A RAÇA LEMÚRICA
Encontramo-nos agora em condições de compreender as informações seguintes, referentes às entidades humanas que viveram na última parte da Época Lemúrica.
A atmosfera da Lemúria era ainda muito densa, parecida à névoa ígnea do Período Lunar, porém mais densa. A crosta terrestre começava a adquirir dureza e solidez em algumas partes, mas noutras estava ainda em fusão. Entre essas ilhas de crosta dura havia um mar de água em ebulição, erupções ardentes lutavam contra a formação da crosta que progredia e, rodeando, os aprisionava.
O homem vivia sobre as partes mais duras e relativamente resfriadas, entre bosques gigantescos e animais de enorme tamanho. As formas dos animais e dos homens eram muito plásticas. Já se formava o esqueleto mas havia no homem um grande poder de modelar a carne do seu corpo e dos animais. Ao nascer podia ouvir e tinha sensibilidade tátil, mas a percepção da luz só veio mais tarde. Atualmente, há casos análogos em animais; os filhotes de cães e gatos recebem o sentido da visão algum tempo depois de nascer. Os lemurianos não tinham olhos. Eram dois pontos, duas manchas pequenas, sensíveis à luz solar que difusa e vagamente atravessava a atmosfera de fogo da antiga Lemúria. Desde então, a construção dos olhos progrediu mas, até o final da Época Atlante, não havia o sentido da vista, como hoje o conhecemos.
Enquanto o Sol era interno e a Terra era parte do grande globo luminoso, então o homem não precisava de nenhuma iluminação externa, ele era luminoso. Quando a Terra obscura foi separada do Sol, tornou-se necessário poder perceber a luz e o homem a percebia quando os raios incidiam sobre ele.
A Natureza construiu os olhos para receberam a luz, em resposta à função já existente, segundo princípio invariável, demonstrado habilmente pelo professor Huxley. A ameba não tem estômago e entretanto, digere. É toda estômago. A necessidade de digerir o alimento formou o estômago no transcurso do tempo, porém, a digestão existiu antes da formação do canal digestivo. De análoga maneira, a percepção da luz produziu os olhos. A luz criou e mantém o olho. Onde não há luz alguma não podem existir olhos. Em experiências com alguns animais que, metidos em cavernas, foram privados de toda luz, os olhos degeneraram a até se atrofiaram por não haver luz alguma para sustentá-los, se bem que os olhos sejam desnecessários em cavernas escuras. Os lemurianos necessitavam de olhos, tinham percepção da luz, e a luz começou a construir os olhos, como resposta àquela exigência.
A linguagem era de sons análogos aos da Natureza. O murmúrio do vento nos bosques imensos, que cresciam luxuriantes naquele clima supertropical, o ulular da tempestade, o ruído das cataratas, o rugido dos vulcões, todos esses sons eram para o homem de então, como vozes dos Deuses, de quem sabia ter descendido.
Do nascimento do seu corpo nada sabia. Não podia vê-lo, nem ver outras coisas, mas percebia os seus semelhantes. Era uma percepção interna, um tanto semelhante a quando em sonhos percebemos pessoas ou coisas, todavia, com uma diferença importantíssima: estas percepções internas eram claras e racionais.
Nada conhecia, portanto, sobre o corpo e nem sequer sabia que tinha um corpo, do mesmo modo que não sentimos que temos estômago quando em boa saúde. Só nos lembramos da sua existência quando os abusos provocam dores. Em condições normais, não nos lembramos do estômago e somos completamente inconscientes dos seus processos. O mesmo se dava com os lemurianos: os corpo prestavam-lhes excelentes serviços, embora inconscientes da sua existência. Foi a dor o meio de fazer-lhes sentir o corpo e o mundo externo.
Tudo quanto se relacionava com a propagação da raça e com o nascimento era executado sob a direção dos Anjos, por sua vez guiados por Jeová, o Regente da Lua. A função procriadora era exercitada em determinadas épocas do ano, quando as linhas de força de planetas para planeta formavam ângulo apropriado. Como a força criadora não encontrava obstáculo algum, o parto realizava-se sem dor. O homem era inconsciente do nascimento, porque sua inconsciência do Mundo Físico era análoga à nossa, agora, durante o sono. Só mediante o íntimo contato das relações sexuais o espírito sentiu a carne, e o homem "conheceu" sua esposa. A isto se referem várias passagens da Bíblia, por exemplo: "Adão conheceu Eva e ela concebeu Seth"; "Elkanah conheceu Hanah e ela concebeu Samuel"; e a pergunta de Maria: "Como poderia conceber se não conheço homem algum"? Está aqui, também, a chave para o significado da "Árvore do Conhecimento", o fruto, que abriu os olhos de Adão e Eva, a fim de poderem conhecer o Bem e o Mal. Anteriormente, conheciam somente o bem, mas, quando começaram a exercer a função criadora independentemente, sem o conhecimento das influências estelares, como tem sido característica dos seus descendentes, conheceram o sofrimento e o mal. A suposta maldição de Jeová não foi maldição, de maneira alguma. Foi uma clara indicação do efeito que inevitavelmente produziria a força criadora quando empregada na geração de um novo ser, sem tomar em conta as determinantes estelares.
O emprego ignorante da força geradora origina a dor, a enfermidade e a tristeza.
O lemuriano não conhecia a morte porque, no transcurso de largas idades, quando se inutilizava o corpo, entrava noutro, completamente inconsciente da mudança.. Como a consciência não estava enfocada no mundo físico, abandonar seu corpo para tomar outro corpo era para ele como a queda de uma folha seca de árvore, logo substituída por novo broto.
A linguagem era algo santo, não, como a nossa, uma linguagem morta, um simples arranjo de sons. Cada som emitido pelos lemurianos tinha poder sobre os semelhantes, sobre os animais e sobre a Natureza circundante. O poder da linguagem foi empregado com grande reverência, como algo extremamente santo; sob a direção dos Senhores de Vênus, os mensageiros de Deus, emissários das Hierarquias Criadoras.
A educação dos meninos diferia muito da educação das meninas. Os métodos educativos dos lemurianos seriam chocantes para nossa mais refinada sensibilidade. Para não ferir os sentimentos do leitor, falaremos unicamente do menos cruel de todos eles. Cumpre recordar que não estando os corpos dos lemurianos, tão altamente sensibilizados como os corpos humanos dos nossos dias, só mediante práticas duríssimas, por extremamente desumanas que pareçam, se podia compelir sua consciência extremamente obscura e pesada.
A educação dos meninos era especialmente encaminhada ao desenvolvimento da Vontade. Faziam-nos lutar uns contra os outros, em lutas extremamente brutais. Eram empalados em espetos, mas deixados de maneira que pudessem desempalar-se à vontade. Para exercitarem o poder da vontade, deveriam permanecer assim apesar da dor. No mesmo sentido, aprendiam a manter seus músculos em tensão e a transportar imensas cargas.
A educação das meninas encaminhava-se ao desenvolvimento da faculdade imaginativa. Eram também sujeitas a práticas desumanas e severas: deixadas em bosques imensos para que o som do vento nas folhagens lhes falasse, abandonadas em meio à fúria das tempestades e de inundações. Dessa forma aprendiam a não temer os paroxismos da Natureza e a perceber unicamente a grandeza dos elementos em luta. A frequência das erupções vulcânicas era também de grande valor como meio educativo, especialmente para despertar a memória.
No transcurso do tempo, a consciência foi se despertando, e essas práticas cruéis abandonadas por desnecessárias, porém, naqueles tempos, foram indispensáveis para despertar as adormecidas forças do espírito à consciência do mundo externo.
Tais métodos educativos, que estavam completamente fora de sentido em nossos dias, não chocavam os lemurianos, desprovidos de memória. Não importava quão dolorosas ou aterrorizantes fossem as experiências suportadas. Uma vez passadas, eram esquecidas imediatamente. As terríveis experiências citadas, imprimindo no cérebro impactos violentos e constantemente repetidos, tinham por objetivo despertar a memória, a necessária memória que emprega as experiências do passado como guia da ação.
A educação das meninas desenvolvia a memória germinal, ainda débil. A primeira idéia de Bem e do Mal foi formulada por elas. As experiências agiram fortemente sobre sua imaginação: as que produziam o resultado esperado eram consideradas "boas", enquanto as que apresentavam desfecho inesperado eram consideradas "más".
Assim, a mulher foi a precursora da cultura e a primeira a desenvolver a idéia de uma "boa vida". Por isso, a mulher tornou-se um expoente mui estimado entre os antigos e, a tal respeito tem nobremente estado na vanguarda desde aquela época. Certamente, encarnando os Egos alternadamente como homens e como mulheres, não há realmente superioridade alguma. Simplesmente os que encarnam em corpos densos do sexo feminino tem corpos vitais positivos e, portanto, são mais sensíveis aos impactos espirituais do que os varões, que têm corpos vitais negativos.
O lemuriano era um mago de nascimento, reconhecia-se como um descendente dos Deuses, um ser espiritual. Sua linha de desenvolvimento, portanto, não era orientada para obtenção de conhecimentos espirituais, mas sim materiais. Para os mais avançados não era preciso revelar aos homens essa elevada origem, nem educá-los para a realização de coisas mágicas, ou instruí-los, nos Templos de Iniciação, para funcionarem no Mundo do Desejo ou nos reinos superiores. Tais instruções são necessárias ao homem atual porque não tem conhecimento do mundo espiritual, nem pode funcionar nos reinos suprafísicos. O lemuriano, possuía esse conhecimento e podia exercer essas faculdades. Contudo ignorava as Leis do Cosmos e os fatos relacionados com o Mundo Físico, coisas e conhecimentos hoje comuns a todos. Nas Escolas Iniciáticas ensinavam-se a arte, as leis da Natureza e os fatos relacionados com o universo físico, fortalecia-se a vontade, despertava-se a imaginação e a memória, de maneira a correlacionar as experiências, e inventar meios de ação, quando as experiências do passado não indicavam o procedimento apropriado. Os Templos de Iniciação dos tempos lemúricos eram, por conseguinte, escolas superiores de desenvolvimento do poder da vontade e da imaginação, com graduados cursos posteriores sobre Arte e Ciência.
Embora o lemuriano fosse uma mago nato, nunca empregou mal seus poderes, porque sentia-se relacionado com os Deuses. Sob a direção dos mensageiros de Deus, dos quais já falamos, suas forças foram dirigidas à construção de formas nos reinos vegetal e animal. Para o materialista, pode ser mui difícil compreender como poderiam efetuar essa obra sem verem o mundo ambiente. É certo, não podiam ver, tal como compreendemos essa palavra ou como vemos atualmente os objetos exteriores com nossos olhos físicos. Não obstante, assim como as crianças, nos dias de hoje, são clarividentes enquanto permanecem em inocência imaculada, sem pecado, assim também os lemurianos, que eram puros e inocentes, possuíam uma percepção interna que lhes proporcionava uma vaga idéia da forma externa de qualquer objeto, muito iluminada internamente, como qualidade anímica, por uma percepção espiritual nascida da pureza e da inocência.
Entretanto, Inocência não é sinônimo de Virtude. A inocência é filha da Ignorância e esta não pode conservar-se num universo que tem como propósito evolutivo a aquisição da Sabedoria. Para chegar a esse fim, é essencial conhecer o bem e o mal, o certo e o errado e também ter a liberdade de agir. Se o homem, possuindo o conhecimento e a liberdade de agir, defende o Bem e o Justo, cultiva a Virtude e a Sabedoria. Se cai na tentação e, em conhecimento, faz o mal, desenvolve o vício.
O plano de Deus não pode ser reduzido a nada. Sendo cada ato uma semente para a lei de consequência, colhemos o que semeamos, e a erva das más ações traz em si tristeza e sofrimento. Quando as sementes caírem no coração castigado e forem umedecidas pelas lágrimas do arrependimento, a Virtude florescerá definitivamente. Se no Reino do nosso Pai só o Bem pode perdurar, não é uma verdadeira bênção a certeza de que apesar do mal que façamos, o Bem triunfará por fim?
A "Queda" e a consequente dor e sofrimento são um estado temporário, durante o qual vemos as coisas como através de um vidro embaciado. Depois, encontrar-nos-emos frente a frente com Deus, a quem os puros de coração percebem dentro e fora de si.
A QUEDA DO HOMEM
Cabalisticamente descrita, é a experiência de um casal que, certamente, representa a humanidade. A chave encontra-se nos versículos da Bíblia em que o Mensageiro dos Deuses, anunciando à mulher "conceberá teus filhos com dor". A solução está também implícita na sentença de morte que foi pronunciada concomitantemente.
Antes da Queda, a consciência não estava enfocada no Mundo Físico, o homem estava inconsciente da propagação, do nascimento e da morte. Os Anjos, como se disse, trabalhavam no corpo vital (o meio de propagação), regulavam a função procriadora e juntavam os sexos em certas ocasiões do ano. Empregavam as forças solares e lunares, nos momentos e condições mais propícias para a fecundação. A união dos participantes ao princípio era inconsciente, porém, mais tarde, produziu-se um conhecimento físico momentâneo. A gestação decorria sem incômodo algum e o parto realizava-se sem dor. Estando os pais submersos em sono profundo, o nascimento e a morte não implicavam solução de continuidade da consciência, isto é, não existiam para os lemurianos.
A consciência era dirigida para dentro. Percebiam as coisas físicas de maneira espiritual, como quando as percebemos em sonhos, momentos em que tudo que vemos está dentro de nós.
Quando seus olhos foram abertos e a consciência foi dirigida para fora, para os fatos do Mundo Físico, alteraram-se as condições. A propagação foi dirigida não pelos Anjos, mas pelos homens. Ignoravam a operação das forças solares e lunares e abusaram da função sexual, empregando-a para gratificar os sentidos. Daí resultou a dor que passou a acompanhar o processo da gestação e nascimento. A consciência focalizou-se no Mundo Físico, se bem que as coisas não apareceram com nitidez até a última parte da Época Atlante. Só então começou a conhecer a Morte como solução de continuidade que se produzia na consciência, ao passar para os mundos superiores depois de morrer, e quando retrocedia ao Mundo Físico para renascer.
Recordemos como se processou a "abertura de seus olhos". Quando os sexos foram separados, o macho converteu-se em expressão da Vontade, uma parte da dual força anímica e a fêmea, por seu lado, expressou a Imaginação. Se a mulher não fosse imaginativa, não poderia construir o novo corpo na matriz, e se os espermatozóides não fossem a ativa concentração da vontade humana, não seria possível realizar a impregnação e começar a germinação, resultante da continuada segmentação do óvulo.
Essas forças gêmeas, Vontade e Imaginação, são necessárias à propagação dos corpos. Uma dessas duas forças exalta-se em cada sexo e é essa parte a utilizável para a propagação. Daí, a necessidade do ser que expressa uma só classe de força anímica, unissexual, unir-se a outro que expresse a força anímica complementar. Isto já foi explicado anteriormente. Além disso, a parte da força anímica não utilizada na propagação é utilizável no crescimento interno. Enquanto o homem empregava totalmente a dual força sexual na geração, não podia realizar nada no sentido do próprio crescimento anímico. Depois, a parte não empregada através dos órgãos sexuais foi apropriada pelo espírito para construir o cérebro e a laringe, meios de expressão.
O cérebro e a laringe foram construídos durante a última parte da Época Lemúrica e os primeiros dois terços da Época Atlante, até que o homem se converteu em um ser pensante, raciocinador, completamente consciente.
O cérebro é o elo entre o espírito e o mundo externo. Nada pode o homem saber acerca do mundo externo a não ser por intermédio do cérebro. Os órgãos dos sentidos são condutores que levam ao cérebro os impactos do exterior, e o cérebro é o instrumento que interpreta e coordena esses impactos. Os Anjos aprenderam a obter conhecimento sem necessidade de cérebro físico. Seu veículo inferior é o corpo vital. Pertencem a uma evolução diferente e nunca estiveram aprisionados em um corpo tão denso e pesado como o nosso. A Sabedoria foi-lhes concedida como uma dádiva, sem necessidade de laborioso pensamento através de um cérebro físico.
O homem, ao cair na geração, teve que trabalhar para obter o conhecimento. Por meio de uma parte da força sexual dirigida para dentro, o espírito construiu o cérebro, para ganhar o conhecimento do Mundo Físico. Essa mesma força continua a ser empregada para alimentar e construir o cérebro atual. A força é subvertida de seu próprio curso, considerando que deveria ser empregada para procriação. O homem a retém com propósitos egoístas. Os Anjos não experimentaram divisão alguma dos seus poderes anímicos e podem, portanto, exteriorizar sua dual força anímica sem reservar nada agoisticamente.
A força exterioriza com o propósito de criar outro ser é Amor. Os Anjos exteriorizam todo o seu amor, sem egoísmo nem desejo e, em troca, a Sabedoria Cósmica flui neles.
O homem exterioriza unicamente parte do seu amor; guarda o restante agoisticamente e emprega-o para construir seu órgãos internos de expressão, para melhorar a si mesmo; de sorte que o seu amor é egoísta e sensual. Com uma parte do poder anímico criador ama egoisticamente a outro ser porque deseja a cooperação na propagação, e com a outra parte pensa (também por razões egoístas), porque deseja conhecimento.
Os Anjos amam sem desejo, mas o homem teve de passar pelo egoísmo. Deve desejar e trabalhar para adquirir sabedoria egoisticamente, a fim de poder alcançá-la desinteressadamente em estágio mais elevado.
Os Anjos ajudaram-no a propagar-se ainda depois da subversão de parte da força anímica. Ajudaram-no também a construir o cérebro físico, mas não tinham conhecimento algum que pudesse ser transmitido por seu intermédio. Não sabendo como usar tal instrumento, não podiam falar diretamente a um ser com cérebro. Tudo o que eles podiam fazer era controlar a expressão física do amor do homem e guiá-lo, através das emoções, de um modo amoroso e inocente, para o salvarem da dor e do sofrimento decorrentes do exercício incorreto das funções sexuais.
Mas, se este regime tivesse permanecido, o homem continuaria sendo um autômato guiado por Deus, e nunca se teria convertido numa personalidade, num indivíduo.
A conversão em indivíduo deve-se a uma maléfica classe de entidades angélicas, chamada Espíritos Lucíferos.
OS ESPÍRITOS LUCÍFEROS
Estes espíritos eram uma classe de atrasados da onda de vida dos Anjos. No Período Lunar estavam muito além da grande massa que atualmente constitui a mais elevada humanidade. Não progrediram tanto como os Anjos, a humanidade adiantada do Período Lunar. Estando mais adiantados do que a humanidade atual, era-lhes impossível tomar um corpo denso como nós fizemos, mas, por outro lado, não poderiam obter conhecimento sem um órgão interno, um cérebro físico. Estavam, portanto numa situação estranha, por assim dizer a meio caminho entre o homem, que tem cérebro, e os Anjos que não necessitam dele. Em uma palavra, eram semideuses mas encontravam-se numa condição muito séria. O único caminho que puderam encontrar para se expressarem e adquirir conhecimento foi o cérebro físico do homem. Através dele podiam fazer-se compreender por ser um ser físico, dotado de cérebro, o que os Anjos não podiam fazer.
Como dissemos, o homem, na última parte da Época Lemúrica, não podia ver o Mundo Físico tal como nós o vemos atualmente, estava inconsciente do mundo exterior. O Mundo do Desejo lhe era muito mais real. Tinha a consciência do sono com sonhos do Período Lunar, uma consciência pictória interna. Os Lucíferos não encontraram dificuldade alguma em manifestarem-se a essa consciência interna e chamar-lhe a atenção para a forma exterior, que antes o homem não tinha percebido. Ensinaram-lhe como podia deixar de ser simplesmente o escravo dos poderes exteriores e como poderia converter-se em seu próprio dono e senhor, parecendo-se aos deuses, "conhecendo o bem e o mal".
Outrossim, fizeram compreender que não devia ter apreensão quanto à morte do corpo; que possuía em si a capacidade de formar novos corpos, sem necessidade da intervenção dos Anjos. Todas essas coisas os Lucíferos disseram com o único propósito de que o homem dirigisse sua consciência ao exterior, para que eles aproveitassem e adquirissem conhecimentos conforme o homem os fosse obtendo.
Estas experiências proporcionaram dor e sofrimento, o que, antes, o homem não conhecia, mas deram também a inestimável bênção da emancipação das influências e direção alheias e o homem iniciou a evolução de seus poderes espirituais. Essa evolução, um dia, permitir-lhe-á construir por si próprio, com tanta sabedoria como os Anjos e os outros Seres que o guiaram antes de exercitar sua vontade.
Antes dos homens serem iluminados pelos Espíritos Lucíferes não conheciam enfermidades, nem dor, nem morte. Essas coisas foram o resultado do emprego ignorante da faculdade propagadora e de seu abuso na gratificação dos sentidos. Os animais em estado selvagem são livres de enfermidades e dores, porque se propagam sob o cuidado e direção dos sábios espíritos-grupo, nas épocas do ano propícias a tal objetivo. A função sexual tem por única finalidade a perpetuação das espécies e não a gratificação dos desejos sensuais, seja qual for o prisma pelo qual se examine a questão.
Se o homem continuasse sendo um autômato guiado por Deus, não teria conhecido, até hoje, nem a enfermidade, nem a dor, nem a morte, mas também não teria obtido a consciência cerebral e a independência resultante da iluminação proporcionada pelos Espíritos Lucíferos, os "dadores da luz". Eles abriram o entendimento e ensinaram a empregar a obscura visão para obter conhecimento do Mundo Físico, o qual estavam destinados a conquistar.
Desde esse tempo, agem no homem duas forças. Uma, a dos Anjos, dirige-se para baixo, para a propagação e, por meio do Amor, forma novos seres na matriz. Os Anjos são, portanto, os perpetuadores da raça. A outra força é a dos Espíritos Lucíferos, os investigadores de todas as atividades mentais. Dirige para cima, para o trabalho cerebral, a outra parte da força sexual.
Os Lucíferos são também chamados "serpentes". Diversas mitologias assim os representam. Diremos mais sobre eles quando chegarmos à análise do Gênese. No momento já dissemos o bastante para encaminhar a investigação para o progresso evolutivo que trouxe o homem desde os tempos remotos, através das épocas Atlante e Ária, até nossos dias.
O que temos dito acerca da iluminação dos lemurianos aplica-se somente à minoria daqueles que viveram na última parte daquela época, e foram a semente das sete raças Atlantes. A maior parte dos lemurianos eram análogos aos animais, e as formas ocupadas por eles degeneraram para as dos selvagens e antropóides atuais.
Recomendamos ao estudante gravar cuidadosamente que as formas é que degeneram. Devemos sempre recordar que há uma distinção importantíssima entre os corpos (ou formas) de uma raça, e os Ego (ou vidas) renascentes nesses corpos de raça.
Quando nasce uma raça, as formas, animadas por cento grupo de espíritos têm a inerente capacidade de evoluir somente até certo grau. Na Natureza nada pode parar. Quando uma raça atinge o limite de sua evolução os corpos ou formas dessa raça começam a degenerar, caindo de forma para forma até a raça extinguir-se.
A razão disso não se encontra longe. Novos corpos de raça aparecem flexíveis e plásticos, que proporcionam, aos Ego neles renascentes, grande margem de condições para melhorar esses veículos e, por conseqüência, eles mesmos progredirem. Os Egos mais avançados nascem nesses corpos e melhoram-nos o mais que podem. Contudo, sendo esses Egos unicamente aprendizes, não podem evitar que esses veículos se cristalizem lentamente, até chegar ao limite mínimo de eficiência que esse corpo seja capaz de proporcionar. Então, criam-se novas formas, para proporcionar aos Egos de uma nova raça maior margem de experiência e desenvolvimento. Os corpos descartados convertem-se em habitações de Egos menos avançados, que os aproveitam como degraus do largo caminho do progresso. Desta sorte, os antigos corpos de uma raça vão sendo empregados por Egos de crescente inferioridade, e degeneram gradualmente, até que já não haja Egos suficientemente inferiores que possam obter algum proveito do renascimento em tais corpos. As mulheres tornam-se estéreis e os corpos da raça morrem.
Podemos facilmente mostrar esse processo por meio de certos exemplos. A raça teutônica-anglo-saxônica (especialmente o ramo americano) tem um corpo mais brando e flexível e um sistema nervoso mais sensível do que qualquer outra raça dos tempo atuais. Os indús e os negros, por terem corpos muito mais endurecidos e sistema nervoso mais rude, são muito menos sensíveis aos ferimentos. Um indu continua lutando depois de receber ferimentos, cujo choque bastaria para derrubar ou matar um branco, enquanto que o indu se restabelece imediatamente. Os aborígenes australianos (Bushmen) são um exemplo palpável da morte de uma raça, devido à esterilidade, apesar de todos os esforços que o governo britânico vem fazendo para perpetuá-los.
Diz-se que onde entra a raça branca as outras raças desaparecem. Os brancos têm sido acusados de terríveis opressões sobre as outras raças, tendo massacrado multidões de nativos indefesos e desprevenidos, como prova a conduta dos espanhóis com os antigos peruanos e mexicanos, se temos que apontar um entre tantos exemplos. As obrigações resultantes de tais abusos de confiança, de inteligência e de poder, serão pagos até o último centavo, por aqueles que neles incorreram. Todavia, ainda que os brancos não tivessem massacrado, escravizado, martirizado e maltratado as antigas raças, elas desapareceriam, sem bem que mais lentamente. Tal é a Lei da Evolução, a ordem da Natureza. No futuro, quando os corpos das raças brancas forem habitados por Egos que atualmente ocupam corpos das raças vermelha, negra, amarela ou parda, terão degenerado tanto que também desaparecerão, para serem substituídos por outros e melhores veículos.
A Ciência fala unicamente de evolução. Porém, não considera as linhas de degeneração que, lenta mas seguramente, estão destruindo os corpos, levando-os a tal extremo de cristalização que já não podem ser utilizados.
Nota do editor: Podemos apreender neste capítulo uma visão histórica e antropológica impregnada de evolucionismo cultural, rejeitado pela antropologia de nosso tempo, mas em voga no pensamento do século XIX e início do século XX - do positivismo de Comte à teosofia de Blavatsky. O relativismo de nossos tempos encara as diferenças raciais como traços diferenciais, e não como superioridade ou inferioridade. Isto não invalida esta obra como um todo, mas nos obriga a mantermos com ela uma relação crítica e consciente, jamais considerando que o nome do autor seja automaticamente um atestado de correção a qualquer declaração feita.Convém lembrar a própria advertência feita pelo autor no início desta obra: "O Conceito Rosacruz do Cosmos não é dogmático nem apela para qualquer autoridade que não seja a própria razão do estudante. (...) Dizer que esta exposição é infalível seria o mesmo que pretender que o autor fosse onisciente, quando até os próprios Irmãos Maiores nos dizem que, eles mesmos enganam-se às vezes nos juízos que fazem. Assim, está fora de qualquer discussão um livro que queira proferir a última palavra sobre o mistério do mundo, e é intenção do autor desta obra apresentar apenas os ensinamentos mais elementares dos Rosacruzes.(...) O autor tem plena consciência da responsabilidade em que incorre quem, bem ou mal, guia intencionalmente a outrem, desejando ele precaver-se contra tal contingência e também prevenir aos outros para que não venham a errar.(...) O que nesta obra se afirma deve ser aceito ou rejeitado pelo leitor segundo o seu próprio critério.(...) Entretanto, tendo-se esforçado o possível para sugerir as idéias verdadeiras, considera-se também na obrigação de defender-se da possibilidade de a obra vir a ser considerada como uma exposição literal dos ensinamentos Rosacruzes. Sem esta recomendação este trabalho teria mais valor para alguns estudantes, mas isto não seria justo nem para a Fraternidade nem para o leitor. Poder-se-ia manifestar certa tendência para atribuir à Fraternidade a responsabilidade dos erros que neste trabalho, como em toda obra humana, possam ocorrer. Daí a razão desta advertência." “Max Heindel afirma que "A Fraternidade está acima das diferenças raciais e se esforça por unir a todos pelo laço do amor." e recomenda que as pessoas pratiquem a Irmandade Universal nunca mencionando ou reconhecendo diferenças de nacionalidade, porque todos somos um em Cristo. Urge a que olhemos mais além das formas diferenciadas que cegam e não deixam ver a inalienável unidade de cada alma com os demais, e a esquecer o aspecto às vezes pouco atraente de nosso próximo e a buscar a essência divina oculta dentro de cada um. Max Heindel acrescenta que enquanto permaneça atado por laços familiares, nacionais, ou tribais, a pessoa está respondendo ao sangue antigo, às velhas maneiras, que não se podem amalgamar com a Irmandade Universal. Esta só poderá se materializarr quando as pessoas se casem internacionalmente, porque quando existem tantas nações a forma de uní-las é por meio do matrimônio internacional. Que possamos esforçar-nos para alcançar os objetivos da Era de Aquário tal como Max Heindel delineou-nos." - Elsa M. Glover, PhD. A Filosofia Rosacruz não é dogmática, racista ou nacionalista. Busca a evolução da essência espiritual do ser humano, que não tem sexo, raça, religião ou nacionalidade. A Fraternidade Rosacruz considera ultrapassado o ponto de vista das lideranças raciais. A cultura da humanidade se tornou globalizada. Poucos seres humanos vivem isoladamente , o processo de globalização da cultura acelerou-se logaritmicamente. A experiência evolutiva de um indivíduo entre o nascimento e a morte no plano físico não é tanto determinada pela identidade racial. O fator prevalente da qualidade da qualidade da experiência é o território.. Quando o espírito, ou essência espiritual do ser humano, retorna à Terra para o seu próximo renascimento ou reencarnação, em cerca de mil anos, estará mais interessado na topografia do nosso ambiente, mar, montanhas, deserto, rios, contribuição aos processos culturais, etc, que propriamente na cor de pele que poderia portar. A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965), ratificada por 167 Estados, incluindo o Brasil (em 1968), reconhece que a discriminação “significa toda distinção, exclusão, restrição ou preferência que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o exercício, em igualdade de condições, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo, logo, a discriminação significa sempre desigualdade. (...) A discriminação ocorre quando somos tratados como iguais em situações diferentes, e como diferentes em situações iguais. (...) O combate à discriminação é medida fundamental para que se garanta o pleno exercício dos direitos civis e políticos, como também dos direitos sociais, econômicos e culturais”. No entanto, essas medidas, de caráter punitivo, não são suficientes para a implementação do direito a igualdade. “Isto é, para assegurar a igualdade não basta apenas proibir a discriminação, mediante legislação repressiva. São essenciais as estratégias promocionais capazes de estimular a inserção e inclusão de grupos socialmente vulneráveis nos espaços sociais.”
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