Primeiro Centenário da Fraternidade Rosacruz
de Max Heindel
(1909-2009)
No século XIII um elevado instrutor espiritual, usando o simbólico nome Christian Rosenkreuz - Cristão Rosacruz -, apareceu na Europa para iniciar esse trabalho. Fundou a misteriosa Ordem dos Rosacruzes objetivando lançar uma luz oculta sobre a mal-entendida Religião Cristã, e para explicar o mistério da Vida e do Ser do ponto de vista científico, em harmonia com a Religião. Muitos séculos decorreram desde o seu nascimento como Christian Rosenkreuz, o Fundador da Escola de Mistérios Rosacruzes, cuja existência é por muitos considerada um mito. Todavia, seu nascimento como Christian Rosenkreuz marcou o princípio de uma nova era na vida espiritual do mundo ocidental. Esse Ego excepcional tem estado, desde então, em contínuas existências físicas, num ou noutro dos países europeus. Toda vez que seus sucessivos veículos perdem sua utilidade, ou as circunstâncias tornam necessária uma mudança de campo em suas atividades toma um novo corpo. Ainda mais, hoje em dia está encarnado. É um Iniciado de grau superior, ativo e potente fator em todos os assuntos do Ocidente, se bem que desconhecido para o mundo. Trabalhou com os alquimistas séculos antes do advento da ciência moderna. Foi ele que, por um intermediário, inspirou as agora mutiladas obras de Bacon. Jacob Boehme e outros receberam dele a inspiração que tão espiritualmente iluminou suas obras. Nos trabalhos do imortal Goethe e nas obras primas de Wagner encontramos a mesma influência. Todos os espíritos intrépidos, que se recusam subordinar-se a qualquer ciência ou religião ortodoxa, que fogem das escravidões e procuram penetrar nos domínios espirituais sem pretensões de glória ou de vaidade, tiram sua inspiração da mesma fonte, como fez e faz o grande espírito que animou Christian Rosenkreuz. Seu próprio nome é a corporificação da maneira e dos meios pelos quais o homem atual é transformado em Divino Super-homem. Esse símbolo, Christian Rosenkreuz ou Cristão Rosa Cruz mostra o fim e o objetivo da evolução humana, o caminho a ser percorrido e os meios pelos quais alcançará essa meta. A cruz branca, os galhos verdes da planta que a entrelaçam, os espinhos e as rosas vermelho-sangue, ocultam a solução do Mistério do Mundo: a evolução passada do Homem, sua constituição presente, e especialmente o segredo do seu futuro desenvolvimento. Este segredo, que se oculta ao profano, é revelado ao Iniciado tanto mais claramente quanto mais este se esforce, dia a dia, em construir para si mesmo a mais valiosa de todas as gemas, a Pedra Filosofal - mais preciosa que o diamante Kohinoor, mais preciosa ainda do que todas as riquezas terrestres! O símbolo recorda-lhe como a humanidade, em sua ignorância, malbarata a todo instante o autêntico material concreto que poderia usar na formação desse tesouro inestimável. Para mantê-lo firme e verdadeiro através de todas as adversidades, a Rosacruz se ergue ante ele como uma inspiração, como a gloriosa realização que espera aquele que suplanta, e aponta Cristo como a Estrela da Esperança, "os primeiros frutos", Que lavrou essa maravilhosa Pedra enquanto habitava o corpo de Jesus. - Max Heindel |
Os Rosacruzes
Por Delmar Domingos de Carvalho
Como sabemos, após diversas provas, Max Heindel foi o eleito para transmitir publicamente alguns dos ensinamentos dos Rosacruzes, que reverenciamos como Irmãos Maiores pelo factor do seu elevado estado evolutivo, em que ao longo de diversas vidas souberam servir com amor e humildade, dominaram as diversas artes e ofícios, e tudo para bem da Humanidade e para glória de Deus.
O arauto da cristalina Luz informa-nos sobre alguns dos rosacruzes, entre eles, Goethe, Paracelso, Coménio, Bacon, Shakespeare, Robert Fludd e outros.
Sobre Paracelso dedicámos um trabalho sob o título Paracelso e a Cosmobiomedicina, agora, vamos procurar derramar alguns dados sobre a sua obra e vida, designadamente no que elas encerram de ensinamentos rosacrucianos.
No Conceito Rosacruz do Cosmo, magistral obra de Max Heindel, que começou a escrever em 1908, com primeira edição, em 1909, em inglês, precisamente no mesmo ano da fundação da Fraternidade Rosacruz com o seu nome, este mensageiro foca o enciclopedista Goethe em diversos pontos.
Johann Wolfgang von Goethe aos 69 anos, pintura de Joseph Karl Stieler, 1828
Johann Wolfgang von Goethe
Sua obra abrange, além das inúmeras peças dramáticas, como o célebre Fausto, romances, contos, poesia lírica, cartas e descrições de viagens, bem como estudos de ciências humanas e naturais, onde
se destacam a
Teoria das cores e a Metamorfose das plantas |
Começamos por recordar a seguinte transcrição, cujo valor para todos os seres humanos é enorme, mas muito mais para os que se estão preparando, realmente, para o Discipulado, para Auxiliar Invisível Consciente:
O ser humano liberta-se de todos os poderes que encadeiam o mundo, quando obtém o domínio de si mesmo.
Goethe que, por muita dor e saber experimentado subiu ao cimo da montanha, dá-nos esta preciosa informação que todos devemos procurar colocar em prática em cada momento.
O caminho não é o dominarmos os outros; nem jamais nos deixarmos dominar seja por quem for, mas sim possuirmos o domínio de nós próprios pois só nessas condições podemos resolver devidamente os problemas, ajudar os outros, como só com esta elevada qualidade podemos ser Auxiliar Invisível consciente pois doutra forma a morte pode suceder. E isto porque quando alguém que já tem essa capacidade de poder deslocar-se a qualquer parte por meio do seu corpo-alma, veículo constituído por éteres superiores, graças a vidas de amor e humildade, fica ligado ao seu corpo físico por meio do cordão prateado. Ora, ao ir deslocar-se nesse veículo para ajudar alguém que sofre em outro lado, para poder estar presente em alguma reunião em que seja necessária a sua presença, no caso de surgirem problemas graves, gritos, ambientes tensos, muito emocionais, se perder o domínio de si mesmo, pois pode acontecer o rompimento do cordão e nesse caso dá-se a morte do corpo físico.
E mais à frente Max Heindel de novo foca Goethe, sobre outro aspecto de não menos valor: o saber morrer todos os dias.
Goethe, o poeta iniciado disse: “Quem não experimenta morrer e nascer para a vida, sem interrupção, sempre será um hóspede triste sobre esta terra infeliz.
E mais adiante afirma que nas obras do imortal Goethe como em outros rosacruzes está a influência mais ou menos subtil de Christian Rosenkreuz.
Voltando ao Capítulo onde está a afirmação citada em primeiro lugar, Max Heindel já lembrou Goethe, quando descreve o Primeiro Céu.
Aqui surgem as palavras do Arcanjo Rafael, no Prólogo no Céu, da sua obra genial, Fausto: O Sol na sua antiga harmonia ressoa no coro harmonioso das esferas.
Em sua obra Mistérios das Grandes Óperas, MH a propósito da ópera de Gounod com o mesmo título, Fausto, esclarece que esta se baseia na obra de Goethe, rica em simbolismos cósmicos, partindo de um mito, descreve a evolução da Humanidade.
A OBRA DE GOETHE
Estamos perante um manancial de trabalhos, todos eles de grande valor e que abordam numerosos temas, o que não será de admirar, pois ele foi um enciclopedista rosacruciano que viveu entre 1749 a 1832.
Passou por uma experiência de morte, prova para uma Iniciação Maior, e a partir daí há todo um caminho recto rumo à libertação.
Os seus conhecimentos vão desde jurisprudência, à música, ao teatro, poesia, pintura, desenho, tradutor, grafologia, astrosofia, botânica, geologia, anatomia, filosofia, meteorologia, etc.
Um bloco emitido pela Coreia do Norte, em 1982, comemorativo do 150º aniversario de sua morte.
Antes de analisarmos o seu Fausto, vamos ao seu poema, pleno de filosofia rosacruz, Die Geheimnise, Os Mistérios.
Trata-se de uma obra composta por 45 estrofes, com 8 versos cada uma o que dá um total de 360, ou seja o Círculo, a Roda, a Fraternidade, a Vida.
Goethe está-nos informando que só vencendo a besta interna, simbolizada no número 9, ou seja nas 45 estrofes; 4+5=9, podemos atingir a vivência na Unidade da Vida.
Goethe alerta-nos que não é fácil entender este seu poema; nem este, nem outras obras.
Estamos perante o caminho iniciático de Marcus, o candidato, que tem de passar por duras provas, entra num mosteiro, depois de passar por um portal em estilo gótico, este ligado aos construtores rosacruzes, a rosácea (ROSA), à entrada, por onde penetra a Luz, sobre a CRUZ formato da igreja, e porque o merece tem acesso ao seu interior dado que já tinha vencido a prova do domínio de si mesmo.
Já em seu interior avista 13 escudos pendentes, juntos a cada cadeira, no centro vê a Cruz com Rosas.
Finalmente, o candidato vê os 12 Irmãos, com o 13º, em seus trajes alvinitentes ornados com rosas nos seus cintos.
É interessante que Goethe escolhe a IX Estância para falar sobre as Rosas e a Cruz, dizendo e por fim perguntando:
Eis porém que um novo sentido o penetra,
Diante da cena que surge aos seus olhos:
As rosas enlaçam com força a cruz.
QUEM À CRUZ TERÁ UNIDO AS ROSAS?
O poeta indica-nos que só depois de alcançar as nove iniciações menores, simbolizadas também nas 9 Sinfonias do rosacruz Beethoven, alcança a libertação, preparando-se para a primeira grande iniciação.
De novo vamos até ao Fausto.
Goethe e a Lei dos Renascimentos:
Na Primeira Parte, na Noite, o Espírito afirma:
No oceano da vida e na actividade constante, subo e desço, vou e volto! Nascimento e morte. Mar eterno, tudo em mutação, na experiência da vida, no tear sonoro do tempo, vou fabricando os tecidos imortais, trajes anímicos divinos!
Por isso, o espírito é como a água, sobe aos Céus, está em estado tão subtil que não vemos; condensa-se para de novo descer e circular na Terra até que de novo sobe para lá ficar por uns tempos e voltar a descer.
Uma das cenas de Fausto, esculturas em Leipzig onde o poeta começou esta sua tragédia, ou melhor este drama cósmico. Foto de D.D.C. em 1997.
Outra cena desta obra.
Foto de D.D.C. 1997
Quase no final, na Batalha, Fausto afirma: Basta de Sonhos, a fama nada é, o que vale é a experiência.
Na realidade, tudo o resto é ilusão, o que importa são as nossas experiências, o saber experimentado, base para a sabedoria.
Por fim, no Epílogo, assistimos à morte de Fausto, a alma vai soltar-se do corpo, cai uma chuva de rosas sobre o chão, os perfumes etéreos vibram melodicamente. Sobe aos Céus após atravessar as regiões inferiores, ou seja, os mundos ais densos, onde vai deixando os invólucros usados no Mundo Físico,
O drama que começa no Céu, nele termina, com a ajuda da pura e bela Margarida, a sua princesa etérea, ele vai purificando-se na subida até merecer entrar nos Céus, nos planos mais subtis, do ciclo dos renascimentos.
Goethe como rosacruz era um universalista, detestava os nacionalismos, considerando-os como expressões de estupidez cultural.
Ele considerava-se como um filho do Universo, amante da Paz aconselha a seu filho a não participar ma guerra patriótica de 1806.
Analisando a sua letra, vemos que é como Mozart, um túmulo de silêncio, capaz de guardar segredos a sete chaves como têm de ser os altos iniciados e não só.
Quanto aos aspectos do seu tema astrosófico ele mesmo nos diz:
Voltei ao mundo em 28 de Agosto de 1749 quando tocava a 12ª badalada do meio-dia. O Sol estava no signo de Virgo… a Lua, cheia nesse dia, estava poderosa ainda por cima ia entrar em sua hora, deu muitos obstáculos.
A Lua estava em Piscis, em oposição perfeita com o Sol, mas em trino com Saturno e este em quadratura com Urano; era uma alma velha para o período em que de novo veio ao mundo.
Eis, algo sobre aquele que por muito ter sofrido, muito ter amado, muito ter experimentado, muito ter trabalhado, acabou por merecer a maior riqueza: a sabedoria, a Luz libertadora.
GOETHE NO TEMPO E NO ESPAÇO:
Um postal máximo sobre Goethe.
Estátua em sua honra, em Leipzig, foto de D.D.C. em 1997
Estátua em Viena, foto de D.D.C. em 1991.
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Os Mistérios (Die Geheimnisse) Traduzindo por Raul Guerreiro. Prefácio de António Monteiro.
Obras de Johann Wolfgang Goethe no Zeno.org em alemão
Obras de Goethe no Gutenberg Project
The Concurrence of Initiates—Max Heindel Quotes Goethe. Rays from the Rose Cross, Jan/Feb 2004
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