O SERMÃO DA MONTANHA
Por um Probacionista
O Sermão da Montanha tem tido uma longa e variada história de interpretação. Para Agostinho, que escr
eveu um tratado sobre o sermão quando ainda era bispo em Hipona, seria “a perfeita regra ou padrão da vida cristã” – uma nova lei em contraste com a antiga. As ordens monásticas interpretavam-no como um “conselho de perfeição”, destinado não para a população em geral, mas para alguns poucos escolhidos. Os reformadores julgavam-no “a expressão franca da justiça divina dirigida a todos”. Tolstoi, o novelista russo e, nos últimos anos de vida, reformador social, sumariou-o em cinco mandamentos – supressão de toda ira, castidade, eliminação de juramentos, não-resistência e amor sem reservas aos inimigos – que, se forem literalmente obedecidos, suprimirão todos os males existentes e darão início a um reino utópico. Os filósofos e teólogos Weiss e Albert Schweitzer afirmavam que suas exigências são por demais radicais para todos os tempos, e por isso declararam-nas “ética interna” para os cristãos primitivos, que acreditavam que o fim de todas as coisas estava próximo. Outros ainda, dando espaço à linguagem figurada, compreendiam que o Sermão da Montanha é a expressão de uma nobre maneira de pensar – que ensinaria aquilo que o homem deve ser, e não aquilo que ele deve fazer.
A Exegese da Ortordoxia
Assim sendo, o intérprete ou exegeta ortodoxo dos séculos XX e XXI, defronta-se com um perplexo número de “chaves” para abrir o sentido essencial do Sermão da Montanha. Como, pois, a Igreja interpreta o Sermão da Montanha? Os seguintes pontos podem, pelo menos, fornecer-nos alguma orientação dentro da lógica ortodoxa:
1- Embora apresentado em linguagem poética e simbólica, o sermão exige uma qualidade de conduta ética que deve ser entendido conforme suas espantosas dimensões;
2- Jesus não estava estabelecendo um novo código de regulamentos legais, mas apenas declarando grandes princípios éticos e como estes princípios afetam a vida daqueles que pertencem ao reino;
3- O sermão não é um programa para o melhoramento direto do mundo, mas visa antes àqueles que tenham renegado ao mundo, a fim de entrar no reino;
4- O sermão não é nem um ideal impraticável nem uma possibilidade completamente inatingível.
Segundo as palavras de S.M. Gilmour, é “a ética daquela ordem transcendental que irrompeu na história de Jesus Cristo, transformou-se em história com a igreja, mas cuja completa realização jaz para além da história, quando Deus vier a ser tudo em todos”.
Da obra “DEUS na filosofia do Século XX”, onde os autores discorrem sobre os trabalhos filosófico-teológicos de cerca de 45 (quarenta e cinco) pensadores do século passado, destaquei o pensamento de dois filósofos que dissertam sobre o assunto: Ernst Troeltsch (1865 – 1923) e Jean-Paul Sartre (1905 – 1980).
Ernst Troeltsch diz o seguinte: “Ao lado do tipo de Igreja (cristã) que certamente foi predominante, desde o começo apresentou-se também o tipo de Seita, ou seja, o tipo de uma comunidade restrita de crentes na pregação de Jesus, que quer aplicar de modo radical os princípios da santificação pessoal e do amor. Enquanto a Igreja tem um caráter predominantemente objetivo e institucional, “a seita é, pelo contrário, a comunhão da voluntariedade e da adesão consciente; tudo nela depende da efetiva ação e participação pessoal”. Ela se liga diretamente ao Sermão da Montanha e “reúne os eleitos da vocação e os contrapõe categoricamente ao mundo”. Aspirando a realizar pequenas comunidades de crentes e não tendo interesse em compromissos com o mundo, a seita evoca diretamente o direito natural absoluto, identificado com a lei do amor pregada e testemunhada por Jesus Cristo e resumida no Sermão da Montanha.
“Também no tipo da seita se deve, porém, distinguir duas tendências fundamentais, uma mais conservadora, outra mais revolucionária. A primeira encontra-se na seita que se mantém puramente fiel ao Sermão da Montanha e é orientada a suportar com paciência os sofrimentos e os males do mundo, adiando o triunfo da lei natural e cristã absoluta para os fins dos tempos. A segunda, por sua vez, encontra-se na seita combativa e reformadora, que se vincula, além de ao Sermão da Montanha, ao pensamento do Reino de Deus e da sua realização no mundo.”
A Visão Redormadora - a realização do pensamento do Reino de Deus no mundo
Jean-Paul Sartre, na tentativa de provar seu pensamento ateísta, revela-nos, inconscientemente, quase uma definição correta da conquista interior do homem em sua busca pela verdade. Assim, diz Bertrand Russell: “Podemos, sem dúvida, encontrar nos raciocínios de Sartre ecos da tese de Feuerbach, que é a versão antropológica da instituição agostiniana, segundo a qual a alma humana é apenas um rasto imperfeito dos esse, nosse, velle perfeitos de Deus. Para Sartre, em suma, ‘o homem é o ser que projeta ser Deus’. Para além dos ritos e mitos das religiões positivas, Deus é, antes de tudo, “sensível ao coração” do homem, que O anuncia e O define em seu projeto último e fundamental: “Ser homem é tender a ser Deus; ou, caso se prefira, o homem é fundamentalmente desejo de ser Deus”.
O ateísmo de Sartre, que também seria um signo de emancipação humana, paga-se, porém, com a solidão e o desespero: “Ele é a convicção de que o homem é um criador, e que está abandonado, sozinho, no mundo.
Torna-se evidente, segundo o que foi dito, e nessa desestruturação do sentimento religioso realizada por Sartre, uma derrapagem do discurso sobre planos diversos i.é. a “constitutividade do ser olhado, Deus, é o olho eterno sempre presente... Assim Deus, é objeto de uma crença marginal, ou seja, crê-se Nele somente quando se pensa Nele”.
Nos comentários sobre o Sermão da Montanha, na The New Oxford Annotated Bible, Mateus relata o acontecimento redigindo assim: “Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte...”
“Jesus, assim como Moisés (Êxodo 19.3), ascende a uma montanha para iniciar seus ensinamentos”. Interessante notar que o termo utilizado nos comentários é “ascends a mountain”, enquanto no texto do Evangelho encontramos a expressão “went up the mountain”. Em Êxodo nós lemos: “Subiu Moisés até Deus, e do monte o Senhor o chamou...” Referindo-se a esta passagem, há a seguinte anotação de rodapé: “O estilo litúrgico expressa a solenidade da ocasião. Deus já havia aparecido a Moisés na montanha sagrada...”, que, segundo o autor, seria o monte Sinai, também chamado Horeb. E, mais adiante, lê-se: “O povo pediu a Moisés que fosse o mediador da aliança, uma vez que ele (o povo) não podia ouvir diretamente a voz de Deus”.
Já a Bíblia de Estudo Plenitude, em suas notas de rodapé, apresenta-nos o seguinte comentário, referindo-se à montanha: “A localização do monte é incerta, mas é provável que ficasse próxima dos arredores de Cafarnaum”. E destaca como palavra-chave do estudo a palavra “subiu”, em hebraico ‘alah, que se traduz por ascender, ir para cima, subir, e explica que este verbo aparece mais de 800 vezes no Antigo Testamento, sendo que além do significado óbvio de “subir”, ‘alah também pode significar “trazer” ou “oferecer”, quando se refere ao sacrifício, uma vez que a oferta queimada é denominada ‘olah, porque a sua fumaça subia aos céus. No salmo 24.3, ‘alah refere-se aos justos que sobem o monte santo de Deus. ‘Alah é também a raiz da palavra ‘aliyah, “ascensão” ou “subida” referindo-se especialmente ao ato de subir o monte Sião ou do retorno de Israel da terras da diáspora. Por fim, ‘alah é a raiz de ‘elyon, que significa “o mais alto” e que faz parte do título divino ‘El ‘Elyon, ou seja, o Deus Altíssimo.
O MISTÉRIO DO SOLSTÍCIO DE VERÃO
Existe uma entidade planetária que é construída pelos pensamentos e ações da humanidade. Quando o homem encontra o caminho da redenção através da castidade, o corpo da Terra é, por semelhança e conseqüência, purificado e refinado. O destino final da Terra é tornar-se uma esfera de luz flutuando em um mar de éter dourado. A disseminação dos conhecimentos concernentes à redenção da Terra, seu futuro “status”, posição e função, constituem parte do trabalho pertencente ao exaltado nono grau dos Mistérios Menores que é celebrado nas noites dos Solstícios de Inverno e de Verão. De fato, este acontecimento não é possível de ser observado em qualquer outra ocasião. Os Solstícios marcam o tempo no qual as vibrações da Terra são elevadas e quando os raios cósmicos da vida de Cristo estão ou ingressando ou se retirando do planeta – o primeiro durante o Solstício de Verão e o último no de Inverno.
Cristo, o Mestre destes Mistérios, após chamar os Doze, deu-lhes no Dia do Solstício de Inverno (para o hemisfério norte e Verão para o hemisfério Sul) os fundamentos da religião para a Nova Era, os fragmentos que, quando juntados, formam o Sermão da Montanha. Este trabalho foi permeado com espírito de amor, unidade, harmonia, e a unicidade que emanava do Mundo-Lar de Cristo; conseqüentemente, aqueles que não tiverem sido tocados pelo Cristo como consciência unificada, acharão estes elevados ensinamentos ilógicos, sentimentais e impraticáveis. Entretanto, aqueles que tiverem contato com a luz desse elevado reino sabem que nele encontrarão a nota-chave da verdadeira Dispensação Cristã.
“Mateus 5: 1-2 – E vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, quando se assentou, aproximaram-se seus discípulos; e Ele abrindo Sua boca passou a ensiná-los,(dizendo)”.
Esta montanha representa a consciência espiritual, os planos internos onde estão localizados todos os verdadeiros Templos de Mistérios. As Igrejas, escolas, grupos, e organizações acima do plano físico são os canais preparatórios adequados aos discípulos para entrarem no profundo serviço espiritual, desde que qualificados para tal. O serviço no plano-interno dado aos pioneiros de determinada era transforma-se na religião estabelecida para as massas da era seguinte. Então, através da evolução ou progresso espiritual, Deus está constantemente revelando amplos e grandes panoramas de Seu plano para o destino final do homem.
Somente aqueles que são capazes de seguir o Mestre nos planos superiores recebem a grande revelação desse santo dia, quando muitos desejos atuais na Terra serão apaziguados sob a grande inundação da Branca Luz da vida de Cristo.
Todas as ações e elevados trabalhos realizados pelo Mestre carregam em si tanto um significado interno como um externo. As massas ainda não estão prontas para receberem os significados internos do Sermão da Montanha; elas ainda não estão capacitadas para recebê-los com o coração. Somente o aspirante estudioso consegue, atualmente, ter acesso a esses preceitos. O Evangelho de Mateus torna claro que estes ensinamentos não são alcançados pelas multidões, como as seguintes passagens indicam.
Mateus 7: 28-29 - “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque Ele ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas”.
8: 1 – “Quando Ele desceu da montanha, grandes multidões O seguiram”.
A CHAVE INICIATÓRIA
O Sermão da Montanha ocupa, no Novo Testamento, um lugar correspondente ao que, no Antigo, encontram-se os Dez Mandamentos. Os Dez Mandamentos são as Leis externas (ou exotéricas) impostas por uma autoridade externa e que o homem deve aprender a obedecer sob o jugo do medo. O Sermão da Montanha contém a Lei do amor que o homem deve aprender a gravar em seu coração e imprimir em sua mente, como está dito em uma conhecida frase de Paulo. O tema geral dessa sublime mensagem é o AMOR, e os pensamentos ali expressos pelo Mestre traduzem os fundamentos de Seus ensinamentos e Seu sustentáculo. A humanidade, no geral, ainda não começou a viver estes preceitos espirituais, porque ainda não aprendeu que a maior força espiritual existente é o Amor. Cristo Jesus, o Senhor do Amor, mostrou-nos esta força em todo o Seu trabalho e Seus atos enquanto caminhou sobre a Terra. Nós poderemos seguir Seus passos somente quando aprendermos realmente a viver uma vida de amor.
Sócrates (469-399 a.C), em sua obra Crito*, elaborando um de seus princípios, que podemos associar ao Sermão da Montanha, proclama que “você não deve revidar o mal com o mal, qualquer que seja o mal que alguém lhe tenha feito. - Não pense primeiro na vida e nos filhos e na justiça depois, mas na justiça em primeiro lugar, pois você pode ser justificado diante dos príncipes do mundo inferior. – Você pode viver, agora, na inocência, sofrendo, mas não praticando o mal, porque você é uma vítima, não das leis, mas dos homens. Mas se você segue adiante, retribuindo o mal com o mal, o dano com dano, quebrando alianças e acordos que já fez, e prejudicando aqueles a quem você deve por um erro anterior, seus amigos, seu país e nós poderemos desprezá-lo enquanto você viver sob as leis do mundo inferior e evitá-lo como a um inimigo; pois todos saberão que você faz o seu melhor para nos destruir.”
“Ama ao próximo como a ti mesmo”; “Procura o Reino de Deus primeiro”; “Sê perfeito assim como o teu Pai que está nos céus é Perfeito”; “Bem-aventurados os puros de coração porque eles verão DEUS”. Todos estes conselhos requerem o cultivo da transcendental força do amor para o sucesso de sua realização. Cristo ensinou aos Seus discípulos que, a fim de alcançarem este estado de perfeição, eles deveriam aprender a cultivar qualidades ativas tais como humildade, simpatia, compaixão e pureza, juntamente com o intenso desejo de justiça, bravura e coragem, ainda que sofressem martírios em nome da própria justiça. Os doze por Ele escolhidos para estarem bem juntos a Si seguiram estes preceitos, dados no Dia do Solstício de Verão, e dessa maneira foram avaliados tanto que, com as exceções de João e Judas, cada um e todos O seguiram até o martírio de morrerem crucificados. Eles aprenderam a conhecer literalmente o significado das palavras “Não há maior amor no homem do que o daquele que dá a vida por seus amigos”.
“Fazei o bem àqueles que vos odeiam, abençoai aqueles que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos injuriarem”. Esta é uma injunção colocada pelo Cristo que tem sido tomada como de quase impossível cumprimento. Ela requer uma total renúncia de si mesmo, um completo autocontrole, e o despertar e acionar da força do amor como a nota dominante da vida. Este é um ideal tão elevado que somente aqueles que se consagram e se dedicam inteiramente à vida espiritual são capazes de vivê-lo. Costumamos dizer que nós e nossa nação somos cristãos; mas o grau utilizado para nos definirmos e para atualmente nos intitularmos cristãos pode somente ser medido através da compreensão da face exotérica dos ensinamentos dados pelo Cristo.
“Àquele que te ferir em tua face direita, volta-lhe também a outra”. Não reaja ao perverso; não pense na injustiça sofrida, mas no curso da ação que assim ajudará melhor a quem lhe fez mal. Se for necessário castigá-lo, que seu desejo seja sempre o de ajudar e jamais carregue sentimentos de vingança. O amor deve mostrar o caminho, e a justiça sempre temperada com misericórdia.
“E àquele que te tirar tua túnica, deixa-lhe também tua capa”. Isto significa literalmente benevolência e prestimosidade. “Dá a quem te pede”. A graça não precisa necessariamente ser material; compreensão, encorajamento, amor e bondade devem ser a grande doação. Ajuda ao próximo e serás ajudado. Foi dito: “A fraqueza é um desafio ao que de mais elevado existe dentro de nós”. Devemos ajudar a quem deseja sair de sua fraqueza, e ensinar-lhe a encontrar o divino poder que há dentro de si com o qual superará todas as fraquezas e todas as condições negativas que impedem a expressão de seu espírito interno. Essa graça é a mais inestimável de todas as bênçãos.
“Àquele a quem deres teus bens, não os peça de volta”. Não haverá disputa quando apenas uma pessoa é beligerante. Todos os obstáculos devem ser, se possível, resolvidos fora do tribunal; isto feito, não permaneça nenhuma amargura a fim de que não lhe sejam somadas outras causas a serem liquidadas em futuras vidas. A amargura torna-se o laço que prende o homem de hoje aos obstáculos do futuro.
“Tudo quanto quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles”. Este é o mais precioso ensinamento de todos os que foram ditados neste sublime Sermão da Montanha; este ensinamento estabelece as normas para vivermos uma vida realmente cristã. Seremos verdadeiros discípulos de Cristo somente quando realmente vivermos esta Regra de Ouro.
“Dai e vos será dado”. Se nossa consciência irradia somente verdade, beleza, amor, e harmonia, somente essas qualidades nos serão dadas de volta. O poder vibratório dessas qualidades advém de seu arquétipo nos Mundos Celestiais e opera de tal maneira que nos envia de volta exatamente o que nele existe. “DEUS é Amor, mas DEUS é a Lei.”
O Sermão da Montanha é encontrado em sua totalidade no Evangelho de Mateus, do capítulo cinco ao capítulo sete, inclusive. Estes capítulos deveriam ser tomados como um estudo diário e servir como tema de meditação por todos os aspirantes esotéricos independentemente de afiliação ou credo.
Há muitas especulações sobre a segunda vinda de Cristo. O esoterismo ensina que Cristo somente retornará quando a humanidade aprender a colocar em prática em sua vida diária as grandes verdades expressas no Sermão da Montanha. Somente então nós estaremos preparados para ”encontrá-LO no ar”, o lugar de consecução.
O “despertar” da filha de Jairo, a cura de um menino endemoniado, o acalmar de uma tempestade, e a multiplicação dos pães e dos peixes estão entre as importantes obras do Mestre na primeira parte de Seu ministério. Cada um desses eventos contém profundos significados esotéricos pertinentes à Iniciação e ao despertar de uma grande consciência espiritual. A Bíblia é o Livro Supremo e Cristo Jesus o Supremo Mestre do misticismo espiritual.
AS BEM-AVENTURANÇAS
Correlações Astrológicas (Mateus 5: 3-12)
Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Planeta Mercúrio – Humildade através da mente Crística, onde a nota chave Humildade, significa o poder de Cristo para controlar todas as manifestações e fenômenos que ocorrem na Terra.
Costuma-se dizer que um tolo neste mundo físico não o é diante dos olhos de Deus, uma vez que os valores deste mundo não são os mesmos nos mundos celestiais. Os “pobres em espírito” representam os que não são vaidosos nem orgulhosos de suas posses terrestres, aqueles que vivem uma vida com humildade e modéstia, amando e servindo seus semelhantes; aqueles que não se envaidecem por haverem realizado qualquer coisa no vasto esquema da evolução e relativamente a seu próprio estágio evolutivo. Aqueles que desenvolvem a visão espiritual jamais se tornarão orgulhosos em espírito, uma vez que passam a ver coisas que lhes são reveladas mais claramente com a majestade e o esplendor dos planos e dos seres superiores, bem como a realidade de como servir lá e o quão distante ainda tem que elevar-se.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Planeta Vênus – O amor é o grande antídoto. “O perfeito amor expulsa o medo”. A Fé e a Esperança encontram-se no Amor. A nota chave é “conforto” ou “consolação”. O choro e o lamento pertencem ao presente estágio de manifestação. A elevação total do homem até a consciência Crística se transformará na grande paz que atinge todo conhecimento.
É hábito se dizer que um desejo muito forte é o primeiro requisito do estudante ocultista se ele realmente faz progressos no Caminho. Podemos, então, afirmar que Max Heindel possuía uma alma faminta em alimentar-se com as elevadas realizações espirituais que alcançou. E, graças ao seu esforço, hoje, nós podemos evitar o lamento e a tristeza que, muitas vezes, temos para alcançarmos nosso desenvolvimento espiritual, porque nos foram ensinadas as condições ideais de como servirmos e, como resultado, sermos abençoados.
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
Lua – Atração e crescimento. A mansidão é impessoal. “Aquele que perder sua vida em meu nome encontra-la-á”. Nota chave: Mansidão ou Impessoalidade, que torna perfeita a auto-renúncia e é conquistada através do Getsêmani e, mais tarde, auxilia o aspirante na consciência da Ascensão.
Geralmente, não se entende que a Terra é um espírito cristalizado. Com o decorrer dos tempos ela ficará cada vez menos densa até tomar as mesmas condições que havia no “Jardim do Éden”. Também é óbvio que as pessoas orgulhosas e egoístas não participarão deste ideal nas condições futuras. Isto é reservado para os mansos. Este versículo também se refere à nossa “terra” pessoal ou corpo físico que, quando espiritualizado caminhará sob as determinações do Cristo Interno e não mais ao orgulhoso e pecador eu inferior.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão fartos.
Planeta Urano – O divino anseio pelo mais elevado. Paixão se transforma em compaixão; o amor egoístico transforma-se em altruísmo; a meta é todos por um e um por todos. O único objetivo da vida é fazer o ideal real. A nota chave é “colocar DEUS antes de tudo”. A força do super-homem ou Adepto.
Este versículo contém, de algum modo, o idêntico significado ao do versículo quatro, pois, quando “choramos” por mais condições espirituais é que nos tornamos famintos e sedentos por aquelas condições. Aqui, Cristo está nos ensinando a grande verdade oculta quando afirma que nossa “fome” e nossa “sede” de justiça serão alcançadas através da verdadeira justiça.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Planeta Júpiter – Pratica somente a misericórdia, a caridade, e a generosidade. “Aquilo que semearmos, nós colheremos”. As vibrações de misericórdia e compaixão de Júpiter atraem benefícios de natureza semelhante. A nota chave é “misericórdia”, a divina compaixão que se manifesta em todos os planos na unidade ou igualdade da vida como um todo.
O versículo sete apresenta-nos, de modo conciso, uma das fundamentais leis do ocultismo – a Lei de Causa e Efeito, também chamada de Lei do Carma. No Antigo Testamento ela se nos apresenta como Lei Mosaica e dá ênfase à afirmação de “olho por olho e dente por dente”. Cristo se referiu a esta Lei quando afirmou que veio não para abolir a Lei, mas para cumpri-la. Ele estava, naquele momento, nos falando sobre essa Lei de Causa e Efeito ou Lei do Carma.
O estudante ocultista sincero tenta liquidar seus débitos cósmicos fazendo tudo aquilo que é bom e construtivo, pois sabe que, mesmo não se recuperando dos erros passados imediatamente, ele equilibrará seu carma e evitará as limitações e o mal que de outro modo lhe adviriam como resultado do descumprimento dessa mesma Lei no passado. Este versículo merece ser objeto de profunda meditação, pois a verdade estabelecida por ele é “aquilo que nós damos, nós receberemos”.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus.
Planeta Marte – O principal trabalho de Marte é a transmutação. O vermelho da natureza inferior transforma-se no puro ouro da natureza superior. A única chave do céu é pureza, castidade. Somente através de uma vida de pureza é possível desenvolver-se os centros espirituais que são as rosas sobre a cruz do corpo. A nota chave é “pureza através da permutação”. O Cristo interno é despertado a fim de contatar-se com o Cristo externo.
Aquele que estuda e vive profundamente a religião conhece perfeitamente, por suas próprias experiências, que diferentes planos de consciência apresentam diferentes graus de pura vibração àqueles que se habilitam e se harmonizam com os mundos superiores.
É uma lei automática e imutável aquela que, seja agora ou com a chamada morte, nós estaremos conscientes somente nos planos superiores que formos capazes de nos harmonizar e nos sintonizar. Entretanto, como Deus é Amor, Verdade, Pureza, etc., fica evidente que não teremos nenhuma consciência d’Ele até e somente quando possuirmos determinado grau de vibração que se harmonize com os atributos de Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Astro Sol – O Sol é a vibração do Cristo sobre a Terra; somente quando o Sol, ou Cristo, é despertado em nosso interior é que alcançamos a perfeita paz. A nota chave é “harmonia”, que faz ressaltar a lei em todas as obras construtivas da Iniciação.
Equilíbrio e completa paz interior distinguem os passos do estudante avançado para alcançar seu objetivo no caminho espiritual. Somente aquele que desenvolve paz interior é capaz de irradiar essa qualidade. Aquele que o fizer certamente estará bem perto dos reinos dos céus. Há uma injunção oculta bem conhecida que diz “Sê pacífico e saberás que EU SOU DEUS”. Isto ocorre quando nós silenciamos nossa personalidade e nos tornamos pacificadores; então, uma “voz serena e suave” nos fala bem dentro de nós e nós compreendemos que somos verdadeiramente filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Planeta Saturno – O lugar onde o caminho torna-se estreito como a torre da igreja. Saturno é o látego de pesar e arrependimento para o neófito; a coroa de espinhos transforma-se em um halo radiante somente através da Iniciação. A nota chave é “perseguição”. O mais sutil de todos os testes e onde o aspirante passa tão glorioso como passaram todos os discípulos, excetuando Judas.
Quando nós vivemos no mundo físico, mas não somos do mundo, há muitos “Getsêmanes” através dos quais nós devemos passar. A desarmonia e o egoísmo inerentes à mente materialista das pessoas nos causarão sofrimentos. O odor das bebidas alcoólicas e de tabaco serão desagradáveis para nós, assim como muitas outras coisas que existem neste mundo. Estas coisas somente realçarão a beleza do Espírito no neófito, uma vez que sua meta é o Reino de Deus, que certamente será seu se ele não fraquejar.
Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Planeta Netuno – O Planeta da divindade. O superior que nós aspiramos provavelmente será mal compreendido pelos demais. A nota chave é “autodomínio”. Este autocontrole é a palavra chave dada a todos os discípulos dos Mistérios Cristãos. “Maior é aquele que controla a si mesmo do que aquele que conquista uma cidade”.
Regozijai-vos e exultai, porque é grande o seu galardão nos céus; pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
Esta é a síntese das mais elevadas qualidades de todos os planetas. A conquista do homem ao final do presente ciclo terrestre. Este é o caminho mostrado pelo Grande Senhor da compaixão. É aqui onde O encontraremos face a face.
Os estudantes ocultistas sabem que quando dão um passo além das condições e atitudes das massas, eles, imediatamente, se transformam em alvos daqueles que não acreditam (ou desconfiam) que eles podem ser diferentes. Muitas vezes ocorrem até abusos e críticas que são inverdades e distorções da realidade. Não obstante, nós devemos aprender a transmutar esse ressentimento e lhes dar amor e compaixão, sabendo que “o que é nosso seguramente virá até nós e nada no mundo tirará de nós”.
Esta é apenas uma das interpretações esotéricas dessas Bem-aventuranças, concernentes à atitude que cada estudante deve ter perante as construtivas qualidades inerentes a cada um e que devem ser direcionadas às pessoas cujas faculdades ainda não se espiritualizaram. Devemos, além do mais, prosseguir no trabalho de espiritualização de nosso próprio ser com amor, paz e, por que não dizer, muita paciência, até que, finalmente consigamos a conversão total de nossa “terra” ou corpo. Por esse motivo, não devemos esquecer de, individualmente, aplicarmos essas Bem-aventuranças aos diferentes e conflitantes sentimentos que existem no interior de nossa aura e que impedem, de alguma forma, nossa caminhada nas sendas do Senhor.
Nessas interpretações dadas às Bem-aventuranças, tentamos levar a todos um determinado estado de inspiração consciente. Sugerimos, por isso, que todos leiam e releiam essas Bem-aventuranças, mas imaginando que seja o Cristo Interno ditando-lhes cada palavra; imaginando que a Consciência Crística de cada um esteja falando aos “Filhos da Luz” ou “Filhos de Israel”*, ou seja, àquelas faculdades habilitadas à espiritualização de seu próprio ser.
· A palavra ISRAEL é formada pela união de duas palavras de origem egípcia: ISIS (a Rainha do Céu) e RA (Deus do Sol). Ela revela a perfeita harmonia dos princípios feminino e masculino e significa, literalmente, “aquele que vê Deus”.
· Crito de Argos – Filósofo neopitagórico – teve sua vida comentada por Sócrates na obra que recebeu seu nome.
Bibliografia:
Almeida, João Ferreira – Bíblia de Estudo Plenitude
Coogan, M. D. - The New Oxford Annotated Bible with the Apocrypha
Douglas, J.D. – O Novo Dicionário da Bíblia, (“citação” Journal of Religion, XXI, julho de 1941, nº. 3, 263)
Heline, Corinne – The New Age Bible Interpretation (1935)
Penzo, Giorgio & Gibellini, Rosino – DEUS na filosofia do Século XX
Russell, Bertrand – History of Western Philosophy
Scott, John P. - The Four Gospels – Esoterically Interpreted
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