A Rosacruz e Portugal

Terceira Parte

A Rosacruz e  os Descobrimentos Portugueses

 

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CAPÍTULO VII

 

A ROSACRUZ, AS ARTES, AS CIÊNCIAS E AS RELIGIÕES

 

 

A religião, a arte e a ciência

 são os três meios mais importantes da educação humana…

Christian Rosenkreuz fundou a misteriosa Ordem Rosacruz

com a finalidade de derramar luz

sobre a mal entendida religião cristã,

 e para explicar os enigmas da vida e do ser,

sob o ponto de vista científico, em harmonia com a religião.

 

Max Heindel

Conceito Rosacruz do Cosmo

 

Uma das principais funções da Rosacruz é contribuir para cientificar as religiões, espiritualizar as ciências e unir as Artes, num cadinho entre o Amor, a Verdade e o Belo.

Vimos, parcialmente, como actuam os ensinamentos desta Escola de Pensamento, como são divulgados, muitas das vezes sob símbolos mais ou menos esotéricos, como influenciam as construções, numa união com o macrocosmo, na sua Beleza, Harmonia, Luz e Liberdade, como indicam o caminho mais estreito, porém, mais curto para a libertação da Humanidade.

Sendo Hirão, o símbolo do Sol, sendo o mais alto Iniciado dos Filhos da Luz, toda a Humanidade recebe um forte apoio para uma evolução mais rápida e segura.

Cabe a cada qual seguir, por si, o caminho, somos livres, mas responsáveis, cabe a cada povo uma missão a cumprir, se a não concretizar, retrógrada, podendo perder a sua razão de povo independente.

Portugal soube abrir as suas portas a varões ilustres, como reunir condições favoráveis para que Egos mais evoluídos aqui reencarnassem, o que contribuiu para ajudar a criar uma cultura universalista, libertadora, fomentando a união entre as artes, as ciências e as religiões o que ajudou à difusão da obra dos Filhos da Luz pelos cinco continentes.

Vemos tudo isso, nos sábios construtores das igrejas, dos conventos, dos monumentos, nas ciências e na vida ecuménica religiosa, rica em humanismo cristão, conscientes que Cristo veio para unir todas as religiões no Amor Fraterno.

Recebeu numerosas e benéficas influências de outros povos, alguns muito próximos, intimamente ligados, como no caso de Reis dos Condados de Aragão, de Castela e de León e assim por diante. Estes, por sua vez receberam membros de diversas escolas iniciáticas, mais ou menos relacionadas com a Rosacruz, oriundos de outros povos mais a Oriente da Europa e para além deste continente.

Foi um período em que a Luz brilhou, mais tarde ofuscado pelos fundamentalistas, pelos ditadores, pelos aduladores e outros senhores das trevas.

A Hora da libertação aproxima-se, sejamos canais da Luz, sejamos membros construtores de uma nova civilização, rica em humanismo cristão.

 

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Crisma Rosacruciano

 

Sabemos que o crisma é o monograma de Cristo, com as letras X e P, que são as primeiras da palavra grega de Cristo, XPistos.

Conhecemos numerosas formas de crisma que estão ainda conservados em monumentos, como em livros e outros documentos.

Vamos analisar um que está numa das obras do rei D. Afonso X, rei de Castela e de Leão, chamado, o Sábio, (1221-1284). Era filho de D. Fernando III, o Santo, e de Dona Beatriz da Suábia.

 

 

Este crisma surge no Mosteiro de S. Miguel de la Escalada, no caminho para Santiago de Compostela,

norte de Espanha como noutros locais. Desenho de Miguel Ângelo Medeiros de Carvalho

 

Subtilmente os Filhos da Luz disseram os seus ideais, colocando a simbologia rosacruz.

Vejamos: A, maiúsculo, da letra grega, Alfa; temos o sinal da letra grega, Ómega, minúsculo; o S, latino, e não o Sigma grego; por último, temos a letra  P  que é a 17ª letra do alfabeto grego, ou  seja, ró.

Analisando com mente aberta, eis: a palavra ROSA= P(R), O de Ómega; S latino e A  maiúsculo de Alfa.

O resto está bem visível, a CRUZ.

Por outras palavras; eu, Afonso X, sou um rosacruciano.

 

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CAPÍTULO VIII

D. DINIS, ROSACRUCIANO

 

Com clarividência, por meio de contactos e de acções mais ou menos sigilosos,

D. Dinis alicerçou a cultura universalista portuguesa,

para, a seu tempo, contribuir para a criação da Fraternidade Universal.

Ele é o Pamino lusitano, como sua Esposa Isabel é a Pamina.

 

 A Escola Trovadoresca Rosacruciana

A Escola poética da Arte de Trobar (1) teve origem na necessidade de comunicar por meio de linguagem com duplo sentido, por meio de alegorias, isto é, por meio de tropos, (2) como método de defesa dos fundamentalistas, dos tiranos, dos inquisidores. Isso sucedeu na Provença, França, onde a Escola Trovadoresca dinamizou uma cultura libertadora, de puro humanismo, algo ligada aos Cátaros ou Puros e aos Albigenses. Com o aumento das perseguições foram obrigados a refugiar-se nas Cortes de Reis Trovadores, de Castela e Leão, de Aragão e da Galiza e em Portugal.

Vemos trovadores em outros países; no século XII, na Alemanha, na Áustria, na Itália, na Sicília, em diversos ducados, nos países de expressão germânica, eram conhecidos por minnesingers, ou seja, os cantores do amor.

R. Wagner na sua ópera, Tannhauser, usou os trovadores, “ Iniciados da Idade Média” (assim, os chamou Max Heindel); eles cumprem a nobre função de libertar o seu amigo Tannhauser da Gruta de Vénus, por meio da música e da poesia amorosa trovadoresca o que exige sacrifício, mas que eleva, que fortifica cada ser humano.

Esta arte de trovar tinha os seus rituais iniciáticos, o poeta ao cantar o amor à sua dama, passava por provas, que incluíam a do fogo, como, no caso de Dante, um poeta trovadoresco, ou mais tarde, com Tamino e a Pamina de Mozart, na sua ópera, a Flauta Mágica.

Estes poetas do amor, cantado e sentido com pureza, seja perante a mulher de um amigo, ou a da sua dama, ou até por um ideal feminino, platónico, passavam pela prova da morte simbólica, iniciação, a partir da qual eram outros seres, mais espiritualizados e puros, nasciam de novo.

1)  Trobar, palavra da língua d’oc, usada pelos trovadores na França e noutros países, que tinha duplo sentido: investigar ou comunicar por meio de tropos.

2)  Tropos, palavras com sentido figurado, por vezes obscuro. Esta linguagem foi usada por Dante, há várias passagens das suas obras em que foca esta realidade: não deve ser interpretado literalmente; como em outros poetas. Camões usou a metáfora com mestria, informando que a interpretação dos seus versos, dependia do Amor de cada qual.

 

É na corte do sábio rei D. Afonso X, de Castela e Leão, (Toledo, 1221- Sevilha- 1284) que a arte de trovar ganha mais profundidade, graças à sua riqueza espiritual, cria a arte de comunicar em quadras com versos de 7 sílabas, note-se o número escolhido, símbolo das sete virtudes, etc.

Estamos perante um dos maiores trovadores na língua galaico-portuguesa. Será neste idioma que os poetas das diversas cortes régias reinantes neste século iriam trovar, o que permitiu mais intercâmbios e uma maior divulgação.

Entre os principais documentos surgem: o Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Vaticana, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, o primeiro destes foi compilado, com algum rigor, na corte de D. Afonso X, de Castela e Leão, que viria a ser o avô do rei D. Dinis. A ele se deve a primeira Crónica General de Espanha.

No Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa estão duas cantigas marianas de Afonso X.

Antes, porém, já existiam composições que seguiam a tradição oral, cantados por jograis, são as fontes de muitos sábios provérbios, em diversos povos; em Portugal, terá sido João Soares de Paiva, nascido em 1141, que começou a trovar por escrito, nos tempos do rei D. Sancho I.

É interessante lembrar que os franciscanos, também eles, portadores de uma filosofia de base rosacruciana, panzoísta, consideravam-se como os jograis de Deus.

Quanto às composições, existentes nos Cancioneiros focados, elas foram emitidas em diversas cortes desde a de Fernando III, o Santo, de D. Afonso X, o Sábio, de D. Dinis, até outras, como ainda com o seu filho, D. Pedro, Conde de Barcelos.

Voltando à Alemanha, não podíamos deixar de focar o grande trovador Wolfram de Eschembach, séculos XII e XIII, que se reunia na famosa corte de Hesse, Turíngia, pátria de muitos rosacruzes, em cujo castelo viveu o pai daquele que seria Christian Rosenkreuz. A este trovador se deve a criação, de novo, do velho tema do Cálice, do Graal, símbolo do amor puro, do que bebe a Verdade.

Contudo, para os verdadeiros trovadores, o tema do amor como fonte de inspiração e de elevação espiritual, era o centro das canções, sejam as de Amigo, ou as de Amor. D. Dinis defendeu a arte de trovar, seguindo estas linhas mestras e não as de um bucolismo primaveril.

Todavia, pensamos que, por meio de sábia contemplação estética da Natureza, se pode elevar os níveis do amor.

Também, as cantigas de escárnio e maldizer cumpriam a sua missão de comunicar a verdade sobre o carácter de pessoas vis e mesquinhas.

Vemos, assim, que, ao longo deste período medieval, a cultura recebeu forte impulso, graças a reis e a outros trovadores, com mente aberta, livre, ecuménica, cheios de amor e de sabedoria, em cujas cortes foi possível cultivar as artes e até as ciências, contribuindo para o progresso evolutivo da Humanidade, muito embora todas as perseguições que estavam sendo efectuadas pela Europa, tendo como origem as mentes inquisidoras dos anti-humanistas, dos anticristãos.

D. Dinis além das canções, compunha ainda, chegaram até nós, pelo menos 7 composições musicais.

 

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D. Dinis e Sua Esposa, Rainha Santa Isabel

 

Estes dois monarcas deixaram uma obra de grande valor. Pouco importa o que levantaram sobre o carácter de D. Dinis, não seria de admirar, pois este monarca esteve ao lado dos mais fracos, da justiça, da fraternidade, da liberdade, da cultura, em sua Corte brilharam as artes e as ciências, como a liberdade de expressão. Por isso, mais tarde, os cristãos-novos prestaram, para ambos, uma grande admiração e gratidão, ao ponto do processo para a canonização de Isabel de Aragão, (1271-1336) filha de D. Pedro III, rei de Aragão e Sicília, onde rosacrucianos foram recebidos, tal como na corte de seu caro esposo, D. Dinis, (1261-1325), ter sido movido subtilmente pelos marranos de Coimbra, inspirando-se no milagre das rosas da rainha Santa Isabel da Hungria, sua tia. O pão transmutar-se em rosas, trata-se, no fundo, de uma alegoria sobre o serviço amoroso, caridade, produzir aromas anímicos, traje de rosas, virtudes espirituais.

Porém, os marranos, ao venerarem Santa Isabel, estavam adorando a Ester, profetiza hebraica; como, em trabalho de conjunto, D. Dinis e Sua Esposa e os marranos, divulgaram o culto ao Espírito Santo que teve Tomar como grande centro. Tomar da Ordem do Templo, perseguida pelos inquisidores, magistralmente mudada para Ordem de Cristo, graças à sabedoria e ao amor de D. Dinis, ajudado por Sua Esposa.

 Antes da emissão da bula de 15 de Março de 1319, pelo papa João XXII, já D. Dinis tinha, sob seu poder, os valores da Ordem dos Templários.

Graças à sabedoria dos membros da Ordem do Templo, se formou a base para que Portugal pudesse cumprir a sua missão de “ dar novos mundos, ao mundo.” De cavaleiros em Terra, iriam ser os do “ oceano”.

Vejamos o símbolo da Ordem de Cristo:

 

Foto tirada, em 2006, no exterior do Convento de Cristo

 

Podemos ver que cada ângulo do triângulo, na extremidade de cada braço da cruz, terá 45º: somando os 8, temos 360º, ou seja, o círculo, símbolo da Fraternidade, do Sol, da Vida que parte de um ponto, que envolve a cruz, qual rosácea, fonte de luz.

Note-se que, em diversos locais, existe uma rosa no centro da cruz da Ordem de Cristo, símbolo que iria correr mundo, nas caravelas, levando a luz do puro cristianismo.

Observando sob outro ponto de vista, numa continuação de análise geométrica, vemos que a cruz forma um octógono, no símbolo acima focado, os espaços entre os braços da cruz não estão correctos, pelo que pode dar alguma visão algo errada. Ora, o polígono de 8 lados é o dobro do quadrado, como somando mais 4, temos 12, de novo, o círculo, os 12 signos do Zodíaco.

Voltando à rainha Santa Isabel. Sabemos que visitava os enfermos, não tão só em visita formal, mas como enfermeira, como médica, usando a sabedoria de Hipócrates, “que o teu alimento seja o teu medicamento”, ela indicava dietas, como defendia a higiene, seguindo os ideais e os ensinamentos rosacrucianos, curar os enfermos, ideal dos cristãos.

Lembremos que seu pai recebeu o médico rosacruciano Arnaldo de Vilanova, (1245-1312) que teve contactos com os franciscanos e o culto do Espírito Santo, que o tratou, recebendo, como recompensa, dar aulas na Universidade de Montpellier, onde estudaram Roger Bacon, outro rosacruz, e Raimundo Lullo. Nas suas viagens a Santiago de Compostela, Isabel ia como peregrina e para visitar a Escola de Iniciação que existia nesta lendária cidade, onde terá estado com Arnaldo de Vila Nova.

Por sua vez, seu amado esposo, D. Dinis, Rei Trovador e Príncipe da Paz, além da fundação da Universidade, primeiro em Lisboa, depois transferida para Coimbra, contactou com Raimundo Lullo, (1234-1314), com quem terá tratado sobre como remar até ao Oriente, seguindo a rota pelo sul de África. Dante, na sua obra, a Divina Comédia,  foca a existência do Cruzeiro do Sul (Purgatório I, VIII).

Enfim, vemos como o movimento trovadoresco, como o científico, como o artístico estavam intimamente ligados à filosofia rosacruciana.

Face ao exposto, não será de admirar que Dante colocasse D. Dinis no Sexto Céu do Paraíso, enquanto os inquisidores e outros ficaram pelo inferno.

Também concluiremos como o poeta António Ferreira: ...Grande Diniz, Rei nunca assaz louvado/ Outros foram numa só coisa excelentes/ Este com todas enobreceu seu estado/Regeu, edificou, lavrou, venceu/ Honrou as Musas, poetizou e leu.

 

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CAPÍTULO IX

 D. João I e Dona Filipa de Lencastre

 

Desejamos ardentemente uma sociedade

 na qual “ todo o ser humano se sentará

debaixo da sua parreira ou da sua figueira,

e nada o oprimirá”.

 

Max Heindel

(Conceito Rosacruz do Cosmo)

 A Renovação do Movimento Rosacruciano

 

Tal como desde a formação de Portugal até ao rei D. Dinis I muito aconteceu, mais ou menos valioso para Portugal como para a evolução da Humanidade; do mesmo modo, também, desde o Rei Trovador até ao da Boa Memória, quanto não sucedeu com numerosas ligações, entre as quais ao movimento rosacruciano?

Estamos escolhendo os períodos das dinastias onde, em nosso ver, há mais dados sobre a ligação da Rosacruz com Portugal; em que houve uma dinâmica renovadora com mais vigor e profundidade.

Estamos, agora, no reinado do décimo rei de Portugal. Note-se que, se D. Afonso Henriques foi o primeiro, o número 1, da Unidade, do Princípio, D. João I, eis o nº 10, ou seja, o da Universalidade, de novo, a Unidade, na Sua constante evolução.

Estamos perante um rei que recebeu educação na Ordem de Cristo e que, aos 7 anos, é armado cavaleiro, Mestre da Ordem de Avis.

É eleito rei por vontade popular, estamos no século XIV, casa com uma dama inglesa, culta e virtuosa, Dª Filipa de Lencastre; entre os seus leais amigos, além do povo, dos artesãos, da burguesia, D. Nuno Álvares Pereira, 13º filho de D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira, note-se este número, 13, Mestre da Ordem do Hospital, cuja acção foi inigualável para a preservação da independência deste país, e ainda legisladores, como Dr. João das Regras e diversos cientistas.

Quanto à Ordem do Hospital a quem Portugal também tem alguma dívida, mais tarde, transformada em Cavaleiros de Rodes, ligada à ilha de Malta e que, com este Prior da Ordem, Flor da Rosa, a cerca de 2 quilómetros do Crato, é erigido o Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, poucos anos antes do nascimento do que seria o Condestável do Reino.

 Não se sabe ao certo onde terá nascido…, Cernache do Bonjardim defende que foi nesta bela vila do interior; por sua vez, Crato afirma que é natural desta histórica localidade, dado que o termo de Bonjardim se refere a uma quinta com esse nome que existiria por estas bandas; a crónica diz que Frei Álvaro apenas andou duas léguas do Crato a Bonjardim. Seja como for, considera-se que terá nascido a 24 de Junho de 1360, ou seja, no dia de S. João Baptista, o anunciador, aquele que veio com uma missão muito elevada de anunciar o Messias, o Salvador, e de o baptizar. Viria a nascer para os mundos menos densos, no dia 1 de Novembro de 1431, no dia de Todos-os-Santos.

Bem, tenha nascido num local ou noutro, viveu alguns tempos em Flor da Rosa com o seu pai. Aos 13 anos está na Corte.

Cedo começa a sua educação em diversas áreas, espirituais e temporais.

Símbolo da Rosacruz, no Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa.

Foto do Autor, 1972.

 

É uma prova documental da dinâmica dos construtores e dos iniciados desta Escola em diversas localidades de Portugal.

É certo que devido ao facto do sucessor do pai do Condestável, Álvaro Gonçalves Carmelo, ter ficado ao lado de Castela, deu lugar não só a que D. João I o demitisse, como, durante o seu reinado, Flor da Rosa tenha ficado algo olvidada.

A realidade é que a Ordem de Malta aqui deu seus frutos para bem da Humanidade, embora, como em todas as organizações existam sempre partes negativas.

Depois das Cortes de Coimbra, em Março de 1385, onde João das Regras e Martim Afonso se destacam na defesa legal de D. João, como legítimo herdeiro da coroa lusitana, foi deliberado ainda a criação do Conselho do Rei, composto por 10 membros, escolhidos em todas as classes, eis a democracia a funcionar em Portugal, num Conselho onde pelo seu número teria de viver a unidade.

A 6 de Abril de 1385 é nomeado Rei, cargo que ocupou até que nasceu para o santo etéreo monte, na sua terra natal, Lisboa, em 14 de Agosto de 1433. Afinal, missão que lhe estava já destinada pelo Governo Cósmico, ou os Seus Ministros verdadeiros não soubessem das suas qualidades adquiridas em vidas passadas.

Por isso, Camões, poeta rosacruciano, escreve em os Lusíadas, Canto IV, 3:  Ser isto ordenação dos Céus divina….Portugal, Portugal, alçando a mão/ Disse, pelo Rei novo, Dom João.

Movido pelos ideais de humanismo cristão D. João I cria a célebre Casa dos Vinte e Quatro onde estavam representados dois membros oriundos de cada um dos ofícios, a qual seria dissolvida no reinado de D. Manuel I, em que os valores da pessoa humana começaram a declinar.

Sua gratidão para com o povo que tanto o ajudou a ser rei, como estava sempre a seu lado, está reconhecida na forma como ouvia a voz popular, que é a voz de Deus, nas Cortes, como na administração algo descentralizada.

Em sua Corte havia trabalho de grupo, confiança nos seus colaboradores a quem lhes dava responsabilidade e poderes para serem exercidos para bem de todos.

Ao mesmo tempo que tirava poderes aos nobres e a algum clero, que vivia do trabalho dos outros, apoiava a Universidade, os que tinham conhecimentos reais que serviriam para o progresso do país.

Se juntarmos a estes factores, a moralização da Corte graças ao exemplo e à dinâmica de sua esposa, bases para o desenvolvimento do país, como para a educação e formação integral dos seres humanos, eis que tudo isso vai reflectir-se em seus filhos, a chamada  ínclita geração, altos infantes.

Em 2 de Agosto de 1460 promulga o seu decreto régio em que o tempo passa a contar-se pela Era de Cristo e não pela era de César, um golpe para o segundo império, um passo para o Quinto, assim desde então passam os documentos a ser assinados pelo ano 1422, da Era de Cristo e não 1460 da era de César.

Afinal, aquele ser que, desde pequeno mais ou menos passou despercebido, era, como disse Fernando Pessoa (escreveu um belo poema sobre Christian Rosenkreuz): Mestre, sem o saber do Templo, sim, do Templo Invisível que dirige omniscientemente, mas que nos dá livre-arbítrio para escolher.

Quanto a Dona Filipa de Lencastre, Pessoa chama-a de Princesa do Graal.

Sim, do seu ventre nasceram seres com nobres missões universalistas, construtores do Quinto Império.

 

As armas de D. João I, no Mosteiro da Batalha.

Foto do Autor, 1982.

 

Podemos ver além das cinco quinas, com as cinco chagas de Cristo, a cruz da Ordem de Aviz, a que pertencia, e 10 castelos, a Unidade.

Embora esteja nas Capelas Incompletas, na área manuelina, contudo D. João I simboliza o Universalismo do V império.

Deviam ser as suas armas ali colocadas e não as de D. Manuel I, onde se alicerçaram as trevas na cultura universalista lusíada.

 

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Mosteiro da Batalha

 

Mandado erigir pelo Rei D. João I, em cumprimento de um voto, nele estão sepultados os seus restos mortais, como os de sua esposa e filhos.

 

 

Fachada Oeste do Mosteiro da Batalha, cheio de símbolos esotéricos. Foto do Autor, 1989.

 

Mais um monumento considerado pela UNESCO, como Património Mundial, desde 1983.

 

 

 

Cúpula da Capela do Fundador do simbólico Mosteiro.  Foto do Autor, 1989.

 

Cúpula da abóbada octogonal da Capela do Fundador do simbólico Mosteiro. Aqui está uma rosácea, composta por 8 estrelas menores, com 8 pontas cada uma, e uma maior, ao centro, com 16.

Multiplicando o número das estrelas menores, 8, pelo número das suas pontas, temos 64, cuja soma de algarismos é igual a 10,a unidade, o décimo rei de Portugal.

A soma das 16 pontas da estrela maior é: 1+6=7, ou seja o número cabalístico cristão, pleno de misticismo esotérico, ligado ao actual símbolo rosacruz.

Analisando os túmulos, vemos que os seus sábios construtores, filhos da Luz, sabiam das ligações ao movimento rosacruciano.

No túmulo do infante D. Henrique foram inseridas rosas, indicando a sua filiação espiritual.

 

Eis a Cruz da Ordem de Cristo, no Claustro Real, de D. João I

Foto do Autor, 2006

 

 

 

A Luz sobre a Cruz da Ordem de Cristo, no mesmo Claustro - Batalha

Foto do Autor, 2006.

 

 

Caracol. Foto do Autor, 2006.

 

Um dos elementos decorativos com sentido oculto, o caracol com a sua casa em forma de espiral, tal como a vida se manifesta, em todos os aspectos e ondas, incluindo na humana.

Símbolo da morte e do renascimento, ligado à Lua que aparece e desaparece, num eterno retorno, enquanto a Humanidade estiver ligada a estes ciclos.

Note-se ainda que na primitiva escrita egípcia, os hieroglíficos, a espiral, símbolo geométrico da evolução da vida, era representada por um caracol.

 

 

Brasão que é bem visível à entrada pela porta Oeste, eis 5 rosas. Foto do Autor, 2006.

 

O resto cada qual investigue.

 

Composição simbólica na qual figura o escudo português e a cruz da Ordem de Avis

Foto do Autor, 2006.

 

Sobre a porta do lado Sul, uma figura simbólica, recentemente restaurada, o que representará? Bem, está sobre uma base que assenta sobre o escudo português e a cruz da Ordem de Avis.

 

O túmulo do fundador e de sua esposa.

Foto do Autor, 2006.

 

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