A REGIÃO LIMÍTROFE

O Purgatório ocupa as três regiões inferiores do Mundo do Desejo. O Primeiro Céu está nas três Regiões superiores. A Região Central é uma espécie de território neutro - nem céu nem inferno. Nesta Região encontramos as pessoas retas e honestas, que a ninguém injuriaram, mas que estiveram tão absorvidas pelos seus interesses que nada pensaram sobre a vida superior. Para elas o Mundo do Desejo é um estado da mais indescritível monotonia. Não há nenhum "negócio" nesse mundo, nem existe ali nada que para um homem de tal espécie possa substituí-lo. Passa um período de tempo mui penoso, até que aprende a pensar em outras coisas que não sejam escritas mercantis e contas correntes. Aqueles homens que pensaram nos problemas da vida e chegaram à conclusão de que "tudo acaba com a morte"; que negaram a existência das coisas que estão além do mundo material, esses sentirão também aquela terrível monotonia. Esperavam o aniquilamento da consciência, mas ao invés disso vão se achar com uma percepção maior das pessoas e das coisas que os circundarem. Habituaram-se a negar essas coisas tão veementemente que, amiúde, acreditarão que o Mundo do Desejo é uma alucinação. Pode-se ouvi-los exclamar com o mais profundo desespero: "Quando acabará isto? Quando acabará isto?"

Tais pessoas encontram-se realmente em estado lastimável. Estão além do alcance de qualquer auxílio, e sofrem por muito mais tempo do que qualquer outra. Além disso, dispõem de pouquíssima vida no Mundo Celeste, onde se ensina a construção de corpos para uso futuro. Portanto eles concentram seus pensamentos cristalizantes sobre o corpo que constroem para a vida futura, pelo que formam um organismo que manifestará terríveis tendências endurecedoras, como a que observamos na consumpção. As vezes o sofrimento em corpos assim decrépitos poderá fazer voltar para Deus os pensamentos dessas entidades ajudando-as a prosseguir em sua evolução. Mas a mente materialista corre o terrível perigo de perder todo o contato com o espírito, convertendo o indivíduo num proscrito. Por isso os Irmãos Maiores preocuparam-se seriamente com o destino do mundo ocidental durante o último século, e se não fosse a sua ação benéfica e especial havia um cataclismo social, comparado com o qual a Revolução Francesa seria uma brincadeira de crianças. O clarividente desenvolvido pode observar quão dificilmente a humanidade tem escapado de desastres tão devastadores que os continentes ter-se-iam submergido no mar. O leitor encontra uma exposição mais detalhada da relação do materialismo com as erupções vulcânicas no Capítulo XVIII, onde a lista de erupções do Vesúvio corrobora tal relação, a menos que se atribua isso a meras ''coincidências'', atitude geralmente tomada pelos cépticos quando enfrentam fatos e números que não podem explicar.

O PRIMEIRO CÉU

Quando termina a existência purgatorial, o espírito purificado ascende ao Primeiro Céu, que está situado nas três Regiões mais elevadas do Mundo do Desejo. Os resultados dos sofrimentos são incorporados ao átomo-semente do corpo de desejos, o que lhe comunica a qualidade de reto sentimento que atuará, no futuro, como impulso para o bem e repulsão ao mal. Aqui o panorama do passado se desenrola de novo para trás, mas então são as boas obras da vida a base dos sentimentos. Ao chegarmos às cenas em que ajudamos a outrem, viveremos de novo toda a alegria que isto nos proporcionou, como também sentiremos toda a gratidão emitida por aqueles a quem ajudamos. Quando contemplamos de novo as cenas em que fomos ajudados por outros, voltamos a sentir toda a gratidão que emitimos ao nosso benfeitor. Deste modo vemos a importância de apreciar os favores com que outros nos cumularam, porque a gratidão produz crescimento anímico. Nossa felicidade no céu depende da felicidade que tenhamos proporcionado a outros, e do valor que demos àquilo que outros fizeram por nós.

Deve-se sempre recordar que o poder de dar não pertence exclusivamente ao homem rico. Dar dinheiro sem discernimento pode ser até um mal. E um bem dar dinheiro para um propósito que consideremos benéfico, porém um serviço prestado vale mil vezes mais. Como disse Whitman,

"Vede! Não me limito a simples preleções ou a esmolas dar;

Quando dou alguma coisa, a mim mesmo vou-me dai".

Um olhar carinhoso, expressões de confiança, uma simpática e amorosa ajuda - são coisas que todos podem dar, seja qual for a fortuna de cada um. Todavia devemos ajudar o necessitado de maneira que ele possa ajudar a si próprio, seja física, financeira, moral ou mentalmente, para que não dependa mais de nós nem dos outros.

A ética de dar, produzindo uma lição espiritual sobre aquele que dá, foi descrita de forma belíssima em "Visão de Sir Launfal", de Lowell. O jovem e ambicioso cavaleiro, Sir Launfal, envergando brilhante armadura e vestido com luxuosas roupas, parte do seu castelo em busca do "Santo Graal". No seu escudo resplandece a cruz, o símbolo da benignidade e ternura do Nosso Salvador, o Ser amoroso e humilde, mas o coração do cavaleiro está repleto de orgulho e desdém para com os pobres e necessitados. Ele encontra um leproso mendigando e com um gesto de desdém atira-lhe uma moeda, como se atirasse um osso a um cão faminto. Porém...

O leproso não ergueu o ouro do pó:

"Melhor para mim é a côdea de pão que o pobre me dá,

e melhor sua mão que me abençoará,

ainda que de mãos vazias de sua porta me deva afastar.

As esmolas que só com as mãos ofertadas,

não são as verdadeiras.

Inúteis são o ouro e as riquezas dadas

apenas como um dever a cumprir.

A mão, porém, não consegue a esmola abarcar,

quando vem daquele que reparte o pouco que tem,

que dá o que não é possível visualizar.

- esse fio de beleza que tudo sabe unir,

que tudo sustenta, penetra e mantém -

O coração ansioso e estende a mão

quando Deus acompanha a doação,

alimentando a alma faminta,

que sucumbia só, na escuridão".

Ao regressar, Sir Launfal encontra seu castelo ocupado por outro, sendo impedido de nele entrar.

Já velho, claudicante e alquebrado,

da busca do Santo Graal, ele voltou

pouco lhe importando o que para trás deixou.

Não mais luzia a cruz sobra seu manto

mas fundo em sua alma a marca ficou:

a divisa do pobre e seu triste pranto.

De novo encontra o leproso que, outra vez, lhe pede uma esmola. Mas o cavaleiro agora responde de outro modo.

E Sir Launfal lhe disse: "Vejo em ti

a imagem d'Aquele que na cruz morreu.

Tu tens a coroa de espinhos de quem padeceu,

muitos escárnios tens também sofrido

e o desprezo do mundo hás sentido.

As feridas em tua vida não faltaram

nos pés, nas mãos, no corpo, elas te machucaram.

Filho da clemente Maria, reconhece quem eu sou

e vê que, através do pobre, é a Ti que eu dou.

Um olhar aos olhos do leproso trazem-lhe recordações e reconhecimento, e

Seu coração era si cinza e pó.

Ele partiu em duas, sua única côdea de pio, ele quebrou o gelo da beira do c6rrego

e ao leproso deu de comer e beber pela mio.

Uma transformação, enfim, teve lugar:

Não mais o leproso ao seu lado se curvava Mas, à frente dele, glorioso se levantava.

E a Voz, ainda mais doce que o silêncio:

"Vê, Sou Eu, não temas!

Na busca do Santo Graal, em muitos lugares Gastaste tua vida, sem nada lucrares.

Olha! Ei-lo aqui: o cálice que acabaste de encher

com a límpida água do regato que Me deste de beber. Esta côdea de pio é Meu corpo

que foi para ti partido.

Esta água é Meu sangue

que na cruz para ti foi vertido.

A Santa Cela é mantida, na verdade, por tudo que ajudamos o outro em sua necessidade. Pois a dádiva, só tem valor

Quando com ela vem o doador

e a três pessoas ela alimenta assim:

ao faminto, a si própria e a Mim.

O primeiro céu é um lugar de alegria, sem vestígios sequer de amargura. O espírito está além das influências materiais e terrestres, e, ao reviver sua vida passada, assimila todo o bem nela contido. Aqui se realizam em toda amplitude todos os empreendimentos nobres a que o homem aspirou. E um lugar de repouso, e quanto mais dura tenha sido a vida maior será o descanso que gozará. Enfermidade, tristeza e dor são coisas desconhecidas no primeiro céu. E a pátria de veraneio dos espiritualistas. Os pensamentos do devoto cristão construíram ali a Nova Jerusalém. Formosas casas, flores, etc., são o prêmio dos que a elas aspiraram, e que eles mesmos construíram com o pensamento, utilizando-se da sutilíssima matéria de desejos. Contudo são para eles tão reais e tangíveis como são para nós as casas materiais. Todos desfrutam ali a satisfação daquilo que não puderam alcançar na vida terrestre.

Há uma classe de seres que gozam uma vida especialmente formosa no primeiro céu - as crianças. Se pudéssemos vê-las, logo cessariam nossos pesares. Quando uma criança morre antes do nascimento do corpo de desejos, isto é, antes dos catorze anos, não vai além do primeiro céu porque não é responsável pelos seus atos, do mesmo modo que o feto que se contorce no útero não é responsável pelo incômodo que causa à sua mãe. Portanto, a criança não tem existência purgatorial. O que não foi vivificado não pode morrer, portanto o corpo de desejos de uma criança, junto com a mente, persistirá até o novo nascimento. Por tal razão, essas crianças são capazes de recordar suas vidas anteriores, como é o caso que se narra em outro lugar.

Para tais crianças o primeiro céu é uma sala de espera onde permanecem de um a vinte anos, até que se apresente uma nova oportunidade para renascerem. Entretanto, é algo mais do que uma simples sala de espera, porque, nesse ínterim realiza-se ali um grande progresso.

Quando uma criança morre há sempre alguém da família à sua espera. Mas na falta disto, sempre existe quem a adote com sentimento maternal porque gostava também de fazê-lo em sua existência terrena, satisfazendo-se em cuidar de um pequeno desamparado. A extrema plasticidade da matéria de desejos permite formar com a maior facilidade maravilhosos brinquedos viventes para as crianças, tornando suas vidas um formoso divertimento: contudo sua instrução não fica descuidada. Elas são agrupadas em classes de acordo com os seus temperamentos, sem considerar-se a idade. No Mundo do Desejo é muito fácil ministrar-se lições objetivas da influência do bem e das más paixões sobre a conduta e a felicidade. Estas lições imprimem-se indelevelmente sobre o sensitivo e emotivo Corpo de Desejos da criança e acompanham-na depois do renascimento. Assim, muitos dos que levam uma vida nobre devem-na ao fato de terem sido submetidos a esse treinamento. Quando nasce um espírito débil é comum os Compassivos Seres (os Guias Invisíveis que dirigem nossa evolução) fazerem-no morrer em tenra idade para que possa ter este treinamento extra, ajudando-o a adaptar-se ao que talvez possa ser para ele uma vida dura. Parece ser este o caso especialmente quando a impressão no Corpo de Desejos foi fraca, em decorrência de perturbações das lamentações dos parentes em volta do moribundo, ou por ter morrido em acidente ou num campo de batalha. Sob tais circunstâncias ele não pode experimentar, em sua existência post-mortem a intensidade de sentimentos apropriados, por isso quando nasce e morre a seguir, em tenra idade, a perda se recobra na forma acima indicada. Muitas vezes, o dever de cuidar dessas crianças na vida celeste recai sobre aqueles que foram causa dessas anomalias, pois assim são-lhe proporcionadas oportunidades para repararem uma falta e aprenderem a agir melhor. Ou talvez venham a ser os pais daquele que prejudicaram, devendo cuidar dele nos poucos anos que viva. Nesse caso não importará que se lamentem histericamente por causa de sua morte porque não há imagens no Corpo Vital infantil que produzam conseqüências.

Este céu é também lugar de progresso para todos os estudiosos, para os artistas e para os altruístas. O estudante e o filósofo têm acesso instantâneo a todas as bibliotecas do mundo. O pintor observa, com inefável delícia, as combinações de cores sempre cambiantes. Logo aprende que seus pensamentos formam e misturam essas cores a' vontade. Suas criações brilham e cintilam com uma vivacidade impossível de ser conseguida pelos que trabalham com as monótonas cores da Terra. Está, por assim dizer, pintando com matéria viva, resplandecente, sendo por isso mesmo capaz de executar suas obras com uma facilidade que lhe inunda a alma de deleite. O músico não chegou ainda ao lugar em que sua arte expressa-se a si mesma em toda a extensão. O Mundo Físico é o mundo da Forma. O Mundo do Desejo, onde se acham o Purgatório e o Primeiro Céu, é especialmente o mundo da Cor. Mas o Mundo do Pensamento, onde estão localizados o segundo e o terceiro céus, é a esfera do Som. A música celeste é um fato e não mera figura de retórica. Pitágoras não fantasiava quando falou da música das esferas, porque cada um dos corpos celestiais tem seu tom definido e, juntos, formam a sinfonia celestial que Goethe também menciona no prólogo do seu "Fausto", onde na cena do céu o Arcanjo Rafael diz:

"Sol entoa sua velha canção

Entre os cânticos rivais das esferas irmãs,

Seu caminho predestinado vai trilhar

Através dos anos, em retumbante marchar".

Os ecos desta música celeste chegam até nós, aqui no Mundo Físico, e são o nosso bem mais precioso, ainda que fugazes como o fogo-fátuo. A música não pode ser criada permanentemente, a exemplo de outras obras de arte - uma estátua, um quadro, ou um livro. No Mundo Físico, o som morre logo que nasce. No primeiro céu, porém, esses ecos são muito mais formosos e permanentes, dai o músico poder ouvir ali os mais doces acordes que jamais ouviu em toda sua vida terrena.

As experiências do poeta são semelhantes as do músico, pois a poesia é expressão dos mais íntimos sentimentos da alma em palavras. Estas se ordenam consoante as mesmas leis de harmonia e ritmo que regem a expressão do espírito na música. Além disso, o poeta encontra uma inspiração magnífica nas imagens e cores, que são as características principais do Mundo do Desejo. Dali tomará os materiais para usá-los em sua próxima incorporação. De maneira idêntica o escritor acumula material e faculdade. O filantropo concebe seus planos altruístas para a elevação do homem. Se falhou em uma vida, verá a razão do fracasso no primeiro céu, e aprenderá ali a superar os obstáculos e a evitar os erros que tornaram seus planos impraticáveis.

Com o tempo, chega-se a um ponto em que o resultado da dor e do sofrimento no purgatório, junto ao sentimento feliz extraído das boas ações da vida passada, integram-se ao átomo-semente do corpo de desejos. Juntos eles constituem o que chamamos consciência, essa força impelente que nos põe em guarda contra o mal, o produtor de sofrimentos, e nos inclina para o bem, o gerador de felicidade e alegria. Tal como abandonou os corpos denso e vital, assim o homem abandona seu corpo de desejos, que se desintegra. Dele leva consigo unicamente as forças do átomo-semente, que formarão o núcleo do futuro corpo de desejos, como o foi a partícula permanente de percepção dos seus veículos anteriores.

Como já foi relatado, as forças do átomo-semente são retiradas. Para o materialista, força e matéria são inseparáveis. O ocultista vê as coisas diferentemente. Para ele não são dois conceitos totalmente distintos e separados, mas os dois pólos de um só espírito.

Matéria é espírito cristalizado.

Força é o mesmo espírito ainda não cristalizado.

Isto já foi dito antes, mas nunca será demais incutir na mente. Nesta relação a ilustração do caracol é muito proveitosa. A matéria, que é espírito cristalizado, corresponde à concha do caracol, que vem a ser cristalizada. Outra boa comparação: a força química que move a matéria, tornando-a apta para a construção da forma, corresponde ao caracol que move sua casa. Portanto, o que atualmente é caracol será concha daqui a algum tempo, e o que agora é força será matéria quando se cristalizar futuramente. O processo inverso de transmutação de matéria em espírito processa-se também continuamente. A fase mais elementar deste processo nós vemos na decomposição, quando o homem abandona seus veículos: o espírito de um átomo separa-se facilmente do espírito mais inferior que se manifestava como matéria.

O SEGUNDO CÉU

Finalmente o homem, o Ego, o tríplice espírito, entra no Segundo Céu. Está envolto no corpo mental, que contém, os três átomos-semente - a quintessência dos três veículos abandonados.

Quando o homem, ao morrer, perde seus Corpos Denso e Vital, encontra-se nas mesmas condições de uma pessoa adormecida. O corpo de desejos, conforme explicado, não possui órgãos próprios para uso. De um ovóide transforma-se então numa figura parecida com o corpo denso abandonado. Facilmente se compreende que deve haver um intervalo de inconsciência semelhante ao sono antes de o homem despertar no Mundo do Desejo. Por conseguinte, não é raro acontecer a certas pessoas permanecerem durante longo tempo incertas do que se passou com elas. Notam que podem pensar e mover-se, mas não compreendem que morreram. As vezes é até muito difícil conseguir fazê-las crer que estão realmente "mortas". Compreendem, sim, que algo está diferente, mas não são capazes de entender o que seja.

Tal não acontece quando se efetua a passagem do Primeiro Céu - no Mundo do Desejo, para o Segundo Céu - na Região do Pensamento Concreto. Abandonando seu corpo de desejos, o homem está então perfeitamente consciente. Passa a um grande silêncio, e durante esse intervalo tudo parece desvanecer-se, ele não pode pensar. Nenhuma das suas faculdades acha-se ativa, mas sabe que é. Tem a sensação de encontrar-se no "Eterno Agora", de achar-se completamente só, todavia sem temor. Então sua alma inunda-se de uma paz inefável, "que sobrepassa todo o entendimento".

A ciência oculta chama isso "O Grande Silêncio"

Então, vem o despertar. O espírito está agora em sua pátria, seu lar - o mundo celeste. E o despertar traz-lhe ao espírito o som da musica das esferas

Na existência terrena vivemos tão absorvidos pelos pequenos ruídos e sons do nosso restrito ambiente, que somos incapazes de ouvir a música dos astros em movimento, mas o ocultista ouve-a. Ele sabe que os doze signos do Zodíaco e os sete planetas formam a caixa de ressonância e "as sete cordas da lira de Apolo". Sabe também que um simples desacorde na harmonia celestial desse grande Instrumento poderia produzir "um aniquilamento da matéria e uma colisão de mundos".

O poder da vibração rítmica é bem conhecido de todo aquele que já dedicou ao mesmo assunto um estudo superficial. Por exemplo: quando soldados atravessam uma ponte ordena-se-lhes que rompam o compasso da marcha, porque seu passo rítmico poderia destruir a estrutura mais forte. O relato bíblico do efeito das trombetas de chifre de carneiro, enquanto marchavam ao redor dos muros da cidade de Jericó não é coisa sem nexo para o ocultista. Em alguns casos semelhantes as coisas já aconteceram sem provocar o riso geral de desdenhosa incredulidade. Há poucos anos uma banda de música estava ensaiando num jardim, junto ao sólido muro de um castelo antigo. Em certo momento, ao ser emitida demoradamente uma nota muito penetrante, o muro do castelo ruiu de súbito. Os músicos tinham tocado a nota-chave do muro com a intensidade e o prolongamento suficientes para derrubá-lo.

Quando se diz que o Segundo Céu é o mundo do som, não se deve pensar que nele não hajam cores. Muita gente sabe que há relação muito íntima entre a cor e o som; que quando se toca certa nota gera-se simultaneamente a cor que lhe corresponde. Assim é também no Mundo Celeste: cor e som estão presentes ao mesmo tempo, mas o som é que origina a cor. Portanto diz-se que este é especialmente o mundo do som, e este som é que constrói todas as formas do Mundo Físico. O músico pode ouvir certos sons em diferentes partes da Natureza, tal como o do vento no bosque, o rumor das ondas quebrando nas praias, o bramido do oceano e o ruído sonoro das águas. A combinação de tais sons forma um todo que é a nota-chave da Terra, seu "tom". Assim como um arco de violino que se passa pela borda de um lâmina de vidro com pó fino gera figuras geométricas, assim também as formas que vemos em torno de nós são figuras cristalizadas de sons produzidos pelas forças arquetípicas que atuam nos arquétipos no Mundo Celeste.

O trabalho realizado pelo homem no Mundo Celeste é múltiplo. Não é uma existência inativa, sonhadora, ou ilusória. E o tempo da mais intensa e importante atividade, em que ele se prepara para a próxima vida, assim como o sono e uma preparação ativa para o trabalho do dia seguinte.

Aqui a quintessência dos três corpos é assimilada pelo tríplice espírito. Tanto quanto o homem tenha trabalhado sobre o Corpo de Desejos durante a vida, purificando seus desejos e emoções, assim será a quintessência desse corpo amalgamada ao Espírito Humano, melhorando-lhe a mente no futuro.

Tanto quanto o Espírito de Vida tenha trabalhado sobre o Corpo Vital, transformando-o, espiritualizando-o e salvando-o assim do decaimento a que está sujeito, tanto ser-lhe-á amalgamado com o Espírito de Vida para assegurar um Corpo Vital e um temperamento melhores em vidas subseqüentes.

Tanto quanto o Espírito Divino tenha salvo do Corpo Denso pela reta ação, tanto ser-lhe-á amalgamado para proporcionar melhores ambientes e oportunidades no futuro.

Essa espiritualização dos veículos realiza-se por meio do cultivo das faculdades da observação, discriminação e memória; da devoção a ideais elevados; da oração e concentração; da perseverança e do reto emprego das forças vitais.

O Segundo Céu é o verdadeiro lar do homem - o Ego, o Pensador. Aqui ele permanece durante séculos, assimilando o fruto da última vida e preparando as condições terrenas mais apropriadas para o seu próximo passo no progresso. O som ou tom que permeia essa Região, patenteando-se por toda parte como cor é, por assim dizer, o seu instrumento. Essa harmoniosa vibração sonora, qual elixir de vida, amalgama no tríplice espírito a quintessência do tríplice corpo, da qual depende o seu crescimento.

A vida no segundo céu é extraordinariamente ativa e variada em numerosos sentidos. O Ego assimila os frutos de sua última vida terrena e prepara o ambiente para uma nova existência física. Não basta dizer que as novas condições serão determinadas pela conduta e atos da última vida. É necessário que os frutos do passado sejam aplicados no Mundo Físico, que será o próximo campo de atividade do Ego, e onde este estará adquirindo novas experiências físicas e colhendo mais frutos. Portanto, todos os habitantes do Mundo Celeste trabalham sobre os modelos da Terra - a totalidade dos quais encontra-se na Região do Pensamento Concreto - alterando-lhe as formas físicas e produzindo-lhe mudanças graduais no aspecto. Assim, em cada retorno à vida física eles encontram um ambiente diferente onde podem adquirir novas experiências. O clima, a flora e a fauna são alterados pelo homem sob a direção de elevados Seres que mais tarde descreveremos. Por conseguinte, o mundo é exatamente o que nós próprios, individual e coletivamente, temos feito dele, e será tal e qual como o fizermos. Em tudo quanto ocorre, o ocultista vê uma causa de natureza espiritual manifestando-se a si mesma, inclusive o alarmante aumento de freqüência das perturbações sísmicas, que têm origem no pensamento materialista da ciência moderna.

É certo que causas puramente físicas podem produzir tais perturbações, mas tal explicação será a última palavra sobre o assunto? Podemos explicar amplamente as coisas só pela observação daquilo que superficialmente aparentam? Certamente que não! Vejamos: dois homens discutem na rua. Subitamente um esmurra o outro, fazendo-o cair. Um observador poderá afirmar que um pensamento de ódio foi a causa original do golpe. Outro poderá sustentar que viu o braço erguer-se, os músculos contraírem-se, seguindo-se o soco que derrubou a vítima. Isto também é verdade, porém é mais certo dizer-se que o golpe não teria sido desfechado se não houvera existido primeiramente um pensamento de ódio. De modo equivalente, diz o ocultista, se não houvesse como causa o materialismo não se produziriam as convulsões sísmicas.

O trabalho do homem no Mundo Celeste não se limita apenas à alteração da superfície da Terra, que será o campo de suas futuras lutas para dominar o Mundo Físico. Ele ocupa-se também, ativamente, em aprender como construir um corpo que tenha os melhores meios de expressão. O destino do homem é converter-se em Inteligência Criadora e para tal aplica-se à sua aprendizagem todo o tempo. Durante a vida celeste aprende a construir toda classe de corpos, inclusive o humano.

Falamos atrás das forças que trabalham pelos pólos positivo e negativo dos diferentes éteres. O homem mesmo é uma parte dessas forças. Aqueles a quem chamamos "mortos" são os que nos ajudam a viver. Por sua vez eles são ajudados pelos chamados "espíritos da natureza" aos quais governam. Instrutores das mais elevadas Hierarquias criadoras dirigem o trabalho do homem. Ajudaram-no a construir seus veículos antes de ter alcançado consciência de si mesmo, do mesmo modo que ele próprio constrói atualmente seus veículos durante o sono. Mas no transcurso de sua vida celeste esses Instrutores ensinam-no conscientemente.

Ao pintor ensinam como construir um olho apurado, capaz de captar perspectivas perfeitas, e distinguir cores e matizes em um grau inconcebível para os que não se interessam por cor ou luz.

O matemático que tem de lidar com o espaço, e a faculdade de percepção espacial está conectada com o delicado ajuste dos três canais semicirculares, os quais, estão situados dentro do ouvido, cada um apontando em uma das três direções do espaço. O pensamento lógico e a habilidade matemática estão em proporção à precisão do ajuste desses canais semicirculares. A habilidade musical depende também do mesmo fator, mas além da necessidade do devido ajuste dos canais semicirculares, o músico precisa de "fibras de Corti" extremamente delicadas. Há no ouvido humano cerca de dez mil dessas fibras, e cada uma pode diferençar cerca de vinte e cinco gradações de tons. No ouvido da maioria das pessoas essas fibras não respondem senão de três a dez das gradações possíveis. Entre os músicos comuns o maior grau de eficiência é de uns quinze sons por fibra, mas um maestro, que é capaz de interpretar e traduzir a música do Mundo Celeste, requer maior grau de acuidade para distinguir entre as diferentes notas e perceber a mais ligeira desarmonia nos mais complicados acordes. Pessoas que requerem órgãos de tão extrema delicadeza para expressão de suas faculdades devem receber o maior cuidado, como exigem seu mérito e elevado grau de desenvolvimento. Nenhuma outra classe é tão elevada quanto a dos músicos, o que é muito lógico pois, enquanto o pintor atrai sua inspiração principalmente do mundo da cor - o mais próximo, o Mundo do Desejo - o músico tenta trazer-nos, traduzida em sons terrenos, a atmosfera do nosso lar celeste (a que, como espíritos, somos cidadãos). É sua a missão mais elevada pois, como meio de expressão da vida anímica, a música reina suprema. Compreende-se que a música seja diferente e a mais elevada de todas as artes se considerarmos que uma estátua ou um quadro, uma vez criados, são permanentes. Sendo evocações do Mundo do Desejo eles são, por conseguinte, mais facilmente cristalizados. Já a música, sendo do Mundo Celeste, é mais evasiva e deve, portanto, ser recriada cada vez que a queiramos ouvir. Não pode ser aprisionada, conforme o demonstram as tentativas infrutíferas de fazê-lo parcialmente por meio de aparelhos mecânicos, tais como o fonógrafo ou pianola. A música assim reproduzida perde muito da comovente doçura e frescor do seu próprio mundo e que traz à alma recordações de sua verdadeira pátria, falando-lhe numa linguagem tal que nenhuma beleza expressa em mármore ou tela pode igualar.

O homem percebe a música através do mais perfeito órgão dos sentidos do corpo humano. A visão pode não ser perfeita, mas a audição o é, no sentido de não deformar o som que ouve, enquanto o olho altera muitas vezes o que vê.

Além do ouvido musical, o músico deve também aprender a construir mãos finas e delicadas, dedos ágeis e nervos sensitivos. Caso contrário não poderia reproduzir as melodias que ouve.

E lei da natureza: ninguém pode habitar um corpo mais eficiente do que aquele que é capaz de construir. Aprende-se primeiramente a construir uma certa classe de corpo e depois a viver nele. Desta maneira percebem-se os defeitos e aprende-se a corrigi-los.

Todos os homens trabalham inconscientemente na construção dos seus corpos durante a vida pré-natal, até chegar o momento em que a retida quintessência dos corpos anteriores seja neles amalgamada. Então passam a trabalhar conscientemente. Compreende-se, pois, que quanto mais o homem avança e quanto mais trabalha em seus veículos, tornando-os assim imortais, mais poder tem de construí-los para

uma nova vida. O discípulo avançado de uma escola oculta, às vezes, começa a construir por si mesmo tão logo se complete o trabalho das três primeiras semanas de vida pré-natal (que pertence exclusivamente à mãe). Assim, passado o período inconsciente, apresenta-se ao homem uma oportunidade de exercer seu nascente poder criador, e aí começa o verdadeiro processo criativo, "original", a "Epigênese".

Vemos pois que o homem aprende a construir seus veículos no Mundo Celeste e a usá-los no Mundo Físico. A Natureza fornece toda classe de experiências de maneira tão maravilhosa e com sabedoria tão consumada que, quanto mais profundamente penetramos nos seus segredos, mais impressionados ficamos com a nossa própria insignificância e mais cresce nossa reverência a Deus, cujo símbolo visível é a Natureza. Quanto mais aprendemos Suas maravilhas, mais compreendemos que esta estrutura universal não é a vasta e perpétua máquina em movimento, que os irrefletidos querem fazer crer. Seria tão pouco lógico como imaginar que, atirando-se ao ar uma caixa de tipos, os caracteres se organizassem por si sós quando caíssem ao chão, formando um formoso poema. Quanto maior a complexidade do plano mais poderoso o argumento em favor da teoria de um Inteligente e Divino Autor.

O TERCEIRO CÉU

Tendo assimilado todos os frutos de sua vida passada e alterado a aparência da Terra de maneira a proporcionar-lhe o ambiente requerido em seu próximo passo em busca da perfeição; tendo também aprendido, pelo trabalho nos corpos dos outros, a construir um corpo apropriado à sua manifestação no Mundo Físico; e tendo, por último, dissolvido a mente na essência do tríplice espírito, o espírito individual sem envolturas sobe à mais elevada Região do Mundo do Pensamento - o Terceiro Céu. Aqui, pela harmonia inefável deste mundo superior, fortifica-se para a próxima imersão na matéria.

Depois de algum tempo, vem o desejo de novas experiências e a contemplação de um novo nascimento. Isto evoca uma série de quadros ante a visão do espírito - um panorama da nova vida que o espera. Contudo, note-se bem, este panorama contém somente os acontecimentos principais.

Quanto aos detalhes, o espírito tem plena liberdade. É como se um homem, para ir a uma cidade distante, tivesse uma passagem com tempo determinado para lá chegar, mas com liberdade inicial de escolher o caminho. Depois de tê-lo escolhido e começado a viagem já não poderia mudar de caminho durante a jornada. Poderia deter-se em todos os lugares que quisesse dentro do tempo marcado, mas não poderia voltar atrás. Assim, cada avanço na viagem limitaria ainda mais as condições da escolha feita. Se escolheu viajar num vapor carvoeiro, seguramente chegará ao seu destino sujo e manchado. Se, ao contrário, tivesse escolhido uma condução elétrica, chegaria mais limpo. Assim acontece com o homem em cada nova vida. Talvez encontre pela frente uma vida muito dura, porém pode escolher entre vivê-la limpamente ou chafurdar-se na lama. Outras condições estão também sob o seu arbítrio, embora igualmente sujeitas às limitações das escolhas e ações passadas.

Os quadros do panorama da próxima vida que acabamos de mencionar, começam no berço e terminam na sepultura. Seguem em direção oposta aquelas do panorama que se segue à morte, como já foi explicado, imediatamente após o espírito libertar-se do corpo denso. A razão desta diferença radical entre os dois panoramas é que no panorama ante-natal o objetivo é mostrar o Ego que regressa como certas causas ou atos, produzem sempre certos efeitos. No caso do panorama post-mortem o objetivo é oposto, isto é, mostrar como cada acontecimento da vida que findou foi efeito de alguma causa anterior da vida. A Natureza, ou Deus, nada faz sem uma razão lógica, de modo que quanto mais investiguemos mais se evidencia que a Natureza é uma mãe sábia, empregando sempre os melhores meios para a realização dos seus fins.

Pode-se porem perguntar: por que devemos renascer? Por que devemos voltar a esta limitada e miserável existência terrena? Por que não podemos adquirir experiência nesses remos superiores sem necessidade de vir à Terra? Estamos cansados desta enfadonha e penosa vida terrena!

Tais queixas estão baseadas em mal-entendidos de várias classes. Em primeiro lugar, compreendamos e gravemos profundamente em nossa memória que o propósito da vida não é a felicidade, mas sim a experiência. A tristeza e a dor são nossos mais benévolos mestres. As alegrias da vida não são mais que coisas fugazes.

Isto pode parecer uma doutrina muito dura, de modo que o coração grita e protesta veementemente ante o pensamento de que essa idéia possa ser verdadeira. Todavia, essa é a verdade. Examinada, compreendemos que, apesar de tudo, a doutrina não é tão severa.

Consideremos as bênçãos da dor. Se, colocando a mão sobre uma estufa quente, não sentíssemos dor, a mão ficaria ali provavelmente até queimar-se todo o braço, e sem que o percebêssemos a tempo de salvá-lo. A dor resultante do contato da mão com a estufa quente obriga-nos a retirá-la rapidamente antes de se produzir dano sério. Assim, ao invés de perdermos a mão escapamos com uma ligeira queimadura, que em breve sara. Isto é uma ilustração relativa ao Mundo Físico. Aprenderemos que o mesmo princípio se aplica aos mundos mental e moral. Se ultrajarmos a moralidade o remorso provoca dor em nossa consciência, a qual prevenir-nos-á para não repetirmos o ato. e se não aprendemos a lição da primeira vez a Natureza proporcionar-nos-á experiências cada vez mais duras, até gravarmos em nossa consciência que "o caminho do transgressor é muito duro". Isto continuará até que sejamos forçados a tomar uma nova direção, e a dar um passo a mais para uma vida melhor.

A experiência e o conhecimento dos efeitos que se seguem aos atos". Isto é o objetivo da vida, junto ao desenvolvimento da 'Vontade", que e a força com a qual aplicamos o resultado da experiência. Devemos adquirir experiência, todavia podemos escolher: adquiri-la pelo duro caminho da experiência pessoal, ou pela observação dos atos alheios, raciocinando e refletindo sobre eles, guiados pela luz de qualquer experiência que já tínhamos.

Este é o método pelo qual o estudante de Ocultismo deveria aprender, ao invés de necessitar do látego da adversidade e da dor. Quanto mais desejarmos aprender dessa forma, menos sentiremos os dolorosos espinhos do "caminho da dor", e tanto mais depressa alcançaremos o "caminho da paz".

A escolha é nossa, porém enquanto não aprendemos tudo o que nos cumpre aprender neste mundo, devemos voltar. Não podemos permanecer e aprender nos mundos superiores enquanto não tenhamos dominado as lições da vida terrena. Isto seria tão sem sentido como mandar uma criança ao jardim de infância num dia e ao colégio no dia seguinte. A criança deve voltar ao jardim de infância dia após dia, e freqüentar anos inteiros as escolas de primeiro e segundo graus, antes que o estudo tenha desenvolvido nela a capacidade de compreender os ensinamentos da Faculdade.

O homem também está numa escola - a escola da experiência. A ela deve voltar muitas vezes antes que possa conseguir dominar todo o conhecimento do mundo dos sentidos. Não há vida terrena, por mais rica que seja de experiência, que forneça esse conhecimento. Por isso a Natureza decreta que terá de voltar à Terra depois de intervalos de repouso, a fim de prosseguir o trabalho no ponto em que o deixou, da mesma maneira que uma criança prossegue o estudo na escola a cada dia, após o intervalo de uma noite de sono. Não é argumento contra esta teoria dizer que o homem não recorda as vidas anteriores, uma vez que não podemos relembrar sequer todos os acontecimentos da nossa vida atual! Não recordamos das dificuldades que tivemos para aprender a escrever, contudo dominamos a arte de escrever, o que prova que a aprendemos. Todas as faculdades que possuímos demonstram que as adquirimos alguma vez em algum lugar. Mas existem pessoas que se recordam do seu passado, conforme se relata num exemplo notável ao fim do capítulo seguinte, e que não é senão um entre tantos casos conhecidos.

Além do mais, se não houvesse volta à Terra que utilidade teria a vida? Por que lutar por nada? Por que uma existência feliz num céu eterno deveria ser a recompensa de uma boa vida? Que benefício poderia produzir uma boa vida num céu onde todos são felizes? É fora de dúvida que num lugar onde todo mundo é feliz e contente não há necessidade alguma de simpatia, de sacrifícios, nem de bons conselhos! Ninguém ali precisaria disso. Mas na Terra há muitos que os necessitam e as qualidades humanitárias e altruísticas são da maior utilidade para a humanidade que luta. Portanto, a Grande Lei que trabalha para o Bem traz o homem de volta ao mundo com os tesouros que adquiriu, para benefício dele mesmo e dos demais, ao invés de permitir que tais tesouros se desperdicem no céu, onde ninguém deles necessita.

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