XVIII

 

PÉTALA  III

 

OS BENS TERRENOS

 

“...o ser humano é escravo de tudo o que,

        por inconsciente ironia, chama de “minhas posses”,

quando, em realidade, são elas que o possuem.

Bem disse o sábio: São os bens que vão montados

 e  cavalgam sobre a Humanidade.”

Max Heindel

 

      Mas, o problema reside no dinheiro e nos outros bens terrenos? Ou ele está nos meios como os adquirimos e no modo como os usamos?

      Este nobre pensador, nobre de carácter e de descendência, tanto paterna como materna, mas que soube usar os bens terrenos para melhoria de toda a Humanidade, afirma, por outro lado, que “ a Fortuna é uma bênção para o seu possuidor se a usa para pensar altruisticamente e para ajudar os outros; contudo, se ela é utilizada com propósitos egoístas e opressivos será uma desgraça terrível.”

     Aqui, ele nos lembra os ensinamentos de Cristo, seu nobre Ideal, de que colhemos o que semeamos, no caso, se mal usamos os bens terrenos, além dos efeitos nefastos até para a nossa saúde, acabamos por colher, nesta vida, ou noutras seguintes, os ventos que semeámos, até que aprendamos a viver de acordo com as Leis Cósmicas. Neste caso, em outra vida, além de nefastos efeitos ao nível do cérebro, também os teremos na tiróide, e o fósforo não existirá! Nem a serotonina, e a Luz não haverá, com experiências dolorosas, que podem ser desde demência e outras; ou vida sem bens, numa pobreza imensa. Não se trata de vingança, isso não existe no plano cósmico, mas da existência de uma Lei que o próprio Einstein focou, afirmando que não somos verdadeiramente livres, estamos sujeitos à inexorável Lei da Causa e do Efeito.

     Mais uma vez, aprendamos com a mãe-natura.

     Basta reflectir um pouco sobre como é o processo digestivo!

     Quando ingerimos os alimentos; os sólidos, mastigando-os devidamente até os podemos beber; os líquidos, ensalivando muito bem, comendo-os, eles seguem até ao estômago que os recebe, trabalhando altruisticamente para o bem comum do todo organismo. Após cumprir as suas tarefas, o produto alquímico segue para o intestino delgado. Não fica com ele, egoisticamente! Se ficasse não só ele como todo o conjunto sofreria sérios problemas que levariam à morte global. No intestino delgado, esse produto, eis que recebe novas transformações, com a ajuda do fígado e do pâncreas, cooperação em trabalho de grupo, afim de o todo estar em harmonia e continuar vivo e activo, saudável. Após todo um trabalho maravilhoso e, como sabemos, absorvemos o que é necessário, e expelimos o resto, que irá ser alvo de novas transformações renováveis, o ciclo do azoto, etc.

   

XIX

 

     Daí que os bens, os produtos, devem circular de modo sábio, com simplicidade, sem alaridos, altruisticamente.

     Paremos um pouco. Basta de tanta desenfreada competição...Meditemos sobre o momento pelo qual todos temos de passar de novo, o nascimento para o “ santo etéreo monte”.

     Afinal, o que levamos? Sobre os bens terrenos que, por vezes, nos cavalgam, apenas 0, zero!!! Nem sequer o corpo físico, também  ele cá fica.

     Não será melhor aprendermos a viver de acordo com as sábias Leis Divinas?

     Ao longo da História, muitos seres humanos já aprenderam as lições desta pétala. Há poucos anos tal sucedeu com um empresário lusitano que, após uma vida de labuta e mais labuta, investir e mais investimento, foi de urgência para o hospital com forte esgotamento. Entre a vida e a morte, acabou, felizmente, por vencer. Meditou: afinal, o que andei a fazer, pensei nos empregados, nos seus filhos e esposas, nos seus problemas e nos de outras pessoas? Apenas nos bens terrenos...Estes são uma ilusão...

 

 

Base de uma casa, Castro, na Citânia de Briteiros, Guimarães, Portugal, habitado desde a Idade do Ferro.

Foto de D.D.C. em 1980.

Hoje, são ruínas.

O mesmo sucedeu com a cidade de Éfeso na actual Turquia, cuja foto foi inserida no livro Meditações de um Neófito, servindo para meditar que tudo o que é material, está cheio de ilusão.

Urge saber construir o nosso traje nupcial, o traje dourado, o pentagrama do símbolo Rosacruz, esse é imortal, espiritualizado, construído com o floria das 7 virtudes, especialmente, do Amor que nada deseja nem sequer um obrigado.

 

XX

 

Na Baviera, Alemanha, foto do autor, em 1991.

 

    Contudo, é nosso dever embelezar o meio em que vivemos, seja arquitectónico ou zona verde. Esse estado de coisas ajuda a cultivar a Harmonia, a admirar o Belo, desenvolve o nosso sentimento estético.

     Após a recuperação, a sua vida mudou radicalmente. Criou uma área para os filhos dos empregados, os que desejarem, cultivarem o artesanato, como os empregados, nas suas horas “livres”. Mais tarde, esta Escola viria a dar bons frutos, incluindo financeiros. Abriu uma Escola de Música para os que desejassem cultivar esta linguagem universal que se transformou numa  espécie de Academia de Música e tem feito intercâmbios com os nossos vizinhos de Espanha e assim por diante: ganhou uma família numerosa e todos os seus empregados, melhor poderão, assim, contribuir para a melhoria das empresas.

     Um dia um jornalista fez-lhe uma pergunta final: Que mensagem deseja dar às pessoas? A resposta: Que todo o mundo tenha consciência que nós apenas somos os responsáveis pelos bens que Deus nos entrega para os saber administrar para bem de todos. Na realidade, somos apenas “ fiéis depositários” que temos de aprender a usá-los com Amor e Sabedoria.

     Aqui está uma grande lição de humanismo cristão, para os cristãos, e, de humanismo, para quase todos. Ela encerra a solução de muitos problemas que nos afectam desde medos de assaltos, ódios, invejas, intrigas, guerras, manipulações, roubos, mortes, doenças e afins.

     Na célebre oração do Pai-Nosso que se focou na pétala anterior, está um grande ensinamento de Cristo sobre esta área: “ O pão nosso de cada dia nos dai, hoje.” Contudo, quem de nós vive de acordo com este Ideal?

     Os primitivos cristãos viviam em comunhão de bens; todavia, isso era de livre e espontânea vontade, reflectia o elevado nível espiritual destes nossos Irmãos, expressavam o seu Amor em obras e em verdade, com cooperação fraterna. Mas isso tem a ver alguma coisa com ideais de Marx?

 

XXI

 

     E quando é que chegaremos a esse nível? Depende de cada qual, cabe a cada um de nós seguir o seu caminho, sem nada lhe ser imposto, sem ódios ou guerras, mas com vivência da liberdade na fraternidade.

     Após estas análises, estes exemplos, concluímos que o dinheiro serve para circular, ele é um meio de intercâmbio natural entre as pessoas.

     Deve ter como origem o estudo, a investigação, o trabalho de acordo com a grande máxima de Cristo: “ o Maior de Vós será o Servidor de todos.” Ao invés, a desonestidade, a especulação, o parasitismo, são fontes de dor.

     Obter fortuna somente por meio do jogo, sem trabalho será Humanismo Cristão? Estará correcto? E quantas fortunas não têm sido perdidas em jogos, alguns considerados legais?

    Numa análise astrosófica e não só, as soluções residem no equilíbrio, harmonia, justiça amorosa, serviço, intercâmbio e honestidade.

    É tempo de deixarmos de ter o dinheiro debaixo do colchão, é tempo de o usarmos altruisticamente e não sob formas de caridadezinha, sejam elas religiosas ou agnósticas.

    Todo o mundo sabe que, se o sangue não circular livremente e parar em qualquer parte do seu percurso, devido a impurezas nas vias circulatórias, pois teremos sérios problemas de saúde, o sofrimento invadir-nos-á. Acontece o mesmo com o dinheiro, ele deve circular com pureza, por vias limpas, senão...

    Por isso, quando damos, há que o fazer com a direita sem que a esquerda o saiba. Quando damos, jamais nos devemos considerar como bons nem superiores aos outros; nem os que recebem se devem considerar como inferiores.

     Paremos de novo. Que espécie de civilização criámos? Alguns dão-lhe o nome de “ capitalismo selvagem”; outros, de “ neoliberalismo”. A realidade é que uns tantos, poucos são escravos de enormes fortunas e milhões e milhões morrem à fome e mesmo nos vários países ditos ricos, do chamado G7 ou G8?

     Chegámos ao ponto de deitar fora produtos alimentares excedentários ou com pequena calibragem, por vezes, nem sequer os colhemos, e, ao nosso lado, há quem tenha fome, como em países de outros continentes!!!

    Chegámos a um ponto de desenvolvimento tecnológico e não só que permite que todo o mundo possa viver com o pão de cada dia, viver dignamente, comendo o produto do seu trabalho honesto e libertador. E afinal, estamos como estamos!!! Muito se fala, e, embora muito esteja a ser feito de positivo; mas....é ou não é pouco, muito pouco?

     O que nos falta é conhecermo-nos melhor a nós mesmos e o real funcionamento do Plano Cósmico, trabalhando de acordo com as Suas Leis e não a nosso belo prazer.

     E se o não fizermos, a Natureza revolta-se, e isso já está acontecendo, somente em pequenos avisos, já grandes para quem os sofre, mas são ainda pequenos...face à Lei da Causa e do Efeito, perante a qual todos somos iguais.

     Só os cegos e surdos é que não vêem; metidos na couraça do nosso orgulho e vaidade, do poder efémero mundano, acabamos por nem sequer olhar para o lado!!!

     Mas...vamos todos ver e ouvir! É uma questão de tempo...

     Só que quanto mais cedo aprendermos as lições, menos dolorosas serão as provas.

     Todo o Mundo está inseguro e esta insegurança é fruto de não vivermos de acordo com as Leis Divinas.

     É Hora de mudança, de renovarmos. As lições são simples, embora difíceis...

     Tenhamos Esperança na criação de uma civilização muito melhor. Ela está à nossa frente. Depois do Inverno, vem a Primavera; depois da tempestade virá a bonança.

     Aprendamos a tecer o traje dourado, a estrela de 5 pontas, florindo as sete rosas, símbolo das 7 virtudes, na cruz.

     Eis o oiro que jamais os ladrões roubarão. Eis o elixir da Vida.

     Estamos na pétala dourada da rosácea da Flor da Esperança.

     Urge que cada qual, individualmente, cada Instituição, cada Governo, cada Organismo Supranacional, dêem muito mais valor à Cultura, no seu sentido lato, que abrange a formação de carácter, as artes, a defesa do meio ambiente, a saúde, o ensino,

as sãs distracções e assim por diante, onde tanto há que fazer, renovar, investigar e criar algo de novo.

     E porque não, compremos livros que sejam bons amigos. Um bom livro é um precioso bem.

NOTA:  No texto original, tínhamos a palavra “ invistam”. Entendemos que devíamos  retirá-la, não porque ela não tenha o seu valor, mas atendendo aos pontos de vista que estamos a defender, e com o devido respeito pelas pessoas que tenham outra forma de pensar, a palavra “ investir” está ou não algo ligada a assaltar, atacar, apoderar-se e assim por diante? Esta é a sua profunda significação. Todavia, todo o mundo sabe, que temos vindo a usar a terminologia, mais ou menos tecnocrata, de “ investir capitais”, no sentido de empregar, de aplicar. E, quer se goste ou não da nova terminologia, o que precisamos é de pessoas que saibam criar empregos úteis e libertadores, incluindo novas profissões.

 

 

EXCERTOS DO LIVRO "A FLOR DA ESPERANÇA", DE DELMAR DOMINGOS DE CARVALHO, Edição Hugin, Lisboa

Temas Rosacruzes

Diretório do Prof. Delmar Domingos de Carvalho

A Flor da Esperança : Capa, Introdução e Pétala I

A Flor da Esperança: Pétala III

A Flor da Esperança: Pétala X

A Flor da Esperança: Pétala XII

A Flor da Esperança: Pétala XVII

A Flor da Esperança: Pétala XXIII

A Flor da Esperança: Pétala XXX

 

 

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