor, e para benefício da humanidade, ela pode ser revelada livremente. A experiência que revelou a lei aparece então em sua verdadeira luz como sendo apenas de interesse passageiro, não mais digna de nota. Por isso o aspirante precisa considerar tudo o que acontece durante a concentração como sagrado, e deve conservá-lo rigorosamente para si.
Finalmente, evite considerar os exercícios como uma tarefa enfadonha. Repute-os em seu verdadeiro valor: eles são os nossos mais elevados privilégios. Somente quando assim considerados podemos fazer-lhes justiça, e deles colher os mais amplos benefícios.
O QUE É A VERDADE?
Pilatos perguntou: "O que é a Verdade?" e sendo incapaz de perceber internamente, não recebeu qualquer resposta.
Cristo Jesus disse: "A Verdade vos fará livres" e Platão com mística intuição afirmou "Deus é a Verdade e a Luz é Sua sombra". Segundo João "Deus é Luz" e ele que se encontrava mais próximo do Mestre do que os demais discípulos, sem dúvida recebeu ensinamentos mais elevados do que os outros foram capazes de receber. Precisamos lembrar que o importante não é quanta verdade pode haver ali, pois não será nossa até que possamos recebê-la. Todos podem ver a beleza dos numerosos matizes de luz e cor ao nosso redor, exceto os portadores de cegueira. Aquele que não consegue perceber ao seu redor o mundo da cor, é verdadeiramente pobre. Assim é com a Verdade. A Verdade está em toda parte e pode sempre ser encontrada se formos capazes de percebê-la. Nos exercícios da Fraternidade Rosacruz (Retrospecção e Concentração) encontramos um meio esplêndido de entrar em contato com a Verdade.
Platão e João afirmaram, "Deus é Luz" e se formos a grandes observatórios e olharmos o espaço, com os melhores telescópios, veremos que não há limite para a luz. Está em todo lugar e com o símbolo da luz assim expressada vem-nos a idéia da onipresença e magnitude do Deus que adoramos. João, nos cinco primeiros versos de seu Evangelho, diz: "No princípio era o Verbo" e aí temos uma solução maravilhosa para o problema, pois, quando voltamos ao princípio, estamos no reino da Verdade.
Atualmente estamos mergulhados na matéria e incapazes de entrar em contato com aquela Verdade diretamente, mas quando voltamos em pensamento, para o princípio das coisas, então estamos em pensamento com Deus e assim mais capazes de reconhecer a Verdade. Platão falou de um tempo quando "havia trevas". O Velho Testamento fala a respeito das trevas, o estado primordial da matéria ou "Arche", cuja forma foi dada por Deus, o Grande Arquiteto, o Construtor fundamental do Universo.
Quando pensamos n'Aquele que no princípio construiu as coisas, entramos em contato com Ele, com Deus, naquela "arche" na primeira sentença dos cinco versículos tomados por nós para meditação. Em suas palavras seguintes temos uma segunda afirmação: o Verbo. O termo "Verbo" foi traduzido incorretamente na nossa Bíblia atual, pois não apenas o "Verbo" mas também o pensamento da palavra grega "Logos", foi usada naquele versículo, significando ambos, palavra e pensamento lógico por trás dela. Antes que a palavra pudesse vir a existir, teria que haver um pensador, assim João usou as palavras "Arche" e "Logos". Elas expressam aquilo que desejamos compreender, que no princípio havia uma massa de matéria homogênea e que naquela matéria homogênea estava Deus. Deus se tornou o "Verbo", o som rítmico que se espalha pelo universo dando forma a todas as coisas.
Mais adiante nos cinco versículos encontramos a afirmação "nele estava a luz". Em primeiro lugar houve a escuridão; nenhuma vibração tinha sido enviada à matéria primordial, assim, necessariamente tinha que haver trevas. Como sabemos, a primeira coisa a existir foi a luz. De um ponto de vista superior, luz e som são sinônimos. Algumas pessoas sensitivas nunca ouvem um som sem ver um lampejo de luz e nunca vêem um lampejo sem ouvir um som ao mesmo tempo. Por isso João escreve misticamente quando diz "no princípio" - na matéria primodial - "era Deus" e "Deus era o Verbo" e nele "estava a Vida" e a vida se transformou "na luz dos homens".
Tão perto que podemos alcançá-la, aí temos a verdade abstrata de todo problema da criação. Dentro do corpo humano há aquela luz que brilha até hoje, a luz que brilha na escuridão, a mesma que está oculta pelo véu de Isis. Ao nosso redor estão os Espíritos habitantes da escuridão, a menos que as glórias do universo sejam reveladas através da janela da alma. Quando isso ocorre, percebemos Deus como Luz, todas as coisas boas como luz e o oposto como trevas. A luz entretanto não é de uma só cor, pois há Sete Espíritos perante o Trono, cada um portando um raio dessa luz. Cada um de nós nasce sob a influência de um desses raios respondendo melhor ao tipo sob o qual nasceu. Assim, cada um vê a Verdade diferentemente dos demais. Embora estejamos gradualmente nos movendo em direção à mesma fonte que é Deus, temos diferentes pontos de vista nas diferentes épocas.
Apesar das diferenças entre as pessoas, nos cinco versículos do Evangelho segundo João, está a Verdade: Somos todos filhos da luz. Cada um tem internamente o divino espírito da Luz; cada um está gradualmente aprendendo a conhecer essa luz e com o auxílio dos exercícios, a expressá-la cada vez mais.
O místico, quando vê a luz ao amanhecer, considera-a como a anunciação diária em sua alma do primordial Fiat Criador, "Faça-se a Luz". A medida que a luz do dia progride gradualmente decresce no poente, ele vê na gloriosa imagem do pôr do sol, algo indescritível pelo homem, algo que pode ser sentido pela alma. Se deixarmos aqueles cinco versículos viverem em nosso interior, da mesma forma que vivem no místico, também conheceremos a luz e a verdade, mais que qualquer outra coisa no mundo.
Temos trilhado diferentes caminhos da vida por algum tempo. Caminhamos uma vez através da vida sob o raio marciano, segundo sua influência de atividade e paixão, sem a preocupação com aqueles que sofrem, ou com o que possa ocorrer aos outros. Em outra vida nascemos sob o raio de influência venusiana, mais leve, e assim trilhamos o caminho do lado amoroso da vida. Mais tarde o caminho do azul escuro, os Raios de Saturno ou mais tarde ainda o caminho do azul mais claro dos Raios de Júpiter. Dessa forma, todos nós aguardamos ansiosamente pela percepção superior concedida pelos raios amarelos de Urano, muito embora a maioria de nós não seja capaz de recebê-los atualmente. Tais pessoas devem contentar-se com o amarelo mais intenso e escuro dos Raios de Mercúrio. Estamos todos trabalhando progressivamente em direção à luz branca que emana do Sol, união de todas as cores. A esta devemos aspirar, pois, a luz emitida por quaisquer outros raios é apenas secundária. Todas as coisas nascem da grande Fonte central.
"E a escuridão" alguém pergunta "é ela má?" Não, nada é mau no universo de Deus. Durante o dia percebemos pela luz do Sol, as glórias desta pequena Terra que se move no espaço. Talvez se houvesse somente luz nós nada perceberíamos além desta Terra e não saberíamos que existe mais do que o Sol e a Lua. Mas quando chega a noite e desaparecem as glórias do dia, quando o Sol não mais ilumina o céu, podemos perceber, até certo ponto pelo menos, a imensidão do espaço. Podemos verificar a existência de mundos distantes milhões e milhões de milhas. O Espírito é então levado a uma maravilhosa devoção e assim compreender a Verdade de que DEUS É TUDO EM TUDO.
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