Prefácio

 

 

"Deus é o eterno canto, e nós, seres humanos, formamos seu concerto,

havendo vibração  e rítmo até nos sêres aparentemente inertes da natureza."

 

Irene Gómez Ruggiero

 

Esta obra do rosacruciano Delmar Domingos de Carvalho se insere dentro da literatura espiritualista da  Fraternidade  Rosacruz, que constitui uma associação internacional  de cristãos místicos estabelecida por Max Heindel, em 1909, na California, que procura fazer chegar aos seres humanos desejosos  de compreensão espiritual sua Filosofia, bem estruturada e lógica, que esclarece sobre o porque da existência humana e descortina para nossa mente um plano de evolução  e conquista mais de acordo com nossa sensibilidade espiritual.

Sem dogmas doutrinários, sem sectarismos religiosos, ao contrário, pregando o respeito e o interêsse pelas diferentes doutrinas, incentivando a que cada um permaneça em sua igreja, loja ou escola, em seu templo ou centro, A Fraternidade Rosacruz desenvolve um trabalho desinteressado de prática evangelização esotérica, procurando despertar em todos o ideal de "Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos."

Fundamentada em numerosa bibliografia própria, atualizada pelas investigações de seus discípulos, propugnando pelo diálogo perfeitamente possível da ciência, da arte e da religião a Filosofia Rosacruz lança úteis alicerces para um amanhã melhor, assegurando que em um futuro não muito longínquo o espírito irá predominando acentuadamente sobre a matéria, a mentira será impotente ante a verdade e, aos poucos, todo mal transformar-se-á em bem.

Os rosacruzes sempre estiveram presentes na evolução e no momento sua contribuição aponta a disseminação do cristianismo esotérico,  uma etapa mais avançada do cristianismo, possibilitando mais intensamente a reforma interna dos seres humanos e, consequentemente, seu melhor entrosamento no Plano de Deus. Reforma esta tão necessária para a próxima Era de Aquário, preconizada por Hermes, Pitágoras, os alquimistas da Idade Média, Shakespeare, Francis Bacon, e muitos outros pensadores associados a tradição rosacruz, identificados como rosacruzes ou rosacrucianos.

O desenvolvimento real da consciência, em seus aspectos mais profundos, constitui uma  necessidade no  estado atual do mundo. A magnitude do Plano de Deus não cogita, nem poderia cogitar, da possibilidade de perder-se alma alguma; o inferno nada mais é que uma representação simbólica das forças negativas, e, em última instância, no curso da evolução, todos nos reintegraremos sábios, puros e conscientes em Deus.

No passado se havia ensinado a amar a Deus através do temor, porque a humanidade se encontrava em um estado mental infantil, mas as atuais condições são, certamente, bem diferentes. Há necessidade de meditar e procurar compreender a divina obra da Criação, racionalmente, respeitando suas leis e vivendo em conformidade com elas.

Desde que a humanidade atravessou seu primeiro estado de consciência, sua primeira manifestação de livre arbítrio, no simbolismo de Adão e Eva, duas correntes humanas se seguiram na evolução: a dos filhos de Caim e a dos filhos de Seth, ambas procurando o renascimento para o Reino de Deus - a primeira através do intelecto e a segunda por meio do coração.

Todo o conhecimento de luz acumulado pelos filhos de Caim era guardado na antiga Escola dos Phree Messen, ou Filhos da Luz. Todavia o renascimento para o Reino de Deus, simbolizado na pedra filosofal e no elixir da longa vida, não foi alcançado. A alegoria do mar de bronze e da morte de Hiram Abiff ilustram simbolicamente a história deste fracasso.

Nos tempos bíblicos da era cristã, Hiram Abiff renasce como João, o Evangelista. É iniciado por Cristo no alegorico episódio da ressurreição de Lázaro, encontrando a nova palavra e o novo martelo que lhe tinham sido entregues, quando seu espirito renascera, anteriormente, como Hiram Abiff. E, num renascimento posterior, no século XIII, este grande espírito retorna entre nós, com o significativo nome de Christian Rosenkreutz, e pela primeira vez aparecem determinados conhecimentos com a expressa designação rosacruz, datando, de então, os movimentos rosacruzes, que em épocas esparsas se manifestam na Europa e, ultimamente, nas Américas.

Conforme Max Heindel,

" No século XIII um elevado instrutor espiritual, usando o simbólico nome Christian Rosenkreuz - Cristão Rosacruz -, apareceu na Europa para iniciar esse trabalho. Fundou a misteriosa Ordem dos Rosacruzes objetivando lançar uma luz oculta sobre a mal-entendida Religião Cristã, e para explicar o mistério da Vida e do Ser do ponto de vista científico, em harmonia com a Religião.

Muitos séculos decorreram desde o seu nascimento como Christian Rosenkreuz, o Fundador da Escola de Mistérios Rosacruzes, cuja existência é por muitos considerada um mito. Todavia, seu nascimento como Christian Rosenkreuz marcou o princípio de uma nova era na vida espiritual do mundo ocidental. Esse Ego excepcional tem estado, desde então, em contínuas existências físicas, num ou noutro dos países europeus. Toda vez que seus sucessivos veículos perdem sua utilidade, ou as circunstâncias tornam necessária uma mudança de campo em suas atividades toma um novo corpo. Ainda mais, hoje em dia está encarnado. É um Iniciado de grau superior, ativo e potente fator em todos os assuntos do Ocidente, se bem que desconhecido para o mundo.

Trabalhou com os alquimistas séculos antes do advento da ciência moderna. Foi ele que, por um intermediário, inspirou as agora mutiladas obras de Bacon. Jacob Boehme e outros receberam dele a inspiração que tão espiritualmente iluminou suas obras. Nos trabalhos do imortal Goethe e nas obras primas de Wagner encontramos a mesma influência. Todos os espíritos intrépidos, que se recusam subordinar-se a qualquer ciência ou religião ortodoxa, que fogem das escravidões e procuram penetrar nos domínios espirituais sem pretensões de glória ou de vaidade, tiram sua inspiração da mesma fonte, como fez e faz o grande espírito que animou Christian Rosenkreuz.

Seu próprio nome é a corporificação da maneira e dos meios pelos quais o homem atual é transformado em Divino Super-homem. Esse símbolo,

Christian Rosenkreuz

ou

 Cristão Rosa Cruz

mostra o fim e o objetivo da evolução humana, o caminho a ser percorrido e os meios pelos quais alcançará essa meta. A cruz branca, os galhos verdes da planta que a entrelaçam, os espinhos e as rosas vermelho-sangue, ocultam a solução do Mistério do Mundo: a evolução passada do Homem, sua constituição presente, e especialmente o segredo do seu futuro desenvolvimento.

Observando as etapas evolutivas da humanidade, desde seus primordios, vemos inicialmente com Orfeu, cuja existência se perde na aurora dos tempos, e a seguir com Rama, Krishna, Buda, Hermes, Zoroastro, Pitágoras, os Essênios, os Alquimistas e modernamente os Rosacruzes - Escolas onde brilha a Luz. Conforme São João nos diz, "Deus é Luz", e se analisamos, isto é, fazemos comparações entre os conhecimentos ministrados pelas Escolas que citamos na evolução de nosso planêta através das constelações zodiacais, encontramos que para cada época que a humanidade atravessa, um diferente conhecimento (em grau, mas não em essência) lhe é proporcionado, justamente para preencher uma necessidade específica, própria desse período de tempo.

Em épocas anteriores, a Ordem levou seus ensinamentos a várias sociedades secretas da Europa e de outras partes do mundo. No século XVII, pela primeira vez, surgem, publicamente, os Manifestos, desde a Fama até às Núpcias Químicas de Christian Rosenkreuz, e o movimento rosacruciano ganha forte vitalidade inspirando a formação de uma civilização fraterna, livre e saudável. Outras sociedades Rosacruzes reivindicam ser descendentes diretas dos primitivos ramos da antiga Ordem Rosacruz. A Fraternidade Rosacruz não tem ligação com essas organizações, mas simplesmente representa o renascimento da Ordem no Mundo Ocidental.

A Fraternidade Rosacruz, fundada por Max Heindel, sob a orientação direta dos Irmãos Maiores da Ordem, é representante autorizada para o presente período da antiga Ordem Rosacruz, da qual Christian Rosenkreuz ou Cristão Rosacruz é o Cabeça. Esta não é uma organização terrena, mas tem seu Templo e seu Quartel General, no plano etérico. Ele autorizou Max Heindel a formar a Fraternidade com o propósito de levar os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental ao Mundo Ocidental. O adiantamento dos povos da América nestes últimos anos foi tão grande que a Ordem resolveu estabelecer o centro esotérico nesse continente. A Fraternidade Rosacruz é a sua última manifestação em forma física, dando ao mundo a mais recente interpretação dos Ensinamentos Rosacruzes, usando os termos científicos atualizados, mas ao mesmo tempo procurando ser simples e clara, sem abstrações ou tecnicismos que poderiam parecer confusos.

O principal trabalho da Fraternidade é disseminar a doutrina esotérica da Religião Cristã, porque a Filosofia Rosacruz é considerada cristã-esotérica. É o fundamento da Religião Universal no mundo, porque o Cristo tem a seu cargo a evolução humana, durante o presente Grande Ano Sideral, de aproximadamente 26.000 anos.

No presente trabalho do escritor rosacruciano  Delmar Domingos de Carvalho,"A ROSA, RAINHA DAS FLORES, SÍMBOLO MÍTICO, MÍSTICO E ESOTÉRICO E OS ROSACRUZES NA FILATELIA" o caminho da rosa é exibido nas entrelinhas da tradição cultural de todos os povos. A rosa, simbolicamente,  está associada à luz anímica . Podemos apreender na exposição do autor uma visão da Escola Rosacruz, como uma tradição que atravessa a história. Cumpre a tradição rosacruz, um fim belíssimo, tendo como missão elevar os aspirantes espirituais para que possam atingir a nota esotérica do verdadeiro Cristianismo, que se sintetisa em amar ao próximo como a si mesmo.

Alexandre David

Rio de Janeiro, Brasil