A Ação Silenciosa
José
Gonçalves Siqueira
14 de Nov. 1908
– 15 de Jan. 2007
Irmão
Probacionista
Co-fundador
da Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil
Mãos,
por Albrecht Dürer (
1471-1528)
Durante
os últimos
séculos
os Irmãos
têm
trabalhado ocultamente pela humanidade.
Assim, à
medida que as circunstâncias
necessitem surge uma informação,
uma
pessoa como elemento necessário
para tornar fáceis
de sarem vividas, sem traumas
ou poucos deles, aquelas ocorrências.
É
o que ocorreu - suponho - com o Dr. Alexis Carrel nas décadas
de 30 e 40, quando escreveu "O Homem, Esse Desconhecido"! Por essa
razão,
acreditando que
tenha havido uma correlação
com o trabalho daqueles veneráveis
Irmãos,
ouso transcrever
o seu artigo: "Como se deve orar"
Como
se deve orar?
Aprendemos
a técnica
da oração
com os místicos
cristãos,
desde S.Paulo
até
S.Bento incluindo essa multidão
de apóstolos
anônimos
que durante vinte séculos
iniciaram os povos do ocidente na vida religiosa. O Deus de Platão
era inacessível
na sua grandeza; o de Epiíeto confundia-se
com a alma das coisas e Jeovah era um
déspota
oriental que
inspirava terror e não amor. O
Cristianismo, pelo contrário,
colocou Deus ao alcance do homem Deus deu-lhe uma face; fê-lo nosso Pai,
nosso
Irmão
e nosso Salvador. Para atingir Deus, não
há
necessidade de um cerimonial complexo,
nem de sacrifícios
sangrentos. A oração
tornou-se assim, fácil
e sua técnica
simples.
Para
orar, basta somente o esforço
de nos elevarmos até
Deus; tal esforço porém, deve ser
efetivo - ou afetivo ? - e não
intelectual. Uma meditação
sobre a grandeza
de Deus, por exemplo, não
é uma
oração, a
não ser que
seja, ao mesmo
tempo,
uma expressão
de amor e fé.
E assim a oração,
segundo o processo de La Salle,
parte
de uma consideração
intelectual para tornar-se efetiva .
Seja
curta ou longa, seja vocal ou apenas mental, a prece deve ser semelhante
à
conversa que uma criança
tem com seu pai. "Cada um se apresenta conforme
é",
dizia uma pobre "Irmã
de caridade" que há
trinta anos dedicava sua vida a serviço
dos pobres.
Em
suma: ora-se como se ama - com todo o nosso ser.
Quanto
à
forma de oração,
varia desde a curta elevação
a Deus até
a contemplação;
desde as simples palavras pronunciadas pela camponesa que se ajoelha
perante
a cruz na encruzilhada dos caminhos até
a magnificência
do canto gregoriano sob
as abóbadas
de uma catedral.
A
solenidade, a grandeza e a beleza, não
são
necessárias
para a eficácia
da oração.
Poucos homens têm
sabido orar como S.João
da Cruz ou como S.Bernardo
de Clairvaux, não
havendo necessidade de ser eloqüente
para ser atendido. Quando se
aprecia o valor da oração por
seus resultados, nossas mais humildes palavras de louvor são
tão
aceitáveis
pelo Senhor de todos os seres como as mais belas invocações.
Fórmulas
recitadas maquinalmente são
também,
de qualquer forma, uma oração.
Sucede o mesmo com a chama de um círio.
Basta para isso que essas fórmulas
inertes
e essa chama material simbolizem o arroubo de um ser humano para Deus. E
também
se ora por meio de ação,
pois S.Luiz Gonzaga dizia que o cumprimento do dever é
equivalente a uma oração.
A melhor maneira de comunicar-se com Deus, é
incontestavelmente,
cumprir a Sua Vontade.
"Pai
nosso, venha a nós
o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim
na Terra como nos Céus ...". Fazer a
vontade de Deus consiste, evidentemente em
obedecer às
Leis da Vida, tais como elas se encontram gravadas em nossos tecidos, no nosso
sangue e no nosso espírito.
As
orações
que se elevam como uma pesada nuvem da superfície
da Terra, diferem tanto uma das outras como diferem as personalidades
daqueles que rezam.
Mas consistem em variações
sobre estes dois mesmos temas: amargura e amor. É
inteiramente justo implorar o auxílio
de Deus para obter-se aquilo que temos necessidade;
no entanto, seria absurdo pedir realização
de um capricho ou solicitar aquilo
que devemos procurar com nosso próprio
esforço.
O pedido inoportuno, obstinado
e agressivo é
bem sucedido. Um cego sentado à
beira do caminho, lançava suas
súplicas
cada vez mais alto, apesar das pessoas que o queriam mandar calar. "A
tua
fé
te curou", disse Jesus que passava. Na sua forma mais elevada, a oração
deixa de ser
uma petição.
O homem declara ao Senhor de todas as coisas que O ama, que lhe agradece
as dádivas
e que está
pronto a realizar a Sua Vontade, seja qual for.
A
contemplação
também
pode representar a oração.
A um velho | camponês que
estava sozinho no último
banco da igreja vazia, perguntaram: "Que esperais?" "Olho para Ele", respondeu o homem, e
"Ele olha para mim".
Ó
valor de uma técnica
avalia-se por seus resultados. Qualquer técnica
de oração
é
boa quando põe
o homem em contato com Deus. Que as Rosas
floresçam em Vossa Cruz!
|