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Centro Autorizado do Rio de Janeiro

CARTA Nº 80

Julho de 1917

AJUSTANDO OS ENSINAMENTOS À COMPREENSÃO DOS OUTROS

Recentemente recebemos uma carta de Seattle que nos oferece uma excelente sugestão. Nosso amigo escreve: “Outro dia, entrei na cidade de Ballard e pedi o “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Antes de sair, procurei as páginas das tabelas de alimentos e levei o livro aberto até a escrivaninha da bibliotecária. Mostrei-lhe a tabela e disse: ‘Eis aqui uma valiosa tabela’. Depois de tê-la examinado, ela respondeu: ‘Quantas vezes pediram-me uma tabela como essa’. Então me lembrei de que outros estudantes ao entrarem numa biblioteca poderiam igualmente estar interessados e buscando algo sobre esse assunto. Sendo assim, a bibliotecária classificaria o “Conceito” como um livro que também contém matéria sobre saúde e alimentação e, desta forma, o livro chegaria às mãos de alguns que entre outras coisas, estão procurando a luz que ele contém”.

Isto é certo numa extensão muito maior do que normalmente poderíamos supor. Maravilhosos são os caminhos, os meios e os lugares em que a Luz nos atinge, não só quando não a procuramos conscientemente, mas até quando afirmamos que não existe nenhuma luz no sentido espiritual ou ainda quando classificamos de farsantes aqueles que a seguem. Para mim, foi muitas vezes uma inspiração e um manancial de estímulo pensar na viagem de Paulo a Damasco. Ele era um homem que se envaidecia do zelo com que perseguia os santos. Ninguém mais diligente do que ele em derrubar o que acreditava ser uma condenável heresia. Mas, as almas fortes são as preferidas dos deuses, tanto se trabalham para o bem como para o mal, porque aquela energia indomável, irresistível que as empurra à ação, ainda que canalizada temporariamente para maus propósitos, será igualmente poderosa quando dirigida para os canais do bem. Paulo era um favorito especial dos deuses, e por isso, recebeu uma luz imensamente forte que o deixou cego, precisamente quando a buscava no seu caminho para Damasco. Então, foram-lhe dados uma compreensão e um conhecimento muito superior ao de qualquer outro apóstolo. Foi escolhido para uma missão especial e a capacidade de ser todas as coisas para todos os homens.

Os nossos estudantes queixam-se, com frequência, que não conseguem que seus familiares e companheiros compreendam os Ensinamentos Rosacruzes. Um dia destes, olhando para a caixa de ferramentas em Mt. Ecclesia lembrei-me de uma demonstração fácil de compreender. Nela havia um bom número de chaves inglesas, umas grandes, outras menores, cada uma apropriada para atuar na medida de um determinado parafuso; também havia algumas que eram ajustáveis dentro de certos limites. Ao ver estas últimas, verifiquei que uma chave de tamanho tão pequeno, algumas vezes pode ser muito mais útil do que outra de maiores dimensões; tudo depende da medida do parafuso. Para um, precisamos de uma chave menor, para outro de uma chave maior. Da mesma forma, ao nos encontrarmos no mundo com outras pessoas, precisamos medi-las para ver o que necessitam. Muitos de nós estudamos profundamente os Ensinamentos dos Mistérios e adquirimos um grande conhecimento desses assuntos. Podemos comparar-nos às chaves grandes que são totalmente inúteis para lidar com os parafusos pequenos, tais como as pessoas que não foram afetadas por estes conhecimentos. Em tais casos, não devemos tentar transmitir o nosso profundo saber falando-lhes por cima das suas cabeças, mas devemos procurar descer ao seu nível e transmitir-lhes certos conhecimentos da mesma maneira elementar que nos foram explicadas quando principiamos.

Em outras palavras, devemos ser ajustáveis como algumas das chaves da caixa de ferramentas. Ao enfrentarmos um auditório estranho, tentemos entender o seu nível de compreensão e usar a linguagem mais simples possível. No entanto, quando encontramos estudantes mais evoluídos, capazes de compreender problemas mais profundos, podemos entender-nos tanto quanto a nossa capacidade o permita, com considerável proveito e benefício para nós próprios e para os que nos escutam. Acima de tudo, aprendamos com Paulo a ser todas as coisas para todos os homens, se não quisermos perder o objetivo que perseguimos, isto é, levar a luz às almas que buscam.