O Homem e a Obra

 


Max Heindel.


Max Heindel

1ª Parte


Dados biográficos de Max Heindel. Aspectos astrológicos do seu tema. O nome iniciático e a mitologia nórdica. A missão na europa e nos Estados Unidos da América do Norte. Obra literária.


 

Em 23 de Julho de 1865 o Sol havia entrado no seu próprio signo zodiacal — o Leão — onde estava a catorze minutos, mas já sobre o horizonte estava no mesmo signo, onde entrara cerca de nove hora antes; a Parte da Fortuna e Mercúrio, assim como também o Ascendente, estavam igualmente no Leão; e, no dinâmico signo do Carneiro, no meio do Céu, estava Neptuno, o Senhor do domínio Espiritual!

Mapa Astrológico de Carl Louis Frederick Von Grasshoff (MAX HEINDEL)

O ascendente era muito poderoso!

Na casa astrológica significadora do lar e da pátria e estava o Mestre da Rectidão, Saturno, e a Cabeça do Dragão, separados apenas por um grau e doze minutos!

Naquele dia, ao nascer o Sol, nascia também aquele menino que se chamaria CARLOS LUÍS GRASSHOFF, no seio duma nobre família dinamarquesa, coma elevada missão de lançar um movimento em favor do ideal cristão, ajudando, assim, a restituir à sua pureza primitiva os ensinamentos de Cristo, completamente deturpados pela ignorância e maldade de certos seres humanos.

O Leão é a casa do Sol e este é o assento desse Grande Ser a quem nome de CRISTO CÓSMICO, para o distinguirmos de Jesus Cristo, visto serem duas entidades bem distintas uma da outra, pois enquanto Jesus Cristo fomenta o impulso da perfeição Humanidade e das suas instituições, o CRISTO CÓSMICO rege todo a nosso sistema solar, e na Igreja Católica é simbolizado na hóstia e na custódia, chamando-se-lhe o “Santíssimo”.

Estando no Leão, o Sol está em todo o seu poder e glória; em conjunção com a Lua, que tem a missão de reflectir os seus raios vitalizantes e fecundadores (a Lua está separada do Sol apenas cerca de quatro graus e meio) e dentro do campo de influência do Ascendente e da Parte de Fortuna (esta indica sempre o ponto de maior actividade num tema astrológico) e ainda favorecido pela presença de Mercúrio no mesmo sigilo, mais poderoso ainda tornou o Ascendente!

E a juntar mais poder espiritual, vemos, na casa dez, a da posição social, Neptuno e a Cauda do Dragão, ambos no mais dinâmico dos doze signos do Zodíaco – o Carneiro.

Por tudo isto se vê que esta criança trazia consigo um alto poder espiritual, que o faria profundo investigador nos domínios do Espírito, onde se notabilizaria, por descerrar o véu que nos separa do Mundo Espiritual.

Muito cedo CARLOS LUÍS GRASSHOFF deixou a sua família e a sua pátria, pois Saturno a isso o impeliu, para que melhor se preparasse para o mais perfeito desempenho da sua alta Missão.

Por isso ele abandonou a sua cidade natal, Copenhaga, e a sua pátria, Dinamarca, para ir pelo mundo além ver outros povos, usos e costumes diferentes, com o fim de conhecer melhor os seres humanos. e assim crescer mais depressa animicamente.

Chegou o tempo em que tomaria definitivamente o caminho espiritual e então ele, que já tinha abandonado os laços sanguíneos de família, abandonou também o seu nome de baptismo, tomando outro que resu-miria toda a sua elevada aspiração: MAX HEINDEL.

É interessante conhecer a razão disso.

ODIN, o supremo deus dos povos escandinavos antigos, teve na Dinamarca notável influência. Seu filho, HEIMDALL, que via durante a mais densa noite como durante o mais claro dia, tinha apuradíssimos todos os seus sentidos e por isso fora nomeado guardião do arco-iris e para impedir os gigantes das montanhas de entrarem nos domínios celestes, por serem indignos dessa glória.

CARLOS LUÍS GRASSHOFF encontrou em HEIMDALL o simbolismo que convinha à realização do seu ideal, e então, ao iniciar a sua nova fase evolutiva, adoptou como nome iniciático o desta divindade, alterando um pouco a sua construção: mudou o M, em N, o A em E e suprimiu um dos LL finais, passando a chamar-se e a assinar as suas obras com um novo nome: MAX HEINDEL.

Era seu Íntimo desejo tornar-se o mais sensível que pudesse ao Poder Divino, com o fim de buscar sabedoria espiritual e terrena que pudesse repartir com os seres humanos que estivessem necessitados dela para adiantarem a sua ascensão espiritual, e de facto conseguiu realizar o seu caro anelo!

Deu vida nova à FRATERNIDADE ROSACRUZ, a que deu tudo quanto possuía de terreno e de celeste! Mas, quando tinha realizado esta Obra extraordinária que tem a sua sede no cume de um monte próximo da cidade de Oceanside, na comarca de San Diego, Califórnia, abandonou a existência terrena, tendo apenas 53 anos, cinco meses e catorze dias, deixando sobre a Terra, em que tanto sofreu, lutou e aprendeu, um rasto de luz espiritualizante e de saudade, para regressar à verdadeira Pátria, o Mundo Espiritual ou Celeste.

Cem anos depois do seu nascimento MAX HEINDEL vive ainda na sua magnífica obra e em nossos corações, e por isso a FRATERNIDADE ROSACRUZ atingiu um alto desenvolvimento, não somente na sede, mas por entre os povos cultos.

E vai dando os mais belos frutos, tanto no campo religioso, tornando a religião mais cristalina e forte, libertando-a de superstições e erros grosseiros, como no científico, pois a Filosofia Rosacruz, inteiramente cristã, harmoniza-se perfeitamente com a ciência e com o progresso.

Foi actualizada e trazida ao público em geral por MAX HEINDEL, que a converteu numa verdadeira ciência da vida, dando ajuda aos sãos e aos enfermos, procurando iluminar a consciência de todos e torná-los. assim mais felizes e aptos para as lutas que constituem a vida de cada um de nós.

Vale a pena ir a Oceanside, subir ao Monte da Igreja e dali admirar, não somente o maravilhoso panorama que se desfruta em todas as direcções, mas toda a obra ali realizada por MAX HIEINDEL, a qual transformou um solo inculto e mau num verdadeiro asilo de paz, onde se
retemperam as energias do corpo e as da alma.
A obra literária de MAX HEINDEL, em que palpita o seu coração bondoso e o seu intelecto profundo e harmonioso, o que constitui o verdadeiro selo do grande ocultista e místico cristão, é um verdadeiro tesouro para os mais adiantados seres humanos.

Em 23 de Julho de 1965 fechou-se um ciclo de cem anos sobre o nascimento de um Grande Iniciado Cristão que passou à História com o nome inconfundível de MAX HEINDEL. E, por este facto, de tão grande importância, justifica-se plenamente o júbilo que inunda os corações dos seus seguidores, que, de alma transbordante de gratidão para com o Mestre, festejam este dia e lhe pedem o seu auxílio para caminharem com maior segurança na senda cristã por ele aberta com sacrifícios de toda a ordem, em pouco mais de dez anos!

Max Heindel despediu-se em 6 de Janeiro de 1919, para regressar ao mundo espiritual.


- Francisco Marques Rodrigues


Max Heindel

 

2ª Parte

 

 


 

Aarhus, a segunda maior cidade da Dinamarca, onde nasceu Carl Louis Fredrik Von Grasshoff


Max Heindel, iniciado rosacruciano, nasceu no dia 23 de Julho de 1865. Seu pai era François L. Von Grasshof, de uma nobre família ligada à Corte Alemã no tempo do Príncipe de Bismarck. Depois de emigrar para Copenhaga, Dinamarca, conheceu e casou-se com uma senhora dinamarquesa, de cuja união nasceram três filhos. O mais velho destes foi Carl Louis Von Grasshoff, que mais tarde adoptou o pseudónimo de Max Heindel.


De pé, sua irmã Anna Emilie e seu irmão Louis Julius August; sentada, sua mãe, Anna Sorine Whithen Grasshoff


Com a idade de dezesseis anos, Max Heindel matriculou-se nos estaleiros de Glasgaw, Escócia, onde estudou engenharia. Como Engenheiro de um navio da marinha mercante visitou muitos países, adquirindo assim um con hecimento superior do mundo e dos povos.


Max Heindel ( c.21-22 anos), sua primeira esposa , Cathy, e a filha mais velha, Wilhelmine



Durante vários anos foi engenheiro chefe de um grande barco de passageiros da “Cunard Line”, que fazia viagens entre a América e a Europa.

Entre os anos de 1895 e 1901, foi engenheiro consultor na cidade Nova Iorque. Nessa altura casou, casamento que terminou com o falecimento de sua esposa em 1905. Um filho e duas filhas nasceram deste casamento.

Depois de visitar Los Angeles, Califórnia, em 1903, Max Heindel começou a interessar-se pelo estudo da metafísica, tornando-se membro Sociedade Teosófica, sendo o seu vice-presidente de 1904 a 1905. Foi neste período que começou a desenvolver-se nele um desejo cada vez mais intenso de compreender a causa das mágoas e dos sofrimentos da humanidade e de ajudar a suavizá-los. Começou então a estudar Astrologia, tendo descoberto, com imensa alegria, que esta lhe dava a chave com a qual podia desvendar os mistérios da natureza intima do Homem. Foi também nessa ocasião que conheceu a senhora Augusta Foss, que mais tarde se tornou sua esposa e devotada auxiliar.

Em 1905, durante uma grave doença do coração, que se prolongou por vários meses, Max Heindel sentiu mais intensamente do que nunca a necessidade para o ser humano de conhecer a razão dos seus sofrimentos e amarguras. Começou então, uma viagem de conferências a qual, interrompida na Califórnia pelo terramoto de São Francisco, foi dirigida para Seattle e outras cidades do norte, do país.

Quando se encontrava em Minnesota, no Outono de 1905, Max Heindel foi persuadido por uma amiga a ir a Berlim, Alemanha, onde ela tinha a certeza de que este encontraria o mestre e a ciência que procurava.

Todavia, não encontrou ele o que buscava, e após uma breve estadia, decidiu-se a regressar aos Estados Unidos, imensamente desapontado.

Ao encontrar-se de novo no seu quarto, profundamente desanimado, apareceu-lhe um Irmão Mais Velho da Ordem Rosacruz, um dos Hierofantes dos Mistérios, que se ofereceu para lhe dar a conhecer os ensinamentos que procurava, desde que deles guardasse segredo.

Tendo procurado e orado durante anos para que lhe fosse possível encontrar algo com que pudesse mitigar a fome da alma humana, e tendo conhecido os anseios do seu próprio coração, Max Heindel não podia fazer tal promessa.

Recusou-se a aceitar fosse o que fosse que não pudesse compartilhar com os seus irmãos, cuja alma também tinha fome. O Irmão Mais Velho deixou-o.

O desapontamento de Max Heindel foi intenso e assim decorreram muitos dias infelizes. Então o Mestre apareceu de novo no seu quarto e disse a Max Heindel que ele havia suportado a prova.

Se este tivesse aceitado a oferta dos ensinamentos sob condição de os conservar secretos, ele não teria voltado. Também lhe foi dito que havia estado sob observação durante vários anos como um possível candidato para divulgar os ensinamentos publicamente, o que tinha de ser feito antes do final de Dezembro de 1909.

Então, o Mestre instruiu Max Heindel sobre a maneira de alcançar o Templo da Rosa Cruz, que se situava perto da fronteira entre a Boémia e a Alemanha. Neste Templo passou Max Heindel mais de um mês em comunicação directa com e sob as instruções pessoais dos Irmãos da Rosacruz, lhe deram a conhecer a maior parte dos ensinamentos contidos no CONCEITO ROSACRUZ DO COSMO.

A primeira redacção deste livro fora apenas um esboço, disse-lhe o Mestre. Max Heindel iria desejar escrevê-lo de novo, depois do seu regresso aos Estados Unidos.

Embora nessa altura duvidasse, a predição, realizou-se, e foi iniciada na cidade de Nova Iorque a nova redacção desta monumental obra.

Ao tornar-se calor demasiado intenso, deslocou-se para Búfalo, onde terminou o manuscrito em Setembro de 1908.

O problema que a seguir se apresentou a Max Heindel foi como publicar o CONCEITO ROSACRUZ DO COSMO, de que forma ,os meios, etc. Em virtude do calor daquela estação do ano, as suas palestras não foram tão bem sucedidas como seria desejável. Mais tarde encontrou um bom campo para o seu trabalho em Columbos, Ohio, onde a senhora Rath-Merrill e sua filha o auxiliaram a esboçar os diagramas do CONCEITO ROSACRUZ DO COSMO.

Max Heindel passou nesta cidade diversos meses, fazendo conferências e ensinando com grande êxito. Formou então o primeiro Centro Rosacruz, em Novembro de 1908. Após as conferências distribuía gratuitamente exemplares das vinte conferências da série CRISTIANISMO ROSACRUZ. Andava quilómetros por dia, para colocar anúncios em locais bem visíveis pelo público; escreveu artigos para os jornais e entregou-os aos editores — alguns dos quais expressavam ideias absolutamente contrárias às que prevaleciam então.

Todavia, Max Heindel, com a sua atraente personalidade, conseguia convencê-los, obtendo por vezes um artigo de uma página inteira, que atraía considerável número de pessoas.

Depois de fazer vinte conferências em Columbos, foi para Seattle, onde havia feito muitos amigos em 1906. Um destes amigos, Patterson, não só o ajudou a colocar o CONCEITO ROSACRUZ DO COSMO nas mãos do editor, como, sendo ele próprio editor, tinha possibilidade de lhe dar valiosos conselhos sobre o movimento editorial. Jessie Brewster e Kingsmill Commander foram também auxiliares preciosos, ajudando-o a editar o manuscrito.

Aqui, numa reunião de estudantes, em 10 de Agosto de 1909, foi sugerido que se formasse, do ponto de vista jurídico, uma instituição, para defesa dos valores rosacruzes. Max Heindel seguiu a sugestão e assim apareceu a Fraternidade Rosacruz com a actual dinâmica.

Max Heindel e sua última esposa, e companheira de ideal, Augusta Foss Heindel

 

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