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Nota do Editor

Max Heindel, o Místico Cristão

 

Do Boletim “Ecos da Rosa Cruz”, de 10 de Outubro de 1913, extraímos a seguinte mensagem de Max Heindel:

“Por nada devemos pôr a mim e a minha esposa sobre um pedestal. A nós não corresponde esse lugar, não tendo privilégios sobre os demais. Todos têm a mesma oportunidade de trabalhar e por intermédio do trabalho temos o único caminho que conduz à grandeza. Mas não importa quão eficiente somos para o Serviço, pois se nos vangloriamos com nossos feitos, conquistamos somente a nossa efêmera glória pessoal. Não reconhecemos outra direção a não ser a de Cristo, e abaixo Dele a direção dos Irmãos Maiores, pois Eles não são Mentores que comandam, mas, sim, Amigos que aconselham. Nós trabalhamos para remover os blocos de pedra que dificultam o Caminho da Humanidade. Isto se pode fazer da melhor maneira, seguindo a Obra iniciada pelos Irmãos Maiores.”

Mary B. Lyon, Irmã Probacionista, que colaborou com Max Heindel e sua esposa, assim se expressou:

... Para o mundo em geral, Max Heindel foi um pensador, pesquisador e um famoso Instrutor de Misticismo. Muitos, em todas as partes do mundo, receberam suas primeiras impressões do ocultismo por meio dele. Para aqueles que tomaram parte em seus Cursos por correspondência, tanto Estudantes como Probacionistas, ele era o nosso Mestre, autorizado pelos Irmãos Maiores, para introduzir-nos nos Mistérios da Filosofia Rosacruz.

Porém para nós, que fomos privilegiados em poder viver na própria Sede Central, em Mt. Ecclesia, ele era mais que tudo isso; era um homem todo bondade, o amigo, o servo de todos, o Mestre, o Irmão Iniciado. Ele era o exemplo vivo de seus ensinamentos.

Por mais que o solicitava a multidão com perguntas curiosas, era para os que buscavam ajuda que ele se dirigia como uma verdadeira fortaleza, uma torre firme e orientadora. Sempre carinhoso e amável! Era homem de poucas palavras, porém os que necessitavam ajuda, recebiam sempre respostas categóricas e cheias de convicção as quais deixavam plenamente satisfeitos seus interlocutores. Ele era um dos nossos e também amava muito Mt. Ecclesia. Sempre o mais considerado de todos, sempre servia quando necessário.

Foi um trabalho duro abrir os primeiros caminhos em Mt. Ecclesia. Arbustos de espinho cobriam a terra quando iniciaram-se as primeiras construções. Nunca faltava o necessário. Os auxiliares que chegavam, muitas vezes falhavam, em suas provas; não estavam preparados, todavia.

Quando a bomba do vale não funcionava, então Max Heindel fazia esforços caminhando com seu pé paralisado, devido a um acidente sofrido na infância, e sua defeituosa circulação, descendo 235 pés, para fazer o conserto necessário e evitar que Mt. Ecclesia carecesse de água. Se o automóvel enguiçava, lá ia Max Heindel para ajustá-lo, deitado no chão, debaixo do carro. Mais tarde teve que atuar como mecânico gráfico, pois não se encontravam mecânicos competentes por causa da guerra.

Há tempos atrás o encontrei no refeitório, com capacidade para cinquenta pessoas, com um balde e um secador de pisos, fazendo faxina. Ele não desejava este trabalho para as mulheres enquanto houvesse um homem que o pudesse fazer.

Ele foi o arquiteto de nossos edifícios e muitas vezes, quando faltava algum operário, lá estava ele lançando telhas aos que trabalhavam acima. Amava essas montanhas e outeiros. Os cabos nevados de Baldy e São Jacinto, o majestoso Pacífico com seus cambiantes matizes de pôr de sol.  Era uma só alma e espírito com seus companheiros e jamais poderemos esquecer suas considerações para com todos e o radiante sorriso que nos brindava. Como era bela sua potente voz de baixo quando entoava canções e hinos!

Poderá algum de nós esquecer a cena da noite de Natal, assim como a vigília que a seguia? Como era feliz e afetuoso com todos! Max Heindel contava e todos desfrutavam admirados sua melodiosa voz, rítmica e rica; seus contos e suas anedotas cheias de espirituosidade e simpatia. No ano novo tínhamos uma pequena festa. Era Max Heindel sempre o mais alegre, aplaudindo cordialmente os esforços dos demais, estando sempre pronto para fazer a sua parte e tratar de fazer a festa o mais agradável para todos.

Sua presença física nos faz muita falta; porém ele, todavia é nosso Mestre e evocamos sua voz; recitando seu poema favorito: “A Morte não existe”.”

Nos dez anos que Max Heindel viveu para iniciar esta grande Obra para os Irmãos Maiores da Rosa Cruz, ele deu ao Mundo numerosos livros como geralmente é dado ao longo de uma vida inteira por um ilustre autor. Suas produções foram muitas entre lições, conferencias e livros, que este inspirado homem deixou como herança para o nosso atribulado mundo:Conceito Rosacruz do Cosmos; Mistérios Rosacruzes; Cristianismo Rosacruz; A Teia do Destino; Ensinamentos de Um Iniciado; Coletâneas de Um Místico; Maçonaria e Catolicismo; Cartas aos Estudantes; Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas (I e II); Mistérios das Grandes Operas; Filosofia Avançada; Princípios Rosacruzes Para a Educação Infantil; Como Conhecermos Cristo em Sua Volta? ; Interpretação Mística do Natal; Interpretação Mística da Páscoa; Astrologia Cientifica Simplificada; Mensagem das Estrelas Astro diagnose; Iniciação Antiga e Moderna; Princípios Ocultos de Saúde e Cura; O Cordão Prateado e os Átomos Sementes; Arquétipos; O Corpo Vital; O Corpo de Desejos; Os Mistérios da Bíblia.

Max Heindel sofreu constantemente devido a, uma lesão sofrida quando menino na perna esquerda. Um número de cirurgias desprovidas de sucesso removeram algumas veias e artérias de sua perna, interferindo amplamente com o fluxo circulatório ao longo do corpo. Mais tarde ele desenvolveu um transtorno cardíaco de ordem valvular. Todavia, estava abençoado com uma indomável vontade e grande energia, e nunca permitia que a limitação física interferisse em seu trabalho pela humanidade. Ele tinha uma mensagem a dar as almas cansadas do mundo e nada deveria interferir.

Muitas de suas lições, cartas e livros foram escritos enquanto recostado na cama, após passar noites de sofrimento. Porém o mundo não sabia. Sua fiel esposa protegia-o e escudava-o, estando sempre disponível a assisti-lo e encorajar-lhe. Estas duas almas enfrentaram muitos dias sombrios juntos, porém silenciosamente felizes, sabiam que eram os instrumentos pelo qual uma grande mensagem era dada ao mundo.

Era impressionante como Max Heindel realizava seus melhores trabalhos logo após cada severa crise. Parecia que ele estava mais próximo de seu Mestre e em estreita sintonia com os Mundos Espirituais.

Num corpo sensível e com muito pouco dinheiro, Max Heindel e sua corajosa e leal esposa desenvolveram o trabalho pioneiro em Mt. Ecclesia, Oceanside, Califórnia, de onde os Ensinamentos Rosacruzes foram distribuídos e irradiados através de todo o nosso planeta.

Os Ensinamentos se difundiam numa grande corrente – seus livros foram traduzidos e impressos em vários idiomas, suas lições por correspondência eram enviadas a diversas partes do mundo, e grupos foram formados em muitas das grandes cidades – mas o trabalho no plano físico para este grande Mensageiro, estava chegando ao fim.

Seu coração havia sofrido muito, por tantos que lhe corresponderam mal; tantos nos quais havia depositado sua confiança. Assim foi como seu frágil corpo cedeu, sob a demasiada pressão, por excesso de trabalho.

Sua companheira tinha sido bem treinada para dar continuidade ao trabalho no plano físico e um grande trabalho aguardava Max Heindel nos planos espirituais. Ele estava consciente de que seus dias eram poucos, e preparou seu trabalho de forma que quando fosse chamado para um trabalho maior nos planos superiores, sua esposa poderia prosseguir sem ele.

Seus últimos dias de vida no plano material foram muito felizes e cheios e plenos de paz, compartilhados com a Sra. Heindel em Mt. Ecclesia.

Após o almoço , no dia 6 de janeiro de 1919, sua esposa dirigiu-se ao seu escritório para finalizar algum trabalho na direção de várias secretarias. Por volta das quatro horas da tarde, Max Heindel que havia redigido uma Carta ao agente local dos Correios, levou a carta ao escritório de sua esposa para sua aprovação, pois ele nunca fazia qualquer mudança ou iniciava algum projeto novo sem consultar sua parceira de fé.

Enquanto sua esposa lia esta carta, Max Heindel, que estava em pé ao seu lado, caía lentamente sobre o piso. Porém ele não tombou diretamente como geralmente se dá. Ele caiu suavemente, como se mãos amorosas tivessem o envolvendo e deitando-o ternamente.

Olhando serenamente para sua esposa, ele pronunciou sorrindo suas últimas palavras, que foram: “- Eu estou bem, querida!”, passando ao Oriente Eterno.

Com estas amorosas palavras em seus lábios ele passava ao Grande Além, onde havia através de sua devoção a deus e à humanidade preparado um grande trabalho com um Grupo de Auxiliares Invisíveis, através dos quais o Trabalho Espiritual de Cura é efetuado.

Chegou ao fim o trabalho de Max Heindel? - Absolutamente que não! O trabalho especial de Cura através dos Auxiliares Invisíveis, no qual a Invisível e Espiritual Ordem dos Rosacruzes está interessada, está sendo efetuado. Max Heindel foi assegurado por seu Mestre como o instrumento através do qual um grande movimento estava sendo inaugurado; um movimento que tinha uma missão especial: fazer do cristianismo Esotérico um fator vivo sobre a Terra.

A 6 de janeiro de 1919, quando Max Heindel passou ao Além, foi quando com a ajuda de alguns leais Irmãos Probacionistas, a Sra. Heindel continuou dirigindo todas as atividades esotéricas da Fraternidade Rosacruz, usado o nome “The Rosicrucian Fellowship”, estabelecida por Max Heindel em 1908 com os mesmos emblemas, insígnia e lema.

De janeiro de 1919 em diante, com a ajuda dos Irmãos Probacionistas, a Sra. Heindel continuou a conduzir as atividades esotéricas da mesma forma estabelecida por Max Heindel.

Em 25 de dezembro de 1920 foi inaugurado o Templo de cura, antes de terminar a segunda década do século XIX, sendo construído com o exclusivo propósito de concentrar e proporcionar meios mais poderosos para a cura das doenças. As reuniões de Cura são celebradas neste lugar sagrado em horário determinado, todos os dias, pelos Irmãos Probacionistas que consagraram suas vidas a este trabalho e são assistidos e ajudados pelos Irmãos Maiores, que utilizam Mt. Ecclesia como um ponto de foco e de concentração. Acrescente-se a isto o trabalho amoroso dos Auxiliares Invisíveis. A força de Cura gerada na Ecclesia tem fortalecido a eficiência do trabalho dos Auxiliares Invisíveis, de tal forma que as curas efetuadas são frequentemente quase milagrosas e este trabalho de cura estende-se por todo o globo.

O Templo está situado sobre um monte santificado – Monte Ecclesia -. Não só Max Heindel, mas também os Irmãos Maiores o visitam periodicamente, ainda que invisíveis aos olhos físicos. O Amor e as Bênçãos mantêm viva a semente plantada por eles. O Templo se ergue solitário, cercado por roseirais, pequenos arbustos e palmeiras. Dentro deste glorioso Templo existem elos afrescos pintados, que representam os doze signos do Zodíaco. No Centro de sua ampla cúpula há um grande cristal colorido através do qual nas noites de lua Cheia uma poderosa luz derrama sua mística beleza. Como todos os Templos solares seu portal está voltado para o Oriente. No extremo ocidental do recinto está nosso emblema velado, aberto apenas durante as reuniões de Serviço.

“Mesmo que as realizações até agora foram impressionantes, o maior trabalho da Fraternidade está por vir. Mais e mais chegarão à procura de vossa ajuda e guia, e serão legiões de nomes. Tentarão toda oportunidade e esgotarão todos os recursos, porém a necessidade do homem é a oportunidade de Deus. O misticismo é a única resposta ao materialismo. Isto foi claramente demonstrado por gerações. Com nossas mentes dedicadas à verdade; com nossos corações fortalecidos pela fé simples e nossas mãos ocupadas num trabalho útil, pregamos, não apenas por palavras, mas por meio do exemplo. Quando um arquiteto planeja uma formosa catedral, primeiramente constrói o modelo, não apenas para testar seus planos como também para revelar mais claramente suas ideias aos outros. Centros de cultura espiritual, semelhantemente, são estabelecidos conforme a especificação traçada pelo dedo do Grande Arquiteto do Universo. No solo nativo da Califórnia, foi edificada Mt. Ecclesia, este Centro Público, uma miniatura de um mundo melhor, da aspiração espiritual humana.”

- Manly P. Hall

Max Heindel teria abandonado seu nome de batismo – KARL LUDWIG VON GRASSHOFF- e adotado o simbólico nome de MAX HEINDEL, por inspiração superior, pois o simbolismo deste novo nome convergia com suas aspirações espirituais.

Odin ou Wotan, o supremo deus dos antigos povos escandinavos, exerceu uma notável influência na cultura dinamarquesa. Segundo H. R. Ellis Davidson , “depois dos grandes deuses ( Odin, Tyr, Thor, Freya e Loki), a figura de entre os habitantes de Asgard que desperta uma maior impressão no leitor dos mitos nórdicos é HEIMDALL, O deus branco. Conta-se que está sentado ao lado da ponte do arco-íris a guardar a porta dos deuses dos assaltos dos gigantes e dos monstros. Permanece de vigia incansavelmente, uma vez que necessitava dormir menos do que um pássaro, e o seu ouvido é tão aguçado que consegue detectar o som da erva a crescer na terra, ou da lã a desenvolver-se no lombo do carneiro. HEIMDALL traz consigo um chifre com que avisará os deuses quando o Ragnarok estiver iminente; soprando nesse chifre produz um som tão poderoso que é ouvido em todos os mundos”.

KARL LUDWIG VON GRASSHOFF encontrou em HEIMDALL o simbolismo que convinha à realização de seu Ideal, e então, ao iniciar sua nova fase evolutiva, adotou o nome desta divindade, alterando um pouco a sua construção, transformando o M em N, o A em E suprimindo um dos L finais, passando a chamar-se e a assinar suas obras com um novo nome: MAX HEINDEL.

Era seu íntimo desejo tornar-se o mais sensível possível ao Poder Divino, a fim de obter sabedoria espiritual e terrena que pudesse compartilhar com todos os seres humanos que estivessem necessitados deste Saber para avançar em sua ascensão espiritual, e em verdade realizar sua mais cara aspiração.

CARTA 97

ÍNDICE

Nota do Editor

EPILOGO

 

Max Heindel

Bibliografia

 

 

Cartas aos Estudantes

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Atualizado em 23 de maio de 2012

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